#VamosJuntas!
Além dos adesivos, cervejas, camisetas e outros brindes inusitados, os eventos de tecnologia oferecem a oportunidade de atualização, conhecimento e network para profissionais e iniciantes na área. Então, quando chegamos nesses eventos e vemos uma plateia predominantemente masculina…
Vários questionamento surgem: mulheres não gostam? Não querem? Não tem talento para trabalhar com tecnologia?
A resposta é sim para todas essas perguntas.
Quer dizer que você tem que chamar a sua(seu) amiga(o) para ir com você aos eventos de tecnologia.
Mas por onde começar?
Bem, você pode fazer como a Kamila, que conheci no Front in Vale , no sábado 16 de setembro.
Na foto abaixo, à esquerda, é a Mariana Rondino que palestrou sobre Heurísticas de Nielsen e à direita, a Kamila Almeida.
Cheguei até a Kamila perguntando: “E aí, está gostando do evento?” A resposta veio com um sorriso, deu para perceber que ela estava confortável, apesar de estar sozinha no evento. O papo se desenvolveu até ela me contar que os eventos estão sendo muito importantes para sua trajetória e que se não fosse por um evento em específico, ela não estaria no Front in Vale.
A história da Kah eu já ouvi algumas vezes: “Cursou algo relacionado a tecnologia, teve dificuldades de se estabelecer na área e encontrou uma rede de apoio em grupos femininos”. Inclusive é uma história bem parecida com a minha…
Ela me contou que uma de suas principais incentivadoras foi a Mônica Mota Ocariz, que a treinou no Django Girls, motivando-à continuar investindo na carreira e a ir a mais eventos.
(Ir aos eventos é importante!)
Não demorou muito até surgir o convite da professora Ângela Saemi para participar do Dev Girls onde conheceu a Gláucia, que a convidou para contribuir em seu projeto pessoal.
Eis que surgiu então, da participação em um evento, a oportunidade de colocar a mão na massa e mostrar seu potencial como profissional.
Mas por que será que a Kah (eu, e a maioria das mulheres que conheço) precisou primeiro da experiência em um evento exclusivo para mulheres para só depois se aventurar em eventos mistos?
Nós duas chegamos a conclusão que por uma questão de segurança e representatividade!
Em um ambiente só para mulheres, as expectativas de não sofrer assédio ou discriminação, ter as dúvidas esclarecidas (por mais bobas que pareçam) de forma respeitosa e paciente e principalmente ter a palavra, se fazer presente, ser participante e não apenas figurante no evento, têm mais chances de serem correspondidas.
Isso é bem controverso. É equivalente a dizer que eventos que não são direcionados exclusivamente para mulheres, pessoas de comunidades periféricas, LGBTQI+, afros, pessoas com deficiências/discapacidades entre outros grupos, não são capazes de oferecer um ambiente confortável e seguro.
Temos sim, em eventos dos mais diversos formatos, vários casos de discriminação, assédio, e outros tipos de desrespeito com vários grupos. Uma busca rápida no Google já ajuda a tirar a curiosidade de quais eventos aconteceram isso.
No entanto, alguns organizadores e grupos estão se unindo para tornar os eventos de Tecnologia o mais inclusivos e acessíveis possível. Foi o que fez com que a Kamila considerasse ir ao Front in Vale.
Com algumas ações simples por parte dos organizadores, porém muito importantes foi permitido que a Kamila:
- Embora tenha ido sozinha, onde a plateia era predominantemente masculina, tenha se sentido representada, já que 50% dos palestrantes foram mulheres.
- Sabia que estaria de alguma forma mais segura quanto ao assédio e discriminação, porque o evento adotou um Código de Conduta que deixava bem claro que não seria tolerado nenhum tipo de desrespeito.
- E para fazer uma espécie de compensação, sabendo que a iniquidade de renda ainda é realidade, ofereceu desconto no ingresso para o público feminino.
São ações simples, mas que podem ser cruciais quanto a escolha de ir ou não a um evento. Lembrando que a responsabilidade de promover um ambiente inclusivo e acessível para a comunidade de tecnologia, é principalmente dos idealizadores, mas nós, como frequentadores desses eventos, podemos fazer nossa parte sinalizando a eles que:
- É inadmissível todo e qualquer tipo de desrespeito nos espaços físicos e virtuais.
- O evento adotar e divulgar amplamente um Código de Conduta.
- Considerar a questão de representatividade na escolha dos palestrantes.
- Local acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
Entre outras ações…
Como disse a Kamila: “Precisamos continuar lutando por nosso espaço e nos apoiando.” ❤