4 meses dos Embaixadores Cocôzap

Ruth Osório
cocozap
Published in
3 min readOct 1, 2021

Registro ativo das queixas de saneamento na Maré

Como forma de continuar o mapeamento comunitário em plena pandemia do covid19, o Cocôzap decidiu experimentar uma forma inédita de mapeamento comunitário: há quatro meses, jovens moradores da Maré percorrem todas as ruas das 16 favelas da Maré mapeando problemas de saneamento

O time de embaixadores é composto por quatro jovens que são moradores da Maré e que circulam pelo território desde que nasceram, e por isso conhecem bem os problemas de saneamento do bairro e seus impactos no cotidiano da população.

Para conseguir dar conta de todas as 16 comunidades, os embaixadores foram divididos em quatro diferentes grupos de favelas a partir da proximidade que eles têm com esses grupos. A embaixadora Elenice, moradora do Conjunto Esperança, foi a responsável pelas favelas Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Salsa e Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança. A Juliana, cria da Baixa do Sapateiro, mapeou as comunidades Baixa do Sapateiro, Bento Ribeiro Dantas, Morro do Timbau e Nova Maré. Já o Matheus, morador da Nova Holanda, registrou as queixas de saneamento das favelas Parque Maré, Nova Holanda, Parque Rubens Vaz e Parque União. Por fim, as comunidades Roquete Pinto, Praia de Ramos e Marcílio Dias começaram a ser mapeadas pelo embaixador Wanderson e agora contam com Anderson como o responsável por essa região.

O que rolou nesses 4 meses

Após 4 meses de projeto, os Embaixadores Cocôzap percorreram todas as ruas do Complexo da Maré, do Conjunto Esperança a Marcílio Dias.

Nesses caminhos, foram registradas 223 queixas de saneamento. Considerando que nossa meta era dobrar nossa base de dados inicial, esse número é quase 3 vezes maior do que o número de queixas recebidas pelo Cocôzap no período de 2018 a julho de 2021.

Dessas 223 queixas, a gente conseguiu confirmar o que a maioria dos moradores já percebe: o maior problema de saneamento da Maré é o esgotamento sanitário. Isso porque 55% das queixas registradas são relativas a problemas de esgotamento sanitário, como vazamento de esgoto, bueiro entupido e esgoto a céu aberto. Já os problemas com resíduos sólidos na Maré não ficam muito atrás: 33% das queixas são relacionadas a problemas com lixo, como lixo acumulado nas ruas.

A gente também conseguiu concluir que as comunidades Baixa do Sapateiro, Vila dos Pinheiros e Morro do Timbau são as campeãs de problemas de saneamento. A Baixa do Sapateiro e a Vila dos Pinheiros foram as comunidades com maior registro de queixas, representando, cada uma, 16% das queixas totais

Mapeamento das queixas de saneamento nas favelas Parque Maré, Nova Holanda, Parque Rubens Vaz, Parque União, Baixa do Sapateiro, Bento Ribeiro Dantas, Morro do Timbau e Nova Maré

Próximos passos

Em setembro de 2021 os Embaixadores Cocôzap começam uma nova fase: o monitoramento dessas queixas registradas. A gente sabe que a realidade do saneamento na Maré é dinâmica. Muitas vezes locais que acumulam lixo por meses podem passar por uma intervenção (que pode ser pública ou comunitária) e esse lixo acumulado acaba se deslocando para outro lugar. Desse modo, monitorar os problemas de saneamento pode ser uma resposta para questionamentos recorrentes, como: problemas relacionados a esgotamento sanitário são resolvidos? no geral, a comunidade resolve os problemas ou são envolvidas as associações de moradores e órgãos públicos; como os pontos de lixo se deslocam na Maré?,…

O mapeamento ativo das queixas de saneamento da Maré feito pelos Embaixadores também foi muito importante para a gente desenvolver um diagnóstico dos problemas que mais afligem as 16 favelas da Maré. No momento, esse diagnóstico está sendo trabalhado em conjunto com as Associações de Moradores da Maré e a Redes da Maré para que melhores políticas sejam exigidas em relação à atuação dos prestadores de serviço de saneamento por aqui.

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