Em plena pandemia, faça o que gosta e se sinta leve

Nathalia Barboza
Clube de Realizadores
7 min readSep 3, 2021

Esta é a síntese do que foi, para nós, editoras, gerar, cultivar e crescer juntas com o Especial Corona

“Tem de ser leve”. Desde o início este foi o lema do Especial Corona do Clube de Realizadores. O mote — simples e incrivelmente poderoso — define bem o que foi essa linda jornada de seis jornalistas experientes.

Tudo começou no já longínquo março de 2020, quando o terreno do país no qual o novo coronavírus pisava ainda ‘era só mato’.

Naquele início de março, o clima era pesado no Brasil. Havia dúvidas demais em relação à disseminação da covid-19 entre nós; sobre o que seria a quarentena; a ameaça de lockdown; as incertezas em relação à própria doença; o pânico; a tentativa de proteger nossos velhinhos… Tudo gerava muito estresse e ansiedade.

Realizadoras que somos, era natural que víssemos oportunidade em meio ao caos emocional do país. Mulheres que somos, era evidente também que encontrássemos apoio na coletividade, que déssemos as mãos em um período de crise.

Foi o que fizemos. Entramos em campo “com o que a gente gosta e sabe fazer”. Como um time em plena sintonia, nossa ideia era clara: contribuir nesse momento como jornalistas oferecendo uma nova visão da realidade, o que pudesse ser considerado “fora da curva”.

Nascia aí o Especial Corona.

Essa vontade impetuosa de cavocar e explorar “o lado da pandemia que a grande imprensa não vai querer mostrar” apareceu em um encontro semanal do Clube. Além de mim e da Verônica Machado, idealizadora do Clube de Realizadores, aderiram de imediato: Dorivândia Ribeiro, Gaby de Saboya, Silvinha Matos e Regiane Bochichi. Para nossa alegria e sorte, Janaina Toscan também colaborou por um bom tempo.

Intensa colaboração

Sem a mínima noção de que faríamos um mergulho para dentro de nós mesmas, a redação virtual virou de pronto um espaço de experimentação, de liberdade para tocar pautas, novos formatos e personagens, de intensa colaboração.

A regra era: testem formatos, desafiem-se com novas técnicas, afinal, não há compromisso com audiência nem com monitização.

Dividimos as atividades em oito editorias, cujos nomes foram definidos com altas doses de criatividade: Resenha Online, Coronaflix, Riqueza Viral, Não Pira, Lives, Fora da Curva, Taca Álcool Gel e Notícias do Front.

Fiquei com estas últimas duas, além da atualização da homepage. Entre as funções, um desafio novo vai ficar como minha grande conquista dessa jornada: editei boa parte dos textos publicados. Tive a honra de receber das colegas e dos colaboradores a incumbência [e confiança] de mexer, sempre com respeito, nas matérias e de salpicar aqui e ali meus pontos e vírgula, sugerir títulos e imagens.

Confesso: gostei do resultado e, certamente, pude melhorar minhas habilidades.

Além disso, teve o Especial Educação, do qual cuidei como filho e entreguei com um prazer danado, e a reportagem Filharada pira: na pandemia, terceira idade vira celeiro de rebeldes.

Mas foi no projeto Foca Realizador que “flanei”… Que momento, senhoras e senhores! unir minhas duas paixões: jornalismo e educação, poder mentorar meninas incríveis, foi um presente pra mim. O filhote do Corona me enche de orgulho e satisfação e vai ficar no coração pra sempre.

Regiane Bochichi: especial ‘te dá asas’, ou ‘morde e assopra’

“‘Clubederealizadores.com/wp-admin’. Para muitos, esse link na internet não leva a lugar nenhum e é apenas uma sopa de letrinha. Para mim, era a porta que me transportava para o maravilhoso mundo do jornalismo”, conta Regiane Bochichi (leia aqui o depoimento completo).

Depois de tudo, ela declara amor à carreira. “O jornalismo pode até ter saído da minha vida por algum tempo, mas não saiu de mim. A profissão que abracei e me trouxe inúmeras alegrias também me expeliu. Mas como uma boa amante de malandro, mesmo assim não deixei de amá-la. Por isso, vibro quando vejo ressurgir a sua importância no meio de tempos tão sombrios. Se por um lado, sentia inveja dos meus colegas que estavam na linha de frente, do outro, tinha um espaço livre para escrever, prestar serviço, contar estórias”, completa.

Ela compara fazer parte do projeto a “uma forma de começar a bater as asas” e reconhece “o gostinho da troca” com as colegas.

Olhando para o desempenho (e o talento enorme) da Regiane, é claro que ela se apaixonou, viciou na brincadeira e polinizou um monte de dicas culturais. “Me agarrei com todas as minhas forças e saí em desabalada corrida na produção de matérias. Tanto que sou responsável por cerca de 2/3 do material publicado”, contabiliza.

Na divisão das editorias, couberam a ela as Resenhas Online, que listava os eventos on-line, e a CoronaFlix, uma curadoria de filmes, séries, palestras oferecidas na internet. A primeira virou uma loucura, afinal, em algum momento alguém vai somar o volume exponencial de lives e todo tipo de eventos on-line que foram oferecidos em tudo quanto foi de plataforma na internet. A Re foi curadora desse material no projeto ao longo desses meses.

E foi muito mais do que isso: particularmente, amei a reportagem sobre o projeto Inumeráveis (memorial para as vítimas da covid-19), mas reconheço também a matéria que destaca a criatividade de líderes comunitários para ajudar na sanitização das favelas, entre outros.

“Encontrei aqui pessoas que gostam de compartilhar o que têm, o que sabem, o que aprendem. Pessoas que entendem as necessidades do outro, como a minha de ter usado este especial com uma tábua de salvação. Pessoas que acrescentam algo ao próximo”, diz ela.

Gaby de Saboya: magia livre de deadlines

Se o assunto são as trocas, Gaby de Saboya é um exemplo e tanto. Super experiente em vídeo e áudio, ela foi a rainha das nossas lives. Organizou e produziu várias no Instagram — onde também produziu algumas edições do nosso Clube News, que destacava as novidades do site.

E foi um espelho e tanto para mim, que nunca havia ousado tanto. Foi pensando nela, nas dicas que nos dava, que toquei três encontros — o último dele, um complexo evento on-line O ensino médio vai passar de ano?, que discutiu o drama dos professores do ensino médio e dos alunos que fariam o Enem.

Mas eu deixo para ela mesma dizer — em vídeo, claro — quais as lições que tira de sua trajetória no Especial:

Silvia Matos: a dona das redes sociais

Silvinha dominou as redes sociais. A gestão do Instagram e do LinkedIn era dela. Mais do que uma gestora de perfis virtuais, seu talento é a agregação. É generosa e mostrou mais uma vez sua capacidade infinita de juntar gente.

“Participar do Especial Corona foi a oportunidade de resgatar o meu sonho adolescente de escolher o jornalismo como profissão. Apesar de sempre trabalhar na área, nunca tive a oportunidade de viver o jornalismo na essência como agora”, revela (veja aqui o depoimento completo).

Entre definições de pautas, matérias, artigos, articulação com fontes, promoção de lives e eventos on-line, redes sociais e reuniões de editoras, lembra da mentoria para jovens profissionais, “com direito a ser aluna no assunto sobre gêneros jornalísticos e aprender a exercer uma nova atividade com este conhecimento acumulado ao longo dos 16 anos de formada”.

Para ela, o Especial foi mais do que uma universidade. “Permitiu exercer a minha cidadania com responsabilidade e empatia. Nesse período, eu pude viver o amor e a caridade ao próximo trabalhando numa das paixões da minha vida”, revela.

Vândia Ribeiro: a campeã de views

A brasiliense Vândia Ribeiro é outra que tem talento gigantesco para cativar. E mostrou isso no índice de audiência: sua matéria Brasiliense cria máscara inteligente para evitar o contágio liderou o ranking de views, que totalizou quase 13 mil visualizações.

De competência ímpar, Vândia diz que participar do Especial Corona lhe trouxe vida, leveza e a sensação de renovação, “apesar das circunstâncias, insegurança e incertezas provocadas pelo vírus”. E mais: “passei por toda essa situação mais consciente, informada e com muita disposição para contribuir fazendo aquilo que mais gosto: escrevendo, contando histórias e comunicando” (veja aqui o depoimento completo).

Para ela, “fazer parte do Corona foi uma experiência única, que possibilitou a ela se inserir profissionalmente neste contexto de pandemia. “Fomos fortes, guerreiras e profissionais. Sei que fizemos um trabalho de formiguinha, mas o pouco que fizermos foi o suficiente para transmitir um pouco de esperança e momentos de alegria para os nossos leitores”, finaliza.

Verônica Machado: a formiguinha mor

Vê é a cara, a luz e a razão desse projeto. Idealizadora do Clube, é quem nos provoca a sermos melhores, a nos encontrarmos com as possibilidades. Se o texto sobre home-office demorou meses a sair [piada interna], o projeto só saiu porque todo o suporte tecnológico necessário à sua execução foi doado por ela, diga-se.

Do seu jeitinho, a “formiga atômica”, seu apelido carinhoso [e adequado], realizou mais uma vez, moveu correntes mais uma vez. E, mais uma vez, provou na prática, a força empreendedora que tem. Veja o que ela achou do Corona:

A despeito do que é comum nas redações dos veículos tradicionais, fizemos do convívio intenso uma fonte de energização positiva.

Sete meses depois, a sensação é de que o “clubinho Vira Realizadores” foi, de alguma forma, curativo para todas nós. E foi leve, sim!

A festa de encerramento coincidiu com Halloween. Sim, somos festeiras!

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