Code Club Jardim Casablanca completa 3 anos de trabalho em SP

Erika Yamauti
Code Club Brasil
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5 min readOct 3, 2019

O Code Club Brasil continua crescendo e impulsionando mudanças nas comunidades em todas as regiões do Brasil! A última pesquisa mostra que o estado de São Paulo possui atualmente o maior número de clubes em atividade.

Conversamos com a Luciana Bezerra, líder do Code Club Jardim Casablanca, que funciona na zona Sul de São Paulo, aos sábados das 10 às 12 horas, para saber um pouquinho mais sobre o funcionamento do Code Club, e como podemos fazer projetos juntos! Confira nosso bate-papo!

Code Club Casablanca funciona aos sábados, atendendo jovens na Zona Sul, e é coordenado por Luciana Bezerra (na foto, terceira da direita para esquerda)

CCBR: Como funciona o seu Code club? Há quanto tempo começou?
Comecei em 2016. Estamos funcionando por 3 anos. Nosso time de voluntários funciona em esquema de rodízio, com o comprometimento de que vai participar por um semestre.
Todo início de semestre, eles devem renovar (ou não) sua participação e optar quantas vezes por mês desejam participar. Eu monto a agenda do semestre e passo no nosso grupo do Whatsapp. Eles revisam e pedem para trocar alguma data se tiverem viagens, férias ou aniversários. Durante o semestre, se algum voluntário tiver algum compromisso não planejado, eles negociam uma troca de data com antecedência. Dessa maneira, mesmo para quem tem um trabalho mais puxado ou tem família, fica fácil se planejar e colaborar com o tempo disponível, de uma forma bem realística.
Já aconteceu de voluntários que saíram por 1 semestre, por saberem que o trabalho estaria mais puxado, ou porque tinham um curso, e no semestre seguinte voltaram, aumentando ou diminuindo o número de sábados por mês! Esses procedimentos ajudam o Clube a ser sustentável e funcionar por vários anos. Outro detalhe que ajuda na coordenação é que na quarta feira, o líder sempre manda uma mensagem no grupo, confirmando/lembrando quais são os voluntários do dia e que aula eles darão.

CCBR: Quantos alunos são atendidos, em média?
Nosso clube optou por atender os alunos de uma maneira mais individualizada, ao invés de um grande número de alunos. Então temos uma média de 10 alunos por semestre. A recomendação do Code Club é 1 hora de aula para alunos de 7 a 10 anos. Nós optamos por alunos com no mínimo 11 anos, e fazemos 2 horas de aula. Na prática, a faixa de idade se concentra de 11 a 18 anos. Dessa maneira temos um perfil bem variado de alunos.
Temos alunos prestes a fazer ENEM e alguns descobrem que tecnologia é a praia deles, e encaminham sua formação para TI. Alguns são muito bons de lógica e ao sentirmos isso, os desafiamos com alguns desafios extras. Outros adoram jogos, mas tem deficiência em conceitos de matemática, e como fazemos um esquema mais individualizado, muitas vezes os ajudamos com conceitos que eles deveriam pegar na escola.

CCBR: como os jovens “sentem” as aulas? Qual a reação quando eles vão aprendendo?
Tentamos sempre “sentir” o aluno e puxá-lo de acordo com o perfil. Para isso, tentamos ter um voluntário para cada 3 alunos. É comum ouvirmos comentários como: “Tivemos Scratch na escola e eu achei super difícil. Aqui, eu consegui entender e gostar!”, “Eu não imaginava que conseguiria fazer tantas coisas em uma aula.” ou ainda “agora eu entendi como esse plano cartesiano funciona!!!!”

CCBR: Voluntários podem participar do projeto? Como entrar em contato?
Eu sempre tiro fotos nas aulas e posto na página Code Club Brasil do Facebook ( https://www.facebook.com/groups/CodeClubBrasil). Isso traz potenciais voluntários que querem conhecer. Sempre incentivo a visitarem sem compromisso e ver na prática como funcionamos. Quando estou precisando de mais voluntários, comento nas fotos que necessitamos. Posts frequentes dão visibilidade ao clube! Quando eles visitam e descobrem que podem colaborar apenas um sábado por mês, ajuda no engajamento!

CCBR: existem outras formas de ajudar ou apoiar vocês?
Novos voluntários são sempre bem vindos. No momento seria interessante termos um voluntário que desejasse dividir a liderança do clube!

CCBR: qual era a sua experiência como voluntária?
Fui voluntária por 6 anos numa ONG que ensina inglês em sistema de voluntariado, a Cidadão Pro Mundo. Muitos procedimentos que uso no meu Code club eu desenvolvi nesse trabalho anterior. Também aprendi na Cidadão Pro Mundo que aulas costumam ter uma certa taxa de desistência de alunos. Mas devemos focar na porcentagem de alunos que realmente tem a vida afetada por nosso trabalho! Vi muitos alunos desistindo, mas também vi um número considerável se formando, e conseguindo boas oportunidades de estudo ou trabalho devido às aulas que tiveram. É um sentimento de gratidão muito grande ver que colaboramos na mudança de uma vida!

Equipe de voluntários e alunos do Code Club Jardim Casablanca

CCBR: na sua opinião, qual a importância do trabalho do Code club para a educação das crianças e jovens?
Descobrir um potencial ou uma vocação que elas não imaginavam! Sentir autoconfiança por aprenderem algo que inicialmente parece difícil e sofisticado. Descobrir que aprender pode ser divertido!

CCBR: Tem mais alguma reflexão que você considera importante para os líderes e voluntários de clubes?
Tanto os líderes de clube quanto os voluntários devem ser realistas no quanto podem colaborar. Isso ajuda na constância do trabalho. Nos primeiros anos, eu e alguns outros voluntários tínhamos muita disponibilidade de tempo. Chegamos a montar um curso de algoritmo e produzimos alguns materiais extras, para manter os alunos por mais tempo. Nos últimos semestres eu e alguns dos voluntários mais assíduos ficamos mais ocupados com trabalho ou vida pessoal. Nos reunimos e optamos por dar apenas os módulos de Scratch, dessa maneira mantivemos o projeto funcionando, e encaixando bem na nossa limitada disponibilidade de tempo.
Como funcionamos em rodizio, é importante ter alguém que conhece o perfil dos alunos e passa essas informações para os voluntários do dia. É importante ter um controle dos programas de aulas que cada aluno fez. O segredo é fazer essas informações fluírem entre os diversos voluntários.
E principalmente enxergar quem é o aluno, e proporcionar a experiência mais adequada para aquele perfil. Os voluntários sempre terminam a aula com um grande sentimento de realização!!!!!

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Erika Yamauti
Code Club Brasil

Journalist, marketing and event specialist, discovering the living Japan in Brazil.