Vomitando palavras da alma em forma de cartas e desafios
A escrita às vezes é dor, tal qual a do parto. Já foi sofrimento, mas hoje flui como a água. É um fio que transborda o corpo. Ela não cabe mais em mim, precisa ganhar os céus como as asas de um pássaro.
A escrita é uma conquista, um prazer em forma de desafio. Escrever cura minhas dores e palavras silenciadas dentro de mim. Tempos atrás, para escrever não havia pressa, nem julgamentos. Era apenas narrar sentimentos e pensamentos.
Escrever é conectar palavras que ligam a alma aos meus dedos. A escrita é um mistério, que nem sempre sei o caminho que vai dar, apenas deixo acontecer e me levar. Escrever é libertador. Retomei as rédeas da escrita e dei potência e força ao que sou. Passei a acreditar mais em mim. A confiar nas minhas habilidades, possibilidades e talentos desconhecidos.
Percebi que sempre gostei de escrever e nem me dava conta. Quantas cartas expressando meus sentimentos, raivas e angústias escrevi? Quantas cartas escritas à mão deixadas na porta da casa do namorado da adolescência? Em quantas linhas expressei o meu amor secreto e me declarei? Quantas vezes escrevi e-mails quilométricos para o ex-chefe desalmado, que nunca me deixava falar, nem queria me ouvir? Quantas vezes enviei cartas aos amigos e amigas que mereciam ouvir verdades ou precisavam se banhar nos meus pensamentos reprimidos e vomitados? Tudo que sempre quis dizer e nunca tive coragem deixava gravado no papel e entregava como uma caixa de Pandora.
Hoje, eu transformo tudo, inclusive os sapos engolidos, em versos e prosas e dou asas à minha imaginação. Vomito flores e pérolas da alma.
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