As Competências do Futuro.

Matheus Queiroz
Co.cada
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2 min readNov 18, 2016

Primeiro dia do Festival Colaboramerica.

A fala que mais chamou minha atenção hoje foi a do professor Ricardo Abramovay: “Colaboração social, da promessa à captura”.

Na palestra, Abramovay falou bastante, e muito bem, sobre as possibilidades criadas pela economia digital. Sobretudo as possibilidades da eliminação dos chamados “custos de transação”, graças ao uso das novas tecnologias. Grosso modo, a existência dos custos de transação é boa parte da razão de ser das empresas e firmas e o que impede que as pessoas “transacionem entre si”. Pois o que estamos vendo agora é justamente uma série de plataformas eliminarem intermediários — empresas e instituições — e possibilitarem a realização de transações diretamente entre as pessoas.

Mas nem só de boas possibilidades é feito esse novo mundo da economia digital e colaborativa. Abramovay falou também sobre os problemas e perigos que podem surgir e já estão surgindo graças, por exemplo, ao uso cada vez mais intenso dos algoritmos e também da automatização. E como reagir a esses perigos e impedir que a “colaboração social “ seja capturada pelas plataformas? Para Abramovay a resposta está na Ética. Por mais que o algoritmo do Netflix “te conheça” e indique os filmes que você realmente adora e o Spotify faça uma seleção diária de músicas sob medida pra você, eles (os algoritmos) são incapazes de sentir e tomar decisões baseadas em valores éticos.

Por isso, para o professor Abramovay, o caminho é aprofundar cada vez mais o que nos torna humanos. Mais do que saber programar ou usar impressoras 3D é preciso (re) aprender a ter compaixão, empatia, originalidade e reciprocidade.

Isso me faz pensar que não deixa de ser simbólico que o festival tenha sofrido com quedas de energia em seu primeiro dia. Caiu a internet, o ar condicionado parou de funcionar e o microfone perdeu a utilidade. Diante desses problemas o único espaço do Festival que não sofreu nenhum tipo de interrupção e que não deixou de funcionar em nenhum momento foi justamente o espaço Hólos, que promovia sessões de Yoga, dança, dinâmicas de grupo, conversas e buscava basicamente promover a ludicidade, a conexão entre as pessoas, compaixão, empatia…

Muitas vezes buscamos aprender coisas extremamente complexas para nos prepararmos para o futuro quando as competências que mais precisamos estão bem do nosso lado, à distância de um aperto de mão, ou de um abraço.

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Matheus Queiroz
Co.cada

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