Não entreviste clientes, faça um workshop

Mateus Villain
Code Dimension
5 min readAug 10, 2021

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Conheça o UX Discover da Homem Máquina, uma dinâmica para coletar informações e encontrar soluções.

#pracegover Na foto, o Discovery Canvas repleto de post-its, após um workshop conduzido pela própria Homem Máquina
Fotografia do Discovery Canvas, da Homem Máquina

Existem inúmeros processos que profissionais e empresas aplicam na hora que são introduzidos a um novo cliente, e precisam levantar uma grande quantidade de informações para começar o projeto, como por exemplo, o famoso briefing. Um documento repleto de questões, que vai embasar o profissional ou a equipe na sua produção.

Mas cá entre nós, você realmente acredita que um formulário vai pegar todos os problemas e necessidades que esse cliente necessita? O contato digital é algo que facilita e agiliza muito o nosso trabalho, não tem como negar, mas a própria pandemia nos mostrou que o contato físico é extremamente importante, e se tratando de conversas com clientes, não digo que necessariamente precisa ser algo presencial. O digital pode e deve continuar sendo um ótimo meio de contato, mas que pelo menos as webcams estejam ligadas, para mantermos a humanidade, e evitar os papos por mensagens. Quando conversamos cara a cara, as coisas são mais espontâneas, diferente da mensagem, que às vezes nos força a pensar no que falar antes de responder, e de tantos pensamentos, é possível que muita informação não seja coletada, ou até mesmo limitada, que é o caso de briefings padrões feitos digitalmente.

Por essa e várias outras razões que a Homem Máquina, empresa que presta consultoria e soluções em design, desenvolveu um canvas, chamado de Discover Canvas, e elaborou o Workshop de UX Discovery, que nada mais é do que uma reunião de descobertas, permitindo que você, em menos de 1 hora, consiga informações ricas e necessárias para dar início ao projeto.

O Workshop

A palavra “workshop” pode assustar no início, por demonstrar ser um processo mais longo e trabalhoso que o normal, mas esse método não é nenhum bicho de sete cabeças. É simples de entender, e mais ainda de aplicar, e quanto aos resultados, você só tem a ganhar, e nada a perder.

É importante que, antes de você aplicar esse workshop, você entenda o que são personas, como criá-las e aplicá-las no contexto do seu cliente.

Obviamente, quando o cliente entrar em contato com você, ele provavelmente dirá o que está buscando, ou dirá os problemas pelo qual está passando, então você já terá um contexto das dores antes da aplicação do workshop, mas os dados reais e as soluções que você irá promover serão todas desenvolvidas nesse momento.

#pracegover Discover Canvas sendo preenchido durante um workshop.
Discover Canvas sendo preenchido

É interessante envolver mais do que apenas um stakeholder do projeto durante a dinâmica. A recomendação é que pelo menos três pessoas por parte do cliente participe, mas não há um limite de pessoas, contudo, quanto mais pessoas participarem, é bem provável que a duração do workshop aumente. Da sua parte, o ideal é que pelo menos duas pessoas participem, que são o host e o anotador. Basicamente, o host é quem domina a conversa, vai fazendo as perguntas e instigando o pessoal a expor ao máximo suas visões, enquanto o anotador irá pegar todas essas informações e transformará em post-its dentro do canvas. Ainda sim, isso não é uma regra. Você pode envolver mais pessoas do seu lado, principalmente a função de coleta de informações, o que é recomendado caso entrem muitas pessoas no workshop.

A dinâmica

Antes de começar, primeiro apresente seu time, ou se você for um profissional solo, apresente um pouco mais do seu trabalho. A ideia é criar mais fidelidade com o cliente, para não parecerem estranhos conversando. Quanto mais confortável ele se sentir, mais informações poderão aparecer.

Provavelmente antes desse momento, você já deve ter introduzido o cliente sobre o que irá acontecer, mas vale a pena relembrar, principalmente se caso estejam outros stakeholders presentes. Basicamente, explique o que irá acontecer nessa próxima hora e que tipo de informações serão coletadas (referente a cada espaço do canvas). Assim que todos entenderem como funcionará a dinâmica, é hora de começar.

Pegue seus papeis, canetas, post-its, ou se estiver fazendo de forma digital, acredito que o Miro seja a melhor ferramenta pra você realizar esse workshop. Não existe um roteiro padrão de perguntas. Na primeira conversa com esse cliente, ele provavelmente explicou qual era o problema que queria resolver, então você já tem um contexto do tema, agora é preciso guiar a conversa e coletar mais informações, começando por perguntas básicas, que vão te nortear nos questionamentos, como entender quem é o cliente, quem são as pessoas envolvidas por traz disso, de onde surgiu essa dor, e aonde isso costuma acontecer. As respostas para essas perguntas, inicialmente serão direcionadas para os espaços “cenários”, “dores” e “personas”.

#pracegover Imagem do Discover Canvas, com os espaços para Cenários, Dores, Personas e CP’s
Discover Canvas

De forma resumida, os cenários são os locais em que as personas estão envolvidas no determinado contexto. As personas são uma forma de representar as pessoas que estão passando por uma determinada dor. E as dores são os problemas que essas pessoas estão enfrentando. É importante dizer que não há um limite de informações a serem coletadas. Quanto mais dados, melhores soluções você pode prover para seu cliente.

Assim que o workshop estiver se guiando para o fim, é hora de finalizar as perguntas, e partir para o último bloco que é o “Como poderíamos”. Basicamente, baseado em tudo o que foi anotado, você precisa gerar indagações a si e sua equipe sobre como como vocês poderiam solucionar tal problema. Por exemplo, você anotou na área das “dores” que os usuários estão ficando pouquíssimo tempo nos sites, então você poderia anotar “Como poderíamos manter os usuários no site por mais tempo?”.

Fazer um workshop com um cliente em vez de realizar aquele briefing padrão… Um tanto diferente, né? Mas é uma maneira ótima de conhecer mais o seu cliente, e prover soluções verdadeiramente eficazes.

Tem mais detalhes que você pode conferir sobre essa dinâmica no próprio site da Homem Máquina, e pode aproveitar e já baixar o arquivo PDF do Discover Canvas, e começar a aplicar os seus workshops.

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Mateus Villain
Code Dimension

Product designer, instrutor de UX na Alura, pro player de Figma e especialista em Harry Potter.