Seu Gadê

Letticia Rey
Coerências
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2 min readApr 30, 2018

Depois de vinte e dois dias longe de casa volto ao meu quarto e procuro entender tudo que aconteceu. Um excesso de informações, um turbilhão de sentimentos que ficam cada vez mais impossíveis de expressar sobre tinta no papel.

É difícil, quase impossível entender o silêncio de lembranças que corrói no peito a doçura da saudade.

Fico tentando entender se o barulho da tv ligada faz algum sentido diante da minha mente e coração que só escutam risadas de crianças e uma música original ao longe. Intriga-me o misto de realidades que se pode viver em tão pouco tempo e me dá um frio na barriga pensar que as experiências pelas quais passamos de repente, não tão de repente assim, transformam nossos rumos.

Esse frio na barriga que vai chegando mais forte a cada dia refletindo as quebras de ciclo e as mudanças no caminho que giram num misto de agonia e adrenalina que nem a maior montanha-russa consegue fazer sentir.

É como se realmente a vida fosse uma caixinha de brinquedos que um dia alguém resolveu sacudir deixando tudo fora de lugar.

Difícil achar significado nos livros, no dia a dia, na faculdade, no futuro.

Existe um excesso de sentimentos no meu coração que compassam num ritmo de carnaval e Roberto Carlos.

Tem um monte de perguntas na minha mente sobre as quais não há nada nem ninguém que as saiba responder. Quem sabe Seu Gadê.

Precisava começar a escrever para ver se as coisas começavam a fazer algum sentido, mas acho que quanto mais escrevo mais elas mudam de lugar e ficam soltas como se estivessem flutuando no espaço.

Meu coração dói. Dói de dor de escolha, dói de dor de amor, dói de dor de comprometimento, dói de dor de saudade, dói de dor de ansiedade.

Dói de uma dor que talvez Seu Gadê pudesse explicar numa música bem bonita de versos quentes. Ele sim conseguiria.

Um certo dia de 2012 em Várzea Queimada-Piauí

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