Mais uma verdade inconveniente:

O impacto dos agrotóxicos na nossa vida.

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Clube Orgânico
5 min readJun 14, 2016

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A comida virou pauta do dia — não dá pra negar. As pessoas preocupam-se com aquilo que estão comendo, os blogs de comida multiplicam-se, os superalimentos e as dietas funcionais foram uma das principais buscas no Google no último ano, programas de culinária batem recordes de audiência… E os chefs, antes anônimos, atrás das panelas, hoje são estrelas.

Mas num momento em que tanto falamos sobre comida, muitas vezes o alimento perde o seu protagonismo. Quais são as iniciativas que existem e que valorizam o alimento, sozinho, desde o plantio até ele chegar ao nosso prato? Pois é, não são tantas assim, não é mesmo?

Como explicamos que, neste momento em que a comida é tão valorizada, seja também o momento em que cada brasileiro consome, em média, 5 litros de agrotóxicos ao ano sem saber disso?

Nós também somos apaixonados por comida mas, para nós, não existe boa comida se o alimento por trás do prato não for de qualidade. Infelizmente, no Brasil, a probabilidade de você estar comendo alimentos contaminados é enorme. E queremos mostrar qual o impacto disso na sua saúde, no bem-estar do produtor e no meio-ambiente.

Vamos lá?

A nossa saúde

Estamos sendo envenenados, aos poucos.

Pode parecer dramático, mas infelizmente não é. O agrotóxico é um produto químico que tem como objetivo matar “as pragas” que atacam as plantas ou eliminar as ervas daninhas que prejudicam as colheitas. Por isso, sua composição é venenosa pois, seja qual for o tipo — inseticida, fungicida ou herbicida —, sempre contém ingredientes ativos que têm como objetivo eliminar algum ser biológico.

E é claro que isso tem efeitos colaterais. Ou você acha que seus compostos químicos não contaminam o alimento que estamos consumindo?

De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos da Anvisa, 1/3 dos alimentos consumidos pelos brasileiros estão contaminados.

E tem mais: na época da pesquisa, foi revelado que 28% destes químicos não eram autorizados para o cultivo onde tinham sido utilizados ou tinham ultrapassado os limites máximos aceitáveis. Ou seja: tudo errado.

Quando 1/3 dos alimentos que comemos estão contaminados, a nossa saúde é a maior prejudicada: aos poucos, vamos acumulando toxinas no nosso organismo, que pode resultar em problemas mais tarde. Já existem estudos científicos que associam a ingestão de agrotóxicos com problemas neurológicos, reprodutivos, hormonal e até câncer.

Este acúmulo no nosso organismo pode inclusive ser passado através do leite materno para os recém-nascidos. Além do impacto direto no nosso corpo, vários estudos já comprovam que os alimentos que são manejados com estes químicos possuem menos nutrientes — em taxas que vão até 40%.

Ou seja: o que comemos não nos nutre (é verdade, leia mais aqui).

O homem do campo

Precisamos pensar na ponta da cadeia de produção.

Crédito da foto

Quem também sente o impacto desses químicos é o produtor, especialmente porque a maioria dos trabalhadores rurais no Brasil não são treinados para utilizar estas substâncias. Assim, muitas vezes, aplicam os agrotóxicos de forma intensiva sem uso de equipamentos de proteção e desconhecendo os riscos para a sua saúde.

O homem do campo vê-se, muitas vezes, inclinado a seguir este modelo de cultivo — mesmo que prejudicial — pois, atualmente, existem diversos incentivos agrícolas no nosso país para o uso de agrotóxicos nas lavouras.

Na prática, é mais fácil seguir este modelo, mesmo comprometendo a saúde e o meio ambiente, do que migrar para a agricultura orgânica ou agroecológica, onde a produção é mais lenta e as regras são mais rígidas.

O meio ambiente

Ou, se preferir, "a nossa casa".

Não somos apenas nós, consumidores, e os produtores que estamos sendo prejudicados com o uso contínuo de agrotóxicos. O solo, os cursos d'água e os microecossistemas das plantações também são afetados.

E por que isso acontece? Quando o fazendeiro aplica agrotóxicos numa determinada lavoura, ele não consegue separar a praga da plantação e, por isso, ele ataca todo o conjunto “lavoura-praga”. Assim, a pulverização atinge parte da praga e também o restante das plantas, do solo, da água e são levadas pelo vento e pela chuva para outros lugares.

Assim, surgem as condições necessárias para que as monoculturas se desenvolvam, o que resulta em solos danificados, que depois de algum tempo deixam de ser cultiváveis e se transformam em desertos.

Crédito da foto

Mas e aí… Tem solução?

Tem solução! :)

Sítio Solstício, em Teresópololis

Para nós, a solução está na sua escolha. Sempre que possível, opte por consumir alimentos orgânicos ou agroecológicos. No Clube Orgânico, por exemplo, você pode assinar cestas de alimentos desse tipo e receber em casa vindas direto de um produtor local — como o caso do Sítio Solstício, acima.

Com esta escolha, você começa a consumir produtos limpos e sazonais, que fazem bem à sua saúde, valorizam o produtor e protegem o meio ambiente.

Existe um grande universo atrás da comida que chega à nossa mesa, e nós podemos escolher como queremos que esse universo seja. Escolha bem :)

Todos os dados usados neste artigo são do Dossiê Abrasco.

por Francisca Feiteira

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Comida de verdade para todo mundo: #OrgânicoImporta

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