Uma leitura aqui outra ali
Não tenho uma lista clara em minha mente dos livros que li e mais amei. Mas uma coisa que pude perceber durante essa busca em minhas lembranças e também na pequena estante de livros que tenho em casa é que majoritariamente leio e coleciono livros técnicos relacionados à culinária, fermentação e agroecologia. São pouquíssimos os títulos que destoam dessa linha.
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Cozinhar — Uma História Natural da Transformação esse foi um livro que me marcou bastante. Comprei ele quando comecei a trabalhar com culinária. Lá pelas bandas de 2015. Estava começando minha pesquisa sobre comida saudável e lembro que ao ler o livro fiquei intrigada como Michael Pollan falava sobre a relação da comida com a cultura e os elementos da natureza. Foi aí que comecei a olhar para a amplitude do comer como um ato saudável para o todo e não somente para o meu corpo.
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Em 2016 minha irmã me deu o livro “Sol e Chuva — Uma história de calor e encantos sob o sol e a chuva da Amazônia”. Ela contou que a escritora estava fazendo a divulgação em um espaço em Belo Horizonte e que quando ela passou e a escritora a parou para falar do livro, ela logo pensou em mim. Então resolveu comprar e me presentear. O livro ficou parado por anos na estante porque minha prioridade era ler livros técnicos relacionados ao meu trabalho. Ano passado resolvi pegar o livro pra ler, queria uma leitura diferente pra desanuviar a cabeça. Um mundo se abriu pra mim. De repente parei e me perguntei: Porque eu não leio estes tipos de livro? É tão fascinante e intrigante! Desde então estou sempre lendo algo fora do meu mundo de trabalho e tem sido muito rico pra mim.
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Tudo é Rio. Esse livro foi uma questão pra mim. Comecei a ler e senti um incômodo gigante, ao mesmo tempo uma curiosidade me consumia. Eu não queria parar de ler. Fui lendo o livro como se devora um prato de comida quando se está morta de fome, sem nem sentir o sabor. Terminei e fiquei ali parada, sem entender o que tinha acontecido. Dias depois uma amiga postou no instagram a captura de um trecho do livro que me tocou profundamente. Parei e me perguntei: como pode eu ter lido o livro todo e não ter me tocado nesse trecho? Não ter me tocado nessa profundidade? Foi quando percebi que apenas tinha engolido o livro sem degustá-lo. Percebi que eu não degustava os livros apenas os engolia, na ânsia em ler muitos livros, buscando tirar o atraso de ter demorado tanto a me envolver com a leitura e a escrita. Resolvi ler o livro novamente, mas agora com a intenção de sentir o sabor de cada palavra. Foi fantástico, eu senti a história. Desde então minha leitura vem mudando, tem sido mais saborosa.
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Li um livro essa semana que me impactou bastante, Sejamos todos Feministas de Chimamanda Ngozi Adichie. Eu já tinha assistido o Ted.ex dela, mas ler o livro me trouxe uma profundidade maior sobre o assunto. No livro ela fala sobre feminismo, de como é importante que toda a sociedade se junte à luta do feminismo. Conta algumas vivências que passou de preconceito para figurar como é cruel e desumana a forma como as mulheres são tratadas pelo mundo. Ela relata como ações sutis, por exemplo, não ser comprimentada em uma mesa de restaurante, como se não estivesse ali, são violências e maneiras de invisibilizar a mulher. Um livro para ser lido por todas as pessoas, mulheres e homens que desejam um mundo onde o respeito mútuo independente de gênero seja realmente real.
#02fev2022 (Texto escrito para o Club de Escrita Afetuosa da Ana Holanda)