O futuro das nossas cidades poderia estar no Blockchain?

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4 min readJul 4, 2017

Por Hussen Dia. Publicado originalmente por The Conversation.

Traduzido por Juliana Loyola.

No horizonte, muitas tendências oferecem oportunidades que poderiam transformar nossas cidades. Dos carros autônomos, práticas de economia de compartilhamento até a computação em nuvem e tecnologias Blockchain, cada uma dessas tendências possui uma importância significativa. Porém a convergência de suas forças disruptivas é o que criará valor real e impulsionará inovações.

Pensem no “blockchain” e a economia de compartilhamento, reunir essas duas forças pode potencialmente interromper empresas estabelecidas como Uber e Airbnb. O sucesso dessas empresas, deve-se, em grande parte, à sua capacidade de fazer uso dos ativos, propriedades existentes das pessoas, que já foram pagas, e das quais pode ser obtido um novo valor.

Efetivamente, essas empresas criaram plataformas digitais que aproveitam o excedente da capacidade e confiam às pessoas o fornecimento dos serviços.O mesmo aplica-se às outras empresas, ditas colaborativas, que apenas atuam como intermediadores de serviços, recolhendo sua fatia, além de dados valiosos para ganhos comerciais adicionais.

Esse modelo de negócios pode ser desafiado e aprimorado para benefício daqueles que estão prestando o serviço e criando o valor real? A tecnologia pode ser usada para contornar o intermediário e permitir a colaboração direta peer-to-peer dentro de uma estrutura de governança distribuída? Um mercado onde os pares seriam apenas produtores e/ou consumidores empoderados?

A tecnologia Blockchain certamente pode ser a resposta!

O que é Blockchain?

Atualmente, a maioria das pessoas usa um intermediário confiável nas relações comerciais, como por exemplo um banco, para realizar as transações. O Blockchain permite que consumidores e fornecedores transacionem diretamente, eliminando-se a necessidade de um terceiro.

Usando criptografia para manter as trocas seguras, Blockchain fornece um banco de dados descentralizado a esses agentes, um livro razão digital de transações que todos na rede podem ver. Esta rede, é essencialmente uma cadeia de computadores em que todos aprovam uma troca antes que a mesma possa ser verificada e registrada. Não há necessidade de uma autoridade central.

Pode-se pensar em Blockchain como uma segunda geração da internet, a mutação de uma internet de informações para uma internet de valor.

Os ativos descritos no Blockchain podem ser financeiros, legais, físicos ou eletrônicos. Nenhuma parte, ou bloco isolado, tem o poder de alterar os registros, algoritmos sofisticados mantém todos honestos, garantindo assim a integridade dos dados e autenticação das transações.

As ações da cadeia de blocos vão muito além dos serviços e transações financeiras. Seu valor real é estabelecer interações, baseadas na confiança, e acelerar a transferência da governança de instituições centralizadas para redes distribuídas de colaboração peer-to-peer.

O impacto pode ser profundo: uma instituição centralizada que atua como intermediária em uma transação de valor sofre agora o risco de ser extinta, já que o mesmo serviço pode ser fornecido no Blockchain através da interação peer-to-peer. O Blockchain oferece aos reais provedores de serviços um meio de colaborar e obter uma maior participação do valor por si mesmos. Agentes inteligentes em um Blockchain podem fazer quase tudo que um intermediário faz.

O protocolo de confiança da tecnologia permite que associações autônomas sejam formadas e controladas pelas mesmas pessoas que estão criando o valor. Todas as receitas de serviços, menos despesas, iriam para membros, que também controlam a plataforma e tomam decisões. A confiança não é estabelecida por terceiros, mas sim, através de um consenso criptografado permitido pela codificação inteligente desta tecnologia.

A transformação já começou.

Já temos exemplos desta tecnologia em ação. A Arcade City, uma comunidade global de serviços peer-to-peer, está planejando oferecer um serviço de carona solidária através do Blockchain. Para pegar uma carona, o usuário compra a moeda digital (conhecida como “tokens”), cria uma oferta e compromete fundos para o passeio. Um motorista reivindica a oferta, combina os fundos para sinalizar seu compromisso de serviço e pega o passageiro. O Bblockchain libera os fundos assim que o usuário reconhece que completou a carona.

O conselho da Arcade City pretende esquecer o sistema, deixá-lo em fase de teste (versão beta) por 3 anos até que ele esteja totalmente descentralizado e em funcionamento.

O mesmo conceito do uso de tecnologia de registro público distribuído pode ser efetivado em várias aplicações urbanas. Outro exemplo, uma startup de energia em Perth, na Austrália, está testando uma solução de tecnologia peer-to-peer que permite aos consumidores oferecerem energia excedente disponível, produzida através de seus painéis solares, na cadeia de blocos. Um código inteligente combina os fornecedores com os consumidores sem a necessidade de passar pelo distribuidor da energia.

Ainda existem mais perguntas do que respostas.

A tecnologia “blockchain” e o ecossistema em torno dela estão evoluindo rapidamente e levantando mais perguntas do que respostas. Como estabelecer um sistema de governança transparente para garantir a longevidade do bloco? E quanto à segurança, velocidade, custo e o mais importante: os regulamentos?

Tal como acontece com outras tecnologias disruptivas, haverá vencedores e perdedores. Se a tecnologia for gerenciada com sucesso para um crescimento escalável, ela poderá interromper normas estabelecidas e transformar nossas sociedades. Grandes camadas de dados gerados pelos consumidores hoje, que são controlados por redes, podem tornar-se públicas. Em um mundo impulsionado por “blockchain”, os consumidores podem monetizar seus próprios dados e obter maior valor.

Ao saber quando e como aproveitar esta tecnologia, temos a oportunidade de transformar as plataformas digitais para as cidades do futuro. O “blockchain” torna-se o sistema operacional da cidade, invisível, mas onipresente, melhorando o acesso dos cidadãos a serviços, bens e oportunidades econômicas.

Hoje a tecnologia ainda está amadurecendo. Resta saber se as expectativas estão à altura da realidade.

Lembram da internet em meados da década de 1990? Poucas pessoas teriam previsto seu significado naquela época. Se tivéssemos compreendido os impactos da internet há 20 anos, o que poderíamos ter feito de forma diferente para criar mais valor?

Isso é onde nós estamos hoje com Blockchain. O poder desta transformação se tornará mais atraente à medida que o alvoroço acabar e começarmos a liberar as possibilidades.

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