A juventude da favela: potência

Bruna, 22 anos, moradora do Morro do Timbau, Maré. Pesquisadora sobre intervenção em soberania alimentar no Complexo da Maré, aspirante a fotógrafa com sonho em ser geógrafa.

Primeiramente, quero agradecer muito a todxs da equipe do data_labe pelo carinho, dedicação e oportunidade de informação sobre o universo jornalístico e sobre métodos de uso de dados. Como favelada, vivencio a cada dia a falta de oportunidade para os jovens e como isso se reflete ainda na nossa exclusão em espaços acadêmicos e acesso às informações.

O conhecimento que nos é direcionado é propositalmente traçado pelo capital e não gira em torno de um trabalho de base, mas sim, na base, pois o interesse da burguesia é que fiquemos no apoio da pirâmide e que nunca passemos dela. Ter a oportunidade de pesquisar sobre a favela e sua situação atual sobre saneamento foi mais do que aprender sobre os métodos de uso de dados, entrevistas, narrativas e pesquisa. Para mim, é ter tido a oportunidade de explorar mais de perto, e com o olhar mais crítico e interventivo, do quanto faltam políticas públicas mínimas para o morador, que, insistentemente, tem seu direito e acesso negado.

Também nisso, inevitavelmente, a troca e o afeto aconteceram entre a equipe, o que me fez entender que os vínculos com a pesquisa foram muito além do assunto: relações de respeito e ativismo pela favela, pois, juntos, somos potência.

O protagonismo de cada favelado não deve ser ‘’tomado’’. Mais do que nunca, é preciso que a pesquisa e o uso dos dados sejam claros e acessíveis aos favelados e que a comunicação inclua a todos nós moradores, para a movimentação e autonomia de uma favela consciente e conhecedora das suas principais demandas. Afinal, pra quem mais vai servir as políticas públicas se não para nós?

Seguiremos na luta, juntos ou não, mas sempre com o mesmo propósito. Foi uma satisfação enorme participar desse projeto, compartilhando um pouco sobre minhas perspectivas e aprendendo sempre mais.