Método Kanban
Criado por David J. Anderson em 2010, onde adaptou o modelo que chamou de “Kanban para desenvolvimento de software”, o qual combina o lean mindset com a teoria das restrições, transformando-o em uma abordagem enxuta para o desenvolvimento de software ágil.
Termo kanban
De origem japonesa e significa “cartão” ou “sinalização”. Permite um controle detalhado do desenvolvimento de software com informações sobre quando, quanto e o que desenvolver.
Quadro kanban
Utilizado para representar as atividades em andamento, é um quadro de tarefas com os kanbans sinalizando o status das tarefas, muito usado na gestão visual das atividades.
Princípios
- Comece com o que você faz agora;
- Busque mudanças evolucionárias e incrementais;
- Respeite a estrutura atual, seus papéis, responsabilidades e cargo;
- Incentive atos de liderança em todos os níveis.
Práticas
Visualizar o fluxo de trabalho (Workflow);
- Se trata do modelo visual de trabalho. Pode ser um quadro físico ou quadro kanban eletrônico (Jira, Trello…);
- O intuito é nomear as colunas do quadro para ilustrar onde cada atividade está no fluxo de trabalho (Ex.: To Do, Doing, Done), esse fluxo pode ser ajustado conforme necessidade do time ou projeto;
- Então, divide-se o fluxo de trabalho em partes e escreve-se cada atividade em um card/post-it;
- Dessa forma, é possível prover visibilidade do fluxo de trabalho a toda a equipe, além de obter transparência e identificação de desperdícios, aumentar a comunicação e colaboração, facilitar a percepção dos impactos ocasionados pelas constantes mudanças, ou seja, visualizar o gargalo e tomar ação para resolução dos problemas.
“Antes de falar, faça alguma coisa, experimente.” — Sakichi Toyoda
Limitar a quantidade de trabalho em andamento
- Limitar o trabalho em andamento (WIP — Work In Progress) no quadro kanban;
- Após análise e avaliação da limitação ideal para o time, adicionar em cada coluna o valor máximo de atividades;
- Dessa forma, incentiva-se a equipe a concluir o trabalho disponível antes de atribuir-se a um novo trabalho, ou seja, a mesma se compromete com menos trabalho de uma só vez, reduzindo o tempo gasto em cada item e mantendo o equilíbrio do ritmo de trabalho. Isso evita problemas causados pela alternância de tarefas, reduzindo a necessidade de priorização dos itens e mantendo o Lead time estável. Além de permitir transparência sobre a capacidade limitada do trabalho da equipe.
“Pare de começar e comece a terminar” — Desconhecido
Gerenciar e medir o fluxo
- Observar e entender como o trabalho está fluindo no quadro kanban. Analisar as áreas em que o fluxo está parado/indefinido ou com gargalos, para que se possa implementar mudanças que favoreçam a melhoria contínua, repetindo esse ciclo para entender se as mudanças estão tendo um impacto positivo ou não;
- O gerenciamento disso fará com que o tempo gasto nas etapas reduza e a entrega seja realizada em menos tempo, além de capacitar a equipe em prever o tempo de conclusão das atividades e manter o compromisso de entrega consistente com o cliente;
Exemplos:
- Lead time — Tempo médio de entrega de ponta-a-ponta. É o tempo total que o cliente aguarda para a entrega da atividade.
- Cycle time — Ritmo/frequência de saída do sistema. A diferença entre o momento que a atividade é considerada “em progresso” até o momento que ela entra em seu estado final.
- Throughput — Taxa de saída do volume de entregas por período de tempo. É uma métrica que demonstra a quantidade de atividades entregues em um determinado período de tempo (semana, mês).
- CFD (Cumulative Flow Diagram) — É uma métrica para visualizar o fluxo de trabalho através dos status das atividades, ou seja, demonstra o quanto de atividade ainda resta a fazer, as atividades em andamento, as atividades concluídas, bem como, os possíveis problemas que possam ocorrer com o time/projeto, como gargalos ou impedimentos.
- Flow Efficiency — É uma métrica que auxilia na redução do tempo não produtivo no fluxo de uma atividade.
“O que pode ser medido, pode ser melhorado.” — Petter Drucker
Tornar as políticas do processo explícitas
- Definir e tornar as regras e políticas claras para todos, essas devem ser visualizadas no topo do quadro e em cada coluna.
- Isso é importante para criar uma base comum para todos, com o entendimento de como executar qualquer tipo de tarefa no sistema, entender também qual a definição de concluída das tarefas, a quantidade de tarefas individuais em andamento, quais profissionais podem atualizar o quadro, entre outras.
“Políticas explícitas no Kanban governam o comportamento do time.” — Aldo d’Aquino
Implementar loops de feedback
- A análise do fluxo de trabalho é importante para feedbacks;
- Pode-se realizar as medições através de, relatório, indicadores gráficos ou outros, que relatem o andamento do trabalho e progresso no sistema;
- Com isso, é possível se certificar que a entrega feita corresponde a funcionalidade esperada, com a qualidade adequada.
- Auxilia também a minimizar os riscos, pois as decisões são validadas continuamente e os problemas exposto imediatamente para resolução.
“Feedback não é uma opção. É uma obrigação da gestão.” — Bernardo Leite
Melhore e evolua constantemente
- Identificar e aplicar melhorias continuamente, incentivando a equipe na aplicação da filosofia Kaizen (melhoria contínua);
- Promover pequenas alterações no processo, contínuas, incrementais e evolutivas, que causem menor resistência à mudança.
- É importante tornar os problemas visíveis e engajar o grupo na mudança.
Exemplos:
- TOC, System thinking, 3ms;
“Quem se limita, não MUDA; quem não muda, não se TRANSFORMA; quem não se transforma, não EVOLUI.” — Erasto J. Meneses Ortiz
Classificação de itens e hierarquia
A classificação é definida de acordo com o processo de trabalho da equipe, não existe uma regra que dite quais tipos de itens devem ser utilizados.
- Épicos (Epics): Um épico é uma grande estória.
- Estória de usuário (User Story): Uma estória de usuário é uma curta e simples descrição de um recurso. Normalmente utiliza-se o seguinte formato:
Eu Como/Sendo <quem>, quero/gostaria/devo/posso <o que>, para que/de/para <porque/resultado>
- Tarefas (Tasks): As tarefas são os elementos de uma estória. Estórias de usuário que são muito pequenas, podem não ter a necessidade de ser divididas em tarefas.
Reuniões/Cadências do Kanban
Reunião de reabastecimento (replenishment meeting)
- Objetivo: Decidir quais atividades serão trabalhadas, comprometer-se com a próxima entrega e repor o backlog para o fluxo de trabalho.
- Cadência: Semanal.
- Duração: 20 a 30 minutos.
- Participantes: Service Delivery Manager (SDM) ou facilitador juntamente com o time.
Atividades:
- Verificar o que há de novo desde o último encontro;
- Inspecionar todas as atividades do backlog;
- Certificar de que as atividades que estão disponíveis para seleção estejam priorizadas, detalhadas, com a devida classificação e mapeamento dos riscos, ajustar quaisquer inconsistências;
- Verificar quantas atividades o fluxo comporta para o acréscimo de atividades;
- Filtrar as atividades disponíveis para obter uma lista de tarefas a serem selecionadas e priorizadas;
- O responsável pelo negócio realiza a priorização dessas atividades;
- Juntamente com o time, selecionar as atividades priorizadas que irão ser trabalhadas, conforme a capacidade do fluxo/equipe.
Reunião diária (Kanban meeting)
- Objetivo: Observar e rastrear o status do trabalho (não os trabalhadores), para observar o fluxo da atividade.
- Cadência: Diária.
- Duração: 10 a 20 minutos.
- Participantes: O time que desenvolve o trabalho facilitado pelo Service Delivery Manager (SDM).
Atividades:
- O time deve visualizar as atividades e verificar o status, (em andamento, não iniciada ou bloqueada);
- O facilitador irá percorrer o quadro kanban, junto com o time da direita (mais perto da conclusão) para a esquerda (mais recentemente iniciado);
- O facilitador pode solicitar uma atualização de status de uma atividade ou simplesmente perguntar se há alguma informação adicional que o time não tem conhecimento;
- As atividades bloqueadas ou atrasadas deverão receber maior atenção. O time deverá discutir brevemente quem está trabalhando no problema e quando será resolvido. Quaisquer outros problemas de bloqueio devem ser informados, para direcionamento e apoio.
- Times mais maduros devem somente discutir atividades bloqueadas e não há necessidade de discutir cada atividade no quadro;
- O facilitador deve assumir a responsabilidade pela resolução de problemas de bloqueio. E deve perguntar quem é designado para resolvê-lo e quando será resolvido.
- Após a reunião, os integrantes do time se encontram espontaneamente para resolver qualquer questão ou problema observado durante a reunião.
Reunião de planejamento de entrega (delivery planning)
- Objetivo: Planejar a entrega e definir os critério de aceitação.
- Cadência: Varia de acordo com a cadência de entrega.
- Duração: 1–2 horas.
- Participantes: Facilitador, partes interessadas para aceite, especialistas para dúvidas técnicas e os líderes para tomada de decisões.
Pontos a serem respondidos:
- Quais itens do sistema estão (ou estarão) prontos para serem lançados?
- O que é necessário para realmente liberar os itens em produção?
- Quais testes serão necessários após a liberação para validar a integridade dos dados em produção?
- Quais riscos estão envolvidos?
- Como esses riscos estão sendo mitigados?
- Quais planos de contingência são necessários?
- Quem precisa estar envolvido no lançamento e presente durante o deploy em produção?
- Quanto tempo vai demorar a release?
Reunião de revisão da estratégia (Strategy review)
- Objetivo: Revisar a estratégia de negócios do produto e da operação. Verificar se o produto e entrega estão de acordo com os valores esperados pelo negócio e certificar se as metas são atingíveis.
- Cadência: Trimestral.
- Duração: ½ dia.
- Participantes: Equipe voltada para o cliente, líderes seniores, gerente de produto e de portfólio.
Reunião de revisão de operações (Operations review)
- Objetivo: Revisar o sistema de forma global, revisão das demandas com foco em gargalos, dependências e efeitos dependentes.
- Cadência: Mensal.
- Duração: 2 horas.
- Participantes: Service Delivery Manager (SDM) e Service Request Manager (SRM), gerentes seniores, plenos e funcionais, responsáveis técnicos de cada sistema kanban, gerentes de produto, gerentes de portfólio e gerentes de projetos.
Atividades:
- Observar o desempenho, a capacidade e as dependências entre vários sistemas kanban;
- Expor as dependências e interdependências entendidas;
- Sugerir eventos Kaizen;
Reunião de revisão de entrega de serviço (service-delivery review)
- Objetivo: Verificar se as demandas estão sendo entregues de acordo com as expectativas dos usuários finais (clientes).
- Cadência: Duas vezes por mês.
- Duração: ½ hora.
- Participantes: Service Delivery Manager (SDM), Service Request Manager (SRM), clientes e outras partes interessadas e representantes do time de entrega.
Atividades:
- Uma discussão focada sobre a capacidade do sistema;
- Revisar as métricas dos critérios de adequação;
- Discutir as deficiências em relação às expectativas do cliente;
- Discutir opções para mitigação e redução de riscos do projeto em relação às expectativas;
- Quais serviços são fornecidos atualmente? Quais solicitações de serviço / tipos de atividades de trabalho estão sendo aceitas?
- Quais são as expectativas de nível de serviço de cada tipo de item de trabalho?
Pontos a serem respondidos:
- Qual é a capacidade atual de fornecer cada tipo?
- Distribuição de lead time;
- Taxa de entrega;
- Volume de transações, volatilidade, imediatismo;
- Eficiência de fluxo;
- Qualidade;
- Risco de atraso e probabilidade e impacto;
- Perguntas relacionadas à melhoria de processos;
- O que sua equipe conseguiu desde a última reunião?
Reunião de análise de risco (risk review)
- Objetivo: Revisar os riscos dos sistemas kanban, focando em problemas que comprometam a entrega.
- Cadência: Mensal.
- Duração: 1–2 horas.
- Participantes: Service Delivery Manager (SDM), qualquer pessoa com informação ou experiência com atividades bloqueadas, gerente de projetos e de programa, gerentes voltados para o cliente (opcionais).
Atividades:
- Selecionar as atividade bloqueadas no último mês;
- Analisar a probabilidade e impacto das atividades bloqueadas;
- Identificar e focar nos riscos que mais afetam a distribuição do lead time;
- Revisar as políticas de gerenciamento de risco;
- Identificar as probabilidades e impactos;
- Analisar a causa raiz.
Pontos a serem respondidos:
- Como queremos tratar o risco?
- Temos o quadro de avaliação de risco correto?
- Identificamos corretamente os riscos?
- As classificações de riscos fornecem informações suficientes? Elas precisam ser modificadas?
- Quais os riscos que queremos cobrir? Como devemos alocar nosso portfólio ou mix de produtos através desses riscos?
Benefícios do kanban
- Tempo de ciclo curtos, oferecendo os recursos mais rapidamente;
- Melhor gestão nas mudanças de prioridade;
- Requer menos organização;
- O processo é simplificado;
- Maior visibilidade dos projetos;
- Redução de desperdício;
- Redução de custo;
- Remove atividades que não agregam valor para a equipe;
- Melhora a motivação e desempenho da equipe.
Referências
BLUESOFT SISTEMAS. Kanban na prática. Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T9nd3U7Gc-s&t=75s
CERTIFICADO CURSO ONLINE. Curso de Sistema Kanban. Acesso em Fev/19. Disponível em: https://certificadocursosonline.com/
CULTURA AGIL. Kanban: Do início ao fim! Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.culturaagil.com.br/kanban-do-inicio-ao-fim/
INSTITUTO MONTANARI. Kanban: o que é Kanban? Como funciona o Kanban? Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ym4mIgxJegs&t=297s
LINKEDIN. Afinal, o método Kanban tem reuniões ou cerimônias? Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/afinal-o-m%C3%A9todo-kanban-tem-reuni%C3%B5es-ou-cerim%C3%B4nias/
MINDMASTER. Descomplicando o Kanban. Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3NwIxzSzqUI
PRODUZZI. KANBAN. Acesso em Fev/19. Disponível em: https://produzzi.com/curso/kanban/
SCRUM.AS. International Kanban Master Foundation. Acesso em Fev/19. Disponível em: https://www.scrum.as/academy.php?show=4&chapter=1&name=1.1%20The%20Origin%20of%20Kanban