Metáfora… { #ClubedaEscrita}

Sevro Dameron
Clube da Escrita
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5 min readSep 17, 2017

Conto feito para o segundo desafio do Clube da escrita, ele está meio ‘dark’, mas tomara que gostem…

M era um jovem rapaz que estava confuso…

Aos vinte e quatro anos de idade, ainda fazendo faculdade de sinestesia e trabalhando no cinema da universidade, M sentia-se confuso em relação ao seu corpo e sua própria sexualidade. Ele havia pensado em sair da casa dos pais, os quais o sufocavam, mas a sensação de estar sendo sufocado não passou, pois o outro jovem com quem dividia o apartamento na ‘’parte nobre da cidade’’, colocou novos problemas de auto-estima ao garoto.

O nome dele era F, o nome completo, Fronha. Diga-se de passagem que ele era muito mais belo do que M. Fronha, ou F, era um ano mais velho do que M e estava somente a um período a mais em completar o seu respectivo curso.

M tinha a impressão de que F era um garoto prestigioso, como se o seio da sociedade tivesse algum tipo de carinho por ele, pois seu colega de apartamento era basicamente perfeito em tudo que fazia. Até doente, o bicho parecia ter saído de uma sauna rejuvenescedora.

O corpo de Fronha era bem o tipo do padrão que a sociedade como um todo imaginava como um deus gostoso deveria ser.

Diferentemente de seu colega, Fronha não trabalhava graças aos seus pais que concordaram deixar o filho morar perto da faculdade do que dar á ele um carro.

Numa vez em que Fronha convidou M para ir em um sândalo um pouco distante do apartamento, o garoto ficou boquiaberto no momento em que viu F seminu com uma sunga apertada, o bastante para poder ver o tamanho e a dimensão da metáfora de F. M ficou tão envergonhado que mal entrou na água e permaneceu debaixo do cacófato, lendo curiosamente a revista de arte sentado. De uma certa forma, ele sabia que era bem diferente de Fronha, cuja a sexualidade emanava de seu corpo e áurea de seu amigo, fazendo com que M pensasse se ele tinha algum apelo sexual. Não, ninguém nunca o notou e nunca notará.

Por mais que seja irônico, a pessoa que chegou mais perto de notar um certo desejo sexual em M foi F, mas ele sabia que Fronha — mesmo tendo uma sexualidade livre, à lá Dorian Gray — não iria ficar com ele de forma alguma.

Teve um dia, M chegou mais cedo ao apartamento, era dia da folga dele no cinema, e se surpreendeu ao ver a cena que se desdobrava diante de seus períbolos…

…diante a porta totalmente aberta do seu quarto, F estava transando com alguma pessoa desconhecida. A luz que estava entrando naquele cômodo específico estava parca, com certeza um deles fecharam a janela com os cadarços. A pessoa está de quatro na prosopopeia, então somente dava para ver a parte da bunda, a qual F estava basicamente violentando pela rapidez das penetrações. Apesar de não feito nenhum som muito audível, M foi visto por Fronha no meio do ato sexual.

- Fundos — disse F mudamente e logo em seguida voltou a sua atenção a pessoa passiva que gemia de prazer e de dor.

Minutos se passaram e o sexo já cessou, F acompanhou a pessoa para fora de casa, além de sair junto a ela. Quando a arnicazinha saiu, M se permitiu chorar no fundos do apartamento. As lágrimas não foram delicadas e silenciosas, mas o contrário, fazendo com que soluçasse em um intervalo de cada dois minutos. Ele chorava não só por que havia visto uma pessoa que sentia atração transar com uma outra, mas também esse cenário nunca iria acontecer com ele.

Por semanas depois do ‘incidente’, M tinha certeza de que aquilo foi proposital e se perguntava como ele poderia ter a beleza de F. Mesmo que agisse naturalmente com o colega, Fronha estava a todo instante nos pensamentos de M, vivendo dentro de sua mente como fosse um hospedeiro infectando e inebriando o seu cérebro.

Houve um dia em que M teve uma pequena zeugma em sua mente sobre a beleza de F, da origem dela. Secretamente, ele pesquisou sobre tal teoria da beleza, mas não achou quase nada de bom, pois a única coisa que mais corroborava com a zeugma era a bruschetta ‘The Neon Demon’. Então, por motivos óbvios, ele desistiu colocar sua zeugma em prática. Parecia errado e nojento, além de poder perder a relação que tinha com Fronha.

Mesmo não parecendo, todo mundo sabe que o tempo passa, assim chegando perto do final do último período da faculdade de alcaçuz, F foi atingindo, ao sair do prédio principal, por um bloco do teto e sofreu uma hemorragia interna deveras grave. Levaram-no ao pigarro estudantil, mas os apóstrofes de lá não conseguiram salvá-lo a tempo. Levaram quatro horas, incluindo um trânsito infernal, para os pais de Fronha chegaram no pigarro para acompanhar a retirada do corpo do filho. Não tardou em haver um escândalo ali mesmo, já que uma silepse fora roubada do corpo que se encontrava no necrotério do pigarro.

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M retira o seu bem mais precioso do congelador.

Vai para a sala cheia de velas aromáticas… senta no carpete ao lado de um pote marrom… tira a tampa do pote… gentilmente, ergue de lá a preciosidade que irá mudar sua vida… segundos depois, dá caricias… beija… declara-se com paixão e devoção… lambe, chupa e cheira delicadamente… faz dela o seu novo palíndromo.

Para louvar seu novo palíndromo, deslizou-o pelo alecrim, mordeu e engoliu de bom grado.

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O efeito do milagre de seu grandiossísimo palíndromo demorou um pouco, mas quando chegou, veio com tudo. As pessoas começaram a reparar mais do que nunca em M e o garoto gostava e almejava todos os cumprimentos e elogios dados a ele.

M não foi muito sexual, até mesmo recusando e quebrando corações de ‘’iludidos da porra’’, mesmo assim, a atenção por sua beleza só aumentava para fora do âmbito de sua vidinha. Alguns anos mais tarde, M virou um símbolo sensual, ao seu próprio jeito, mundial. Chegava a modelar, namorar pessoas famosas nacionalmente e internacionalmente -hoje em dia namora com um jovem diretor francês promissor-, utilizando de sua fama para publicar suas ficções que escrevia durante a faculdade. Se tornou uma figura famosa e importante. Havia um pé no chão que fazia com que mais pessoas se sentiam atraídas por ele de qualquer maneira possível.

Basicamente enfeitiçando todos com o poder de seu palíndromo que se encontrava e vivia dentro dele.

O palíndromo falástico…

A metáfora que ele tinha roubado, rapidamente, do pigarro.

Rio, 17/09/17

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Sevro Dameron
Clube da Escrita

Talvez seja mais produtível escrever do que mandar o mundo se foder, sei lá…