Pré-COP na Maré
Possibilidades e caminhos para uma maré mais sustentável e resiliente
Já imaginou um evento que reúne os grandes líderes mundiais para discutir o futuro da humanidade acontecendo em uma das maiores favelas do Rio de Janeiro? Aqui na Maré a gente sonha com isso direto. E não é só porque as favelas são as mais vulneráveis quando o assunto é mudanças climáticas, mas porque, historicamente, esses espaços de discussão e decisão são negados para pretos e favelados.
No dia 31 de outubro teve início a Vigésima Sexta Conferência das Partes em Glasgow, na Escócia, com o objetivo de discutir o clima e estabelecer acordos globais no combate às mudanças climáticas. Mas enquanto a COP não vem para a Maré, aqui a gente também se organiza para discutir os impactos das mudanças climáticas no cotidiano dos mareenses, articulando também o que a gente pode fazer hoje e agora.
Nesse caminho, no dia 30 de outubro, o Cocôzap, junto com a Redes da Maré e o projeto de extensão da UFRJ Muda Maré, organizou a Pré-COP na Maré. Realizado na Mata do Pinheiro, o evento era voltado para os coletivos da Maré discutirem as mudanças climáticas no conjunto de favelas e encontrarem formas de enfrentamento.
A Mata, que abrigou esse encontro, é o maior e um dos únicos espaços verdes entre as 16 favelas da Maré e ocupa um lugar muito simbólico nas memórias dos moradores mais antigos. Quando aqui na Maré tudo ainda era água, a Mata se chamava Ilha dos Pinheiros e era, até a década de 80, um laboratório a céu aberto da Fiocruz para criação de macacos rhesus. Com o aterramento da Maré, a Ilha foi transformada em um espaço de lazer para a comunidade, mas seguindo a lógica de sucateamento dos espaços periféricos na cidade, hoje a Mata do Pinheiro sofre com o abandono público, excesso de lixo, falta de iluminação e calçamento.
Na Pré-COP da Maré, a gente entendeu que uma das formas de enfrentamento que nós temos é a ocupação e recuperação do espaço da Mata enquanto lugar de lazer, de diversidade, conforto ambiental e também lugar de potência e fortalecimento dos coletivos mobilizadores na Maré.
