A vulnerabilidade é uma grande lição da pandemia

Nathalia Barboza
Clube de Realizadores
4 min readSep 3, 2021

Por Silvia Matos, para o Especial Corona

Foi bem especial para mim o ano de 2019. Decidi me despir dos medos e vaidades e assumir as consequências das minhas escolhas. Dentre elas, estava a minha exposição profissional como jornalista empreendedora. Consolidei o meu projeto de bate-papo presencial, o Inovatalk, e não parei mais.

Mas, calma! Como tudo na vida, chegar nesse lugar exigiu de mim o início de uma nova jornada que começou lá em 2017… Eu não acordei em 2019 corajosa e tirei do papel uma ideia e me joguei no mundo. Construí essa coragem passo a passo, mudando o meu modelo mental de enxergar outras perspectivas que não fosse somente olhar para uma profissão falida.

Descobri na internet o Realize (um curso online que sempre comento nos meus textos) com o intuito de me atualizar no uso das redes sociais e me encontrei profissionalmente. Descobri a minha comunidade profissional, os meus iguais que tanto busquei durante esses quase 16 anos de profissão. Cada participante é como uma escola diferente, e foi somando os aprendizados dessas experiências que eu me fortaleci e me encontrei comigo mesma.

O ano de 2019 me levou a ler muito, e as escolhas literárias que fiz me mostrou a vulnerabilidade como tema central desse período. Eu já flertava com o livro “A arte de pedir”, de Amanda Palmer, uma cantora de punk inglesa e uma das vozes do TED mais assistidas mundialmente. No ano passado, eu o li. A cada momento de leitura, eu ganhava um boost de energia e acredito que começou a nascer essa mulher que sou hoje. Eu ainda reflito muito com a canção “Me curar de mim”, de Flaira Ferro, um presente necessário aos tempos de hoje e comparo esse efeito Flaira ao efeito Amanda na minha vida. Passei a ser uma grande observadora do mundo dos vulneráveis.

Mas escrevo tudo isso para compartilhar um novo olhar que me fortalece no meio desse caos mundial que estamos vivendo. Esse texto é para falar das ideias criativas que surgem nesse momento de dificuldade.

A minha personagem é Carol Oliveira, mais uma jornalista que se ressignificou na arte circense e se transformou em uma artista.

Conheci Carol em Brasília, no nosso Encontro de Realizadores, cheia de ideias e com alguns projetos de Jornalismo engatados na web. Mas ela já tinha sido abduzida pelo circo e não conseguiu dar continuidade como empreendedora a essa nova forma de trabalhar na sua profissão.

Dona de uma pureza, com a ingenuidade de uma criança, ela brilha no olhar e na forma encantadora de ver a vida e reluz esse brilho usando muito glitter. Essa alma de artista que carrega no corpo lhe dá a liberdade de estar sempre cintilando e espalhando esse brilho por onde passa, literalmente: ela sai colocando purpurina em todo mundo.

Sempre confusa e muito vulnerável, Carol enfrenta a sua vida de mãe solo com Miguelzinho, seu filhote, a parte mais pé no chão da vida dela, com muita coragem. Carol está sempre mostrando com muita simplicidade e verdade as suas fragilidades, seja em cima da perna de pau ou lá no alto de um tecido acrobático. Ela também escreve divinamente em seus perfis de redes sociais a sua opinião sobre as suas causas e a importância de viver com simplicidade, buscando o estar inteira, nesse eterno mergulho para dentro que nos permite a tão sonhada paz interior.

É impressionante olhar para ela e entender essas atitudes de enfrentamento tão corajosas e enxergar o bem como forma de transformação e impacto.

Biscoito de banana

Dentre as suas novidades está o seu movimento individual de sobrevivência para honrar seus compromissos financeiros e garantir a dignidade dela e de Miguelzinho. Com todos os seus trabalhos parados em virtude da quarentena pela pandemia da Covid-19, Carol já saiu na frente e resolveu colocar à disposição de todos os que fazem parte da sua rede as suas diferentes habilidades produzindo conteúdos variados, que vão do biscoito saudável de banana a brincadeiras em casa com seu filho, passando por exercícios de respiração para ter foco e até por penteado para cabelos cacheados.

Tudo isso ela faz com a infraestrutura mais básica possível de um smartphone e consultando os amigos e tutoriais para apresentar cada vez melhor o seu tesouro compartilhado. Em troca disso tudo, está o seu desejo de servir ao próximo e também se rentabilizar pedindo a contribuição dos consumidores desses conteúdos de qualquer valor para ela dar continuidade à vida com boletos em dia e a alimentação garantida.

Desde que eu vi seu primeiro vídeo na rede, fiquei pensando no tanto de desprendimento que a gente precisa para enfrentar uma quarentena sem prazo, mas com coragem, bom humor, boas ações, obediência e muita verdade.

Carol já recebeu ajudas significativas depois de reconhecer as suas vulnerabilidades, e eu entendi que o segredo dessa força está em ser verdadeiro. Quando estamos inteiros, o Universo se mobiliza numa generosidade para fazer chegar até nós o que estamos precisando.

Gratidão

Outra lição aprendida não só com ela, mas com o meu movimento de empoderamento pessoal, é a prática da gratidão. Agradecer a vida privilegiada que vivemos, reclamar menos, mesmo nesses tempos de pandemia, quando estamos sob o impacto do #efeitocoronavirus, e entender os nossos benefícios com o coração é a cura para os males dessa existência estranha.

O segredo? Vulnerabilize-se.

Aproveita e dá uma olhada nesse belo trabalho que está sendo oferecido em @carolpernalta no Instagram e, se puder, dá também a sua contribuição nessa corrente do bem e de suporte ao próximo. Eu sou Silvinha Matos, uma mulher privilegiada e encantada com as belas narrativas da vida.

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