Éric Zemmour: “Por que os povos europeus renunciam tão facilmente às liberdades individuais?”

Eric Ribeiro Silva
O Olavista
Published in
3 min readApr 7, 2020

CRÔNICA — A abolição de nossas liberdades individuais é o preço de nosso rebaixamento econômico e tecnológico.

Por Eric Zemmour

Publicado em 3 de abril de 2020 às 07:00, Le Figaro

“Fim da liberdade.” O Daily Telegraph, jornal conservador de direita, foi o único órgão de mídia britânico a criticar a decisão de Boris Johnson no dia 21 de março de confinar a população britânica. Em vez disso, todos os seus colegas de mídia criticaram unanimemente o primeiro-ministro britânico pelo fato de ter adiado esta decisão por tanto tempo. Na França, onde não temos a mesma tradição de respeito pelas liberdades individuais, é a mesma unanimidade. A grande maioria da mídia censura o governo pela sua excessiva suavidade e difama a população francesa, insuficientemente disciplinada. Não estamos denunciando o recalcitrante, mas não estamos longe disso. Drones são usados ​​para monitorar a implementação do confinamento. Emmanuel Macron teve sucesso no seu tour de force para não fechar as fronteiras da França, em nome de sua ideologia europeísta, e trancafiou cada um de seus habitantes na sua fronteira pessoal e familiar, em nome da proteção da saúde de todos. Para basear legalmente esse ataque sem precedentes à mais básica das liberdades, a de ir e vir, o governo usa textos sobre as circunstâncias excepcionais e sobre o estado de emergência que data da Primeira Guerra Mundial e da Guerra da Argélia. Mas o presidente disse: “Estamos em guerra!”

A mídia européia ataca Viktor Orbán, que se dá plenos poderes por um período indeterminado, sem dizer que os líderes franceses estão fazendo a mesma coisa e que os exércitos italiano e espanhol estão nas ruas. Sempre a parábola da trave e do cisco! Obviamente, os líderes nos tranquilizam ao mencionar a natureza temporária dessas medidas. Recorde-se apenas que o estado de emergência relacionados à questão terroristas estabelecido após os ataques de 2015 foi prorrogado seis vezes. Nas mídias sociais, alguns suspeitam que os nossos políticos estejam aproveitando a situação para reprimir protestos e tomar medidas que nunca seriam aceitas em tempos normais, como a abolição da semana de 35 horas. Eles são acusados, não sem razão, de “conspiração”.

Mas entre os supostos conspiradores, numerosos nas redes, e os seguidores da servidão voluntária, dominantes na mídia, talvez pudéssemos encontrar uma terceira saída. Obviamente, o confinamento geral é uma medida da Idade Média que apenas compensa nossas deficiências em testes, máscaras e equipamentos respiratórios. A abolição de nossas liberdades individuais é o preço de nosso rebaixamento econômico e tecnológico. Porém, nos países mais avançados, como Coréia do Sul e Israel, o confinamento geral é evitado apenas com o custo descarado de usar sistemas de geolocalização que permitem rastrear cada uma de nossas reuniões. Passamos assim de Charybdis a Scylla sem que os espíritos se rebelem, com o apoio ativo da mídia e dos médicos. Na década de 1970, Michel Foucault profetizou o retorno do poder ditatorial em nome da saúde, através do controle de corpos e populações. Foi baseado em padrões estatísticos. Ele o chamou de biopoder.

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