O Curioso “Identidade” (2021)

Marcia
Coadjuvante
Published in
2 min readNov 11, 2021

O drama americano/britânico “Passing”, de Rebecca Hall (estreante), estreou em 30 de janeiro de 2021 no Sundance Film Festival e lançado mundialmente na plataforma de streaming Netflix na quarta-feira (10/11/2021), com 1h e 39 minutos de duração. A trama, que se passa na década de 1920 na cidade de Nova York, acompanha a dona de casa afro-americana de pele clara Irene Redfield (vivida por Tessa Thompson), casada com um médico negro, o arrogante e machista Brian Redfield (vivido por André Holland), com quem tem dois garotos, em um dia de compras em Manhattan ela reencontra uma antiga colega de escola, a ambiciosa Clare Bellew (vivida por Ruth Negga), que se passa por branca e está casada com um homem branco rico e super racista, John Bellew (vivido por Alexander Skarsgard), com quem tem uma filha adolescente branca que estuda num colégio interno na Suíça, Irene percebe que não tem nada a compartilhar com o mundo de Clare, logo que esta não assume sua raça, já a ex-colega quer relembrar o relacionamento que teve no passado com Brian, com isso ela invade a privacidade da dona de casa enquanto o marido viaja a trabalho e nem sonha que sua esposa tem amigos na comunidade negra do Harlen. O filme - baseado no livro homônimo da escritora americana, lançado em 1929 - é atraente, elegante e incomoda, tem boas atuações da protagonista e da coadjuvante, ótima direção de arte, bela fotografia em preto e branco, bom figurino, bons penteados, bom ritmo e um roteiro muito interessante, com bons diálogos, que aborda a questão racial ainda mais forte nos EUA na década retratada, onde uma mulher miscigenada para “poder” casar com alguém da classe alta e branca não poderia assumir sua negritude, em contrapartida há uma mulher também miscigenada que tem orgulho de sua ascendência afro-americana e de morar no bairro negro do Harlen. A reflexão que faz é como a identidade racial será assumida pela origem ou pela cor da pele? Curiosidade: a palavra “passing”, além de significar passagem, como falecimento, refere-se também a minorias oprimidas, como grupos étnicos, que fingem ser brancos para escapar do preconceito. Vale muito a pena assistir mas não gostei do final. Confira o trailer:

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