Rita Lino
codesquad
Published in
4 min readMay 19, 2018

--

Eu nem sempre quis ser programadora.

Aos 12 anos de idade eu brincava com uns códigos HTML de temas do tumblr, mas nada de mais. Aos 15 me joguei de cabeça em programação quando ingressei no curso técnico de Informática. Foi quando percebi que eu sabia mesmo era de NADA! A minha reação ao ver Java pela primeira vez foi mais ou menos essa:

(digamos que essa reação se repetiu por algum tempo)

O curso teve duração de um ano e meio e tudo correu bem, eu me formei, mas nunca senti que programar era o que eu queria levar como carreira. Eis que no meu último ano do ensino médio, em 2014, duas palavras que mudariam minha forma de pensar surgiram: Technovation Challenge.

O Technovation é uma competição de desenvolvimento de aplicativos para meninas do ensino fundamental e médio. A oportunidade de participar veio a calhar, era o momento que eu tinha pra descobrir se queria ou não seguir em T.I. Formei um grupo com mais 3 amigas e nos inscrevemos.

Quanto ao concurso, existem dois pontos que acho importante ressaltar:

O primeiro é a importância que programas de incentivo a meninas na área da tecnologia têm e como eles realmente fazem a diferença. E o segundo, sobre o quanto é necessário fazer uma pessoa enxergar como ela pode fazer o bem usando programação, e é sobre ele que vou falar nesse artigo.

Programar só por programar?

Na competição, os grupos precisam criar protótipos de aplicativos que resolvam um problema, seja da cidade, do país ou do mundo. No ano que participei os projetos abordavam temas como depressão, slut shaming, tempo de espera de atendimento médico, reflorestamento, acessibilidade para pessoas com deficiência física (era o nosso), entre muitos outros.

Mergulhar de cabeça em um problema real, conversar com pessoas que sofrem com ele e encontrar uma solução que ao menos o amenize, foram os momentos fundamentais pra mim. Eu enxerguei o tanto de oportunidades que a tecnologia me oferecia e como algumas linhas de código podem melhorar a vida de uma pessoa, seja causando um impacto grande ou pequeno, contanto que seja significativo.

Pela primeira vez senti que estava fazendo algo que as pessoas realmente precisavam. Além de conhecer pessoas maravilhosas que me fizeram perceber que eu era capaz, eu tinha encontrado um propósito.

Aí cabe a você se questionar: você programa só porque curte escrever uns códigos ou também porque enxerga o tamanho do poder que tem em mãos, a diferença que pode fazer e o quanto pode construir?

As coisas mudam quando você percebe que está fazendo algo para outras pessoas, algo que vai interferir no dia a dia delas e na forma que elas interagem. Conhecer e ter empatia pelo seu usuário é um dos primeiros passos pra construir uma aplicação capaz de resolver o problema dele e também um meio de você encontrar paixão pelo o que faz, que vai muito além de só gostar de programar.

Você não vai ser um herói todos os dias

Eu nem sei mais quantas vezes li na internet algo do tipo “Para de achar que tá mudando o mundo, você só bota dado na tela o dia todo”. Não é a melhor forma de se pensar. Achar que pode mudar o mundo é o primeiro passo pra você sair da zona de conforto e DE FATO, deixar a sua contribuição aqui no nosso mundão, por menor que ela seja.

Não tô dizendo que o mundo vai ser colorido a todo momento, que vai ser legal sempre e que você vai impactar a vida de milhares de pessoas todos os dias. Às vezes as responsabilidades falam mais alto e a gente acaba só tendo tempo pra consertar bug chato no trabalho. Tem dia em que a gente só quer desligar o computador e tirar um cochilo. Todo mundo tem dia ruim, mas resistir é sempre uma boa opção né, Cap?

Comece por você

O mindset é a chave de tudo. Eu criei o hábito de me fazer algumas perguntas sempre que começar um projeto novo:

  • Quem eu estarei ajudando desenvolvendo isso?
  • Por que isso está sendo construído? Qual a relevância?
  • Como o que eu faço impacta quem vai usar?
  • As respostas são satisfatórias o suficiente pra que eu me sinta feliz fazendo esse projeto? Se sim, ótimo. Se não, o que posso fazer de diferente pra tornar essa tarefa mais prazerosa e dar o meu melhor?

Isso me ajuda a enxergar a significância do que estou fazendo, por menor que seja. Pode ser que te ajude também.

Mas, se ainda assim, isso não for o suficiente pra que você se sinta feliz com o que faz, comece a desenvolver coisas por conta própria! Felizmente, na maioria das vezes, tudo que a gente (a galera de TI) precisa pra criar alguma coisa fantástica é uma ideia, um computador e bastante disposição. Passe a observar as pessoas com maior atenção. Quais dificuldades elas enfrentam? O que você poderia fazer pra ajudar? O mundo é cheio de problema que a gente pode resolver de casa.

--

--