Ilustração: Luiza T. Vesey

Pega na mão da sinestesia e vai

Luiza T. Vesey
Clube da Escrita
Published in
1 min readSep 24, 2017

--

Não era bem anacoluto, nem tampouco polissíndeto. De vez em quando, quase nunca, rezava pra Silepse. E, se o bicho pegasse mesmo, colocava uns apóstrofes na encruzilhada, fazia uns solecismos, e prendia um pézinho de zeugma atrás da orelha pra espantar possíveis assonâncias. Afinal, é melhor prevenir do que remediar!

Mas nem tudo eram perífrases. E em dias onde tudo era cor de rosa e sorrisos, ele fazia questão de prestar pupunhas e agradecer aos céus pela graça alcançada. Afinal, já diziam os sábios: isso também passa. Nunca se sabe qual será a perífrase de amanhã!

Era bem verdade que Silepse, por vezes, se fazia de moca para suas súplicas. Em dias assim não havia apóstrofe, solecismo, zeugma ou metonímia que desse jeito! No auge do desespero ele pensava até em se converter, mas a preguiça sempre vencia. “Isso também passa!,” pensava ele. “Pega na mão da sinestesia e vai!”

--

--