Silvana Espirito Santo
Clube da Escrita Afetuosa
2 min readMar 20, 2022

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Uma carta para você

Ei garota, como você dá conta? As vezes, quando mira o caminhar para frente olha de soslaio para o tempo. E esse caprichoso que chamamos de tempo, passa. E cura.
E esta carta é para o tempo futuro, para você em dezembro. Para relembrar os desejos para a nossa escrita. Mas antes, vou te relembrar o final de semana de 18 de março, uma sexta-feira, quando desci de Petrópolis para uma estreia de teatro no Rio. Mas aproveitei para ir ao RGI (Registro Geral de Imóveis). Para ficar um pouco com Miriam. Para dormir toda torta na cama da comadre Susana e Dindi-afilhado. Para, no dia seguinte, levar um queijo para a aniversariante Dona Jô, mãe da Patrícia. Para depois ver a Tia e a prima Deise. Voltar para casa. Mas para dar conta da vontade de estar um pouco com cada um, voltei no sábado já escuro.
Dirigi rápido. Em silêncio. Sozinha.
Quando cheguei na serra abri os vidros do carro para ouvir o som da mata, da noite viva da floresta.
Pensei na cartinha para você, para nós ali no futuro. Precisava entender dentro de mim o desejo de hoje para você amanhã.
Ouvi os grilos, o vento, os sapos e as pererecas. Outros animais noturnos desafiaram a atenção da estrada quase vazia.
Disse Shakespeare, “nós somos do mesmo tecido que são feitos os sonhos”.
O Clube, Eu, você, Ana, as pessoas.
Encontros.
Comigo, as histórias, os abraços, as saudades e os “eu te amo Dindinha”. A Tia perguntando quando eu voltaria.
Não estava só.
Eu e a estrada dentro da floresta. Eu e a floresta dentro de mim. Eu e você. Nosso sonho de enxergar e ouvir as histórias e a natureza.
Escrever.
E viver disso.
Chorei. Choramos.

03Fev22

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