Ron Kersic & Simone Cicero at Ouishare Fest Barcelona 2017

Construindo plataformas para um mundo complexo e diverso.

Rodrigo Seoane
Co.cada
Published in
8 min readDec 4, 2017

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Aplicando Design Thinking para potenciar Ecossistemas Sustentáveis

Ainda me lembro daquela tarde de Agosto, ano passado quando tive minha entrevista para ser voluntário no 2º Ouishare Fest aqui em Barcelona em Outubro. Desde então minha vida se enriqueceu de pessoas, projetos e organizações com que tive oportunidade de me relacionar e trabalhar.

Trazendo especificamente para o PDT, onde completo 1 ano de aprendizagem e contribuição, temos acumulado todo este novo conhecimento adquirido na exploração dos canvas com nossos clientes.

Depois de co-facilitar uma master class de 2 dias para empresas como IBM e executivos como Ron Kersic, diretor de inovação do ING Global em Amsterdam, e assistir a sua conversa com o Simone após uma outra apresentação de ninguém menos que Ezio Manzini durante o Ouishare Fest Barcelona deste ano, fiquei ainda mais inspirado e motivado para dedicar mais tempo a trazer conteúdo pro Co.cada.

Decidimos trazer as conversações e perturbações passando deste lado do Atlântico, e que tenho o privilégio de estar presente, para o Co.cada.

Acreditamos que é necessário abraçar a complexidade dos problemas e paradigmas que temos por diante para transformá-los em oportunidades locais e globais. E todos necessitamos de ferramentas e ouvir os outros lados da conversa para ajudar dar um salto tão crítico de maneira sistêmica.

O primeiro passo para Designers, Managers, Empreendedores sociais ou NGOs é, em relação a oportunidade de ampliar nossa capacidade de usar Design Thinking para sairmos do tradicional modelo Cliente ↔ Problema ↔ Solução e passar a uma nova tríade, apta para a era das plataformas e redes, a de: Ecossistema ↔ Potencial ↔ Plataforma.

Também podemos afirmar, um ponto que conecta todos os projetos em que estivemos envolvidos, é a necessidade de ir além da fase de planejamento e planejamento estratégico. Essa necessidade deu origem a um novo conjunto de canvas cobrindo descoberta, validação e prototipagem. Em outras palavras, adequando-se para a realidade.

Para quem já está familiarizado com novas metodologias para minimizar os riscos para o desenvolvimento de novos projetos e startups, como o Lean Startup, sabe que muitas vezes, apontamos nossos clientes para o ‘desenvolvimento do cliente’ como o caminho mais adequado para seguir adiante, após a definição da Visão, mas muitas vezes percebemos que, pelo menos para a maioria dos usuários do PDT, há uma lacuna não negligenciável para cruzar usando essas técnicas.

Primeiro, que não é um passeio no parque ser maduro e paciente o suficiente para se manter no processo; E segundo, essas abordagens amadureceram no contexto de produtos e serviços e é uma complicação adicional usá-los no mundo multi-faces de plataformas, onde você lida não apenas com consumidores (ou clientes), mas também com produtores e parceiros.

Por estas razões, decidimos desenvolver uma extensão adicional do nosso framework para abranger o que chamamos de Desenvolvimento de Ecossistemas. Acreditamos que, paralelamente ao desenvolvimento de uma plataforma, você precisa desenvolver o seu ecossistema e usar o processo para informar suas estratégias de desenvolvimento de plataforma. Exatamente como o desenvolvimento do cliente vai em paralelo ao desenvolvimento de produtos.

Vamos falar do cliente

Um dos pilares necessários para o desenvolvimento de ecossistemas e do valor para as plataformas é o enfoque na constante evolução dos usuários, tanto produtores quanto consumidores.

Por isso um pequeno resumo para explicar como se faz normalmente o desenvolvimento do cliente. Se você já é familiarizado com o tema pode saltar para próximo tópico.

No desenvolvimento tradicional de clientes, o processo é baseado em duas macro-etapas essenciais. O primeiro passo leva os empreendedores a descobrir o chamado Cliente ↔ Problema ↔ Solução (C-P-S) Fit, enquanto o segundo é normalmente destinado a encontrar o chamado Produto-Mercado (P-M) Fit.

Uma leitura recomendada, para aqueles que perderam o essencial, é o The Four Steps (ou o The Startup Owner’s Manual mais recente) ou The Lean Startup e coloco abaixo uma tradução livre de um trecho do artigo do Simone Cicero, criador do PDT, sobre o desenvolvimento do cliente.

Em uma simplificação excessiva — ao abordar uma oportunidade de criar algo novo para um cliente, você deseja primeiro chegar ao ajuste C-P-S:

  • indique claramente a sua proposta de valor
  • verificar se o seu cliente existe
  • verificar se seu cliente tem um problema que vale a pena resolver
  • verificar se a sua solução é melhor (mais barata, mais rápida, …) do que as soluções atualmente existentes (se houver)

No desenvolvimento do cliente, você faz isso através de uma ou mais rodadas de entrevistas com seus consumidores iniciais (essencialmente aqueles que já experimentaram o problema que deseja resolver e estão prontos para comprar uma nova solução, também chamados de evangelistas). Após as entrevistas, você deve avançar para as iterações de prototipagem do chamado Produto Mínimo Viável (PMV).

Ash Maurya também tem uma publicação articulada que vale a pena ler.

No final do dia, o PMV (ou, melhor, uma série de PMVs) deve, portanto, aprender se seus pressupostos mais arriscados sobre a solução, o preço, a distribuição ou o modelo de negócios estão certos e se o valor percebido pelos seus clientes é real . Neste caso, você está pronto para o seu próximo desafio: o ajuste do produto-mercado (provando que existe um mercado suficientemente grande para o seu produto escalar e crescer).

Desenvolvimento do Negócio

Este processo familiar (para mais ou menos qualquer pessoa que tentou seriamente iniciar um negócio) — e razoavelmente simples de encontrar um corpo não-prescritivo de conhecimento e estudos de caso — está bastante comprovado e testado.

Por outro lado, este processo é baseado em um postulado que muitas vezes se provou errado no contexto atual:

Do Desenvolvimento do Cliente ao Desenvolvimento do Ecossistema

Alguns meses atrás, exploramos esse tópico apontando como a narrativa do cliente pode ficar curta quando você não se aproxima de um mercado de clientes, mas sim de um ecossistema de entidades participantes.

Mais detalhadamente, explicamos que, na idade da rede, precisamos:

  • Adotar uma abordagem contextualizada para projetar o que é perturbador e complexo, e considerar as pressões de desempenho existentes e as oportunidades para os ativos no contexto de uma entidade (artigo original)
  • Passar da narrativa “resolver um problema do cliente” para “permitir o potencial que está dentro do ecossistema” (artigo original)
  • Fazer isso desenvolvendo ferramentas existentes, como o Desenvolvimento do Cliente (Aqui).

Bem-vindo a Prototipagem e Desenvolvimento Lean de Ecossistemas de Plataforma

Em nossa busca para ajudar os usuários do Platform Design Toolkit a explorar, validar suas idéias e desenvolver suas estratégias de plataforma, começamos a questionar como adaptar esse conhecimento existente ao contexto do crescente interesse nas plataformas online.

As principais diferenças básicas que encontramos na comparação de produtos e serviços com estratégias de plataforma são:

  • As plataformas são baseadas em relacionamentos, quase nada na plataforma e nos ecossistemas podem estar relacionados a uma única entidade, a maior parte do valor é gerada e focada em torno do conceito de relacionamento; (ex.: Airbnb, Etsy ou Tem Açúcar)
  • O essencial da produção em plataformas e ecossistemas é baseado em um intercâmbio, uma transação, onde uma unidade de valor é trocada através de um canal ou em um contexto;

Outra visão chave a que chegamos é que o elemento essencial e agradável nas plataformas é o que poderíamos chamar de experiência em plataforma, como uma composição de:

  • uma transação que acontece entre as entidades, ainda que usando um canal específico (por exemplo: reservando a casa de alguém em Airbnb, investindo dinheiro em uma startup em AngelList, etc …) em peer to peer;
  • um serviço de habilitação fornecido pela plataforma através de um ponto de contato para ajudar os participantes em um momento específico do processo de criação de valor (por exemplo: Airbnb enviando um fotógrafo profissional para sua casa para ajudá-lo a construir um perfil de casa e começar);
  • um serviço de consumo ou atividade específica que a plataforma oferece para o consumo (por exemplo: um serviço de autenticação de identificação forte necessário para começar a usar uma plataforma, um recurso de publicação, etc.)
Experiências em Plataformas são feitas de Ações, Serviços e Transações entre Entidades

Em geral, os ecossistemas de plataforma são um pouco mais complexos para se construir um caminho sustentável— isto compreensivelmente — sendo mais complexo por definição: se algo só existe para habilitar (idealmente em grande escala) interações, construir seu conjunto básico de recursos e testar a dinâmica básica pode demorar um pouco mais, comparado a um serviço tradicional, consumível.

Nessa estrutura, podemos, portanto, evoluir a tríade clássica:

Cliente ↔ Problema ↔ Solução

em uma nova tríade, apta para a idade em rede, a de:

Ecossistema ↔ Potencial ↔ Plataforma

Para completar a imagem, o conceito de Produto Mínimo Viavel necessariamente deve evoluir para o da Plataforma Mínima Viavel.

A Plataforma Mínima Viavel (MVPlatform)

Alguns já abordaram o tópico, e a leitura de Sangeet no MIT e no post de Cristobal Gracia no Sharetribe Markeplace vale a pena ler. A partir dessas primeiras reflexões — e do nosso modelo de lógica -, tentamos definir uma Plataforma Mínima (#MVPlatform) a partir de nossa perspectiva, com o objetivo de ajudar os nossos evangelistas a encontrar uma maneira mais fácil de validação do mercado.

Nós pensamos que podemos definir um #MVPlatform como:

Um caminho prático: desenvolvimento do ecossistema com novas ferramentas

Para permitir que os usuários do Platform Design Toolkit avancem com suas implementações de estratégias de plataforma, desenvolvemos o primeiro lançamento de duas telas novas.

Essas duas telas se somam a outra versão experimental que oferecemos no início deste ano, o Ecosystem Entity Portrait.

Se você tem algum projeto de plataforma ou está interessado em aprender uma nova metodologia, e se esse post foi útil de alguma maneira pra você, pode baixar os nossos canvas nesse link.

Infelizmente ainda não está disponível o kit de canvas em português, mas você pode encontrar mais informações sobre o projeto em nosso white paper, e deixe um comentário se te interessa saber mais sobre platform thinking que posso enviar uma cópia dos canvas em português quando estiver finalizado.

E obrigado por ler até aqui!
\m/

#CocadaNeles

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Rodrigo Seoane
Co.cada

Estratégia & Design para Plataformas e Ecossistemas. UX Lead @Boundaryless. #PlatformThinking #UX #Branding