Vestido de carnaval

Carmenpalheta
Clube da Escrita Afetuosa
2 min readFeb 23, 2021

Nunca fui fã do período carnavalesco. Porém, aquela seria uma oportunidade que eu não poderia perder. Uma festa de carnaval entre amigos do primário que se reencontravam após anos de distância; todos já passando dos quarenta. E ele estaria lá. Não custava nada tentar conquistar aquela paixão platônica de infância que agora já se apresentava como um desejável - porém, ainda difícil - “Bam-Bam” (personagem do desenho animado Flintstones, da década de 1960).

O adereço precisava ser incrível: sexy, sem vulgaridade. Isso afastaria o folião à primeira pedrada; digo, piscada. O de Pedrita, a filha do Fred Flintstones, foi o escolhido! E lá fomos nós, eu e uma amiga-irmã, atrás do vestidinho que planejamos ser nosso golpe de mestre. Primeira loja de aluguéis, nada! Segunda, nada também! Já sem esperança, entramos na terceira e última daquela tarde. E lá estava ele. Com medidas perfeitas. Digno da Idade da Pedra. Um pouco mais de criatividade e pensei logo nos acessórios: um ossinho para a cabeça; umas espécies de munhequeiras animal print para adornar braços e punhos; um sapato que enfeitei com restos de tecido. Pronto! Estava montada a indumentária. Faltaria apenas coragem pra vestir e sair de casa dentro da personagem que marcou minha infância.

Mas saí! Com direito a elogios de pai e mãe, só faltava mesmo era o carrinho de rodas de pedra para ser mais original ainda o visual. E lá fui eu, tão certa de partir para o ataque, mas sem certeza alguma de que Bam Bam fosse se render.

Seis anos se passaram desde aquele encontro. Há seis anos Bam Bam e eu lembramos do vestidinho de Pedrita daquele que foi nosso primeiro carnaval juntos.

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Carmenpalheta
Clube da Escrita Afetuosa

Jornalista por formação e escritora em formação. Ambas por pura paixão pela palavra.