Fecham-se as cortinas

Verônica Machado
Clube de Realizadores
3 min readSep 30, 2021

Por Gaby de Saboya*

Se a pandemia do coronavírus fosse contada como uma peça de teatro, seria uma tragédia que começa de forma inusitada. Confira como seria, na minha visão:

Primeiro Ato — A Descoberta

Em uma sexta-feira 13, todas as atividades culturais foram interrompidas no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades do Brasil em um efeito cascata.

Do dia para noite, as luzes se apagaram e aproximadamente cinco milhões de trabalhadores da economia criativa e cultural ficaram sem trabalho e renda.

Sem saber o que fazer, alguns foram para as redes sociais, único espaço possível para mostrar a sua arte e se comunicar com o público; muitos buscaram nela solidariedade. O público também se deu conta da relevância, força e potência do setor criativo e do quanto a arte e a cultura são importantes para a vida.

Fim do Primeiro Ato.

Intervalo

As lives que proliferaram durante a quarentena se tornaram a alegria e o intervalo de uma realidade que já enlutou 150 mil famílias no Brasil.

Enquanto ofereciam um respiro para a sociedade, os trabalhadores da cultura se afogavam em uma dura realidade que já dura sete meses. E foi então que a esperança veio cambaleante como um bêbado e uma equilibrista.

Segundo Ato — Lei Aldir Blanc

Em junho, o Senado Federal aprovou a Lei de Emergência Cultural (Lei nº 14.017), batizada como Lei Aldir Blanc em homenagem ao compositor morto em maio em decorrência da covid-19.

A Lei destina R$ 3 bilhões para os trabalhadores da cultura de todo o país afetados pela pandemia. É uma Lei histórica, que uniu o setor cultural e trouxe um pouco de esperança para essa tragédia que, com a força de Dionísio, deus dos ciclos vitais e do teatro, caminha para o fim.

Terceiro Ato — Abrem as Cortinas e as Telas

Segundo uma recente pesquisa, mais da metade dos brasileiros quer voltar a eventos culturais. Os espaços estão reabrindo ou se preparando para a reabertura com novos protocolos sanitários e de segurança.

Quando as cortinas se abrirem, os trabalhadores da cultura e o público encontrarão uma nova forma de assistir e viver a arte.

Criatividade deve ser a palavra de ordem para os próximos anos e, como uma peça que nunca chega ao fim, a arte sempre vai continuar

A arte pós-pandemia deve ser híbrida (presencial e on-line), com novas formas de criação, distribuição e exibição. A crise causada pela pandemia do coronavírus acelerou o processo de digitalização e virtualização no ambiente cultural. Um estudo diz que em seis meses caminhamos mais que em seis anos.

O grande desafio para os próximos anos é posicionar a Cultura no eixo central do desenvolvimento econômico e social do país, pois além da dimensão simbólica e cidadã, a área tem também um grande potencial econômico com alto impacto na geração de renda, emprego e desenvolvimento. Segundo os cálculos feitos pela Fundação Getulio Vargas, cada R$ 1 gasto com projetos culturais movimenta R$ 17,61 na economia.

Criatividade deve ser a palavra de ordem para os próximos anos e, como uma peça que nunca chega ao fim, a arte sempre vai continuar, sempre vai inventar novas formas de existir. A produção artística deve nos surpreender e pode ir para caminhos que não imaginamos.

“O resto é silêncio”.

Gaby de Saboya* (@gabydesaboya) é jornalista, atriz, apresentadora, repórter, narradora e comentarista com mais de 15 anos de experiência em TV.

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Verônica Machado
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