“Eu Confio na Ciência, Estou Vacinado” A Imbecilidade Mimética do Europeu

Douglas Lisboa
O Olavista
Published in
5 min readSep 24, 2021

Sempre quando abro meu Facebook para ver as próximas idiotices sociais de comentários e lacrações muito comuns na timeline, reparo que em certos perfis de colegas que moram aqui na Europa estão com o um anexo ao lado da foto escrito: “I Trust Science I am Vaccinate”. Ao ver tantas pessoas, de certo modo, com posições sociais de prestígio como professores universitários, empresários e outros com bons cargos em grandes companhias, senti um dever, em minha consciência, de abrir o bico para falar sobre o assunto; não da vacina em si, pois minha cota de paciência sobre um tema tão óbvio já se esgotou, mas da frase que entitula nossa pequena reflexão, e ela vai além da vacinação.

O nível de alienação do povo europeu está tão profundo que parece ser uma dessas fontes inesgotáveis de crendices e mimetismos incuráveis para essas mentes possuídas de algum mal que corrói a capacidade humana de cognição e desejo pela verdade. Apenas querem se sentir acolhidos como a criança deseja a proteção da mãe e do pai. É esse o estado das pessoas do antigo mundo que parece não haver melhora tão cedo. Muito pelo contrário.

O que estão fazendo, colocando esses anexos, é tão somente um show de exibicionismo barato. Na vista de pessoas com um pouco mais de instrumentos intelectuais essa frase soa como uma amostra de sua singela ignorância. Eu posso assegurar com tudo o que é sagrado que tais colegas não sabem o que é ciência, não fazem a mínima ideia sobre o assunto. Como sempre, isso é apenas uma opinião que agarraram de um certo monopólio midiático da informação achando que aquilo é o suprassumo da verdade e a substituição de Deus contra o mal objetivo.

A frase soa engraçada a partir do momento em que, pelo fato de não saberem o que é ciência, aquilo se lê da seguinte maneira: “Eu confio em algo que não sei, e por isso estou vacinado”. Claro, isso, é leitura para olhos mais atentos. É um humor trágico, pois o desenrolar da peça mostra um desastroso fim cinzento. Quando a massa está idiotizada é incontrolável o fato de uma tragédia vindoura.

Sabe-se que a ciência só é possível através de fatores dialéticos. A síntese do conflito de opiniões dentro (ou fora) da comunidade científica para se chegar a um denominador comum pode durar anos, décadas e até mesmo séculos. Senão for dessa maneira, não há ciência e sim propaganda, treta, lobbies, interesses políticos e corrupção (casos que acontece o tempo inteiro nesse meio). No momento em que alguém diz seguir o consenso científico de uma vacina fabricada em meses é no mínimo um idiota útil que, por efeitos miméticos, acredita, não na ciência, mas no monopólio da informação midiática. O que essas pessoas estão fazendo é modinha, o fashion, o puro e simples papel social para parecer bonito e limpinho perante o público, e a Europa se tornou isso, passarela da massa alienada pela persona, pela auto-imagem, pela tal cidadania dos bons moços e moças comportadinhos e legais. Aí temos uma outra impressão da frase a qual podemos ler: “Eu confio no monopólio da informação midiática, e por isso estou vacinado”.

Um outro problema é na sentença: “eu confio”. É curioso, pois essa pessoa está dizendo confiar a sua vida na ciência, algo que qualquer pajé da tribo x ou um membro tribal do povo da Tanzania, e ainda, civilizações primitivas, jamais confiariam sua alma áquilo que não é permanente. Qualquer raiz civilizacional tem como base a confiança naquilo que transcende o devir, ou seja, a mudança, o momento, o tempo e espaço. A ciência não pode ser esse fator já a que mesma lida com elementos contingentes; aquilo que está no universo e submetido a ele. Nenhuma ciência pode ter a pretensão de obter a totalidade do conhecimento universal, pois ela não tem instrumentos para conduzir-se a si mesma à unidade do conhecimento.

O problema na civilização ocidental começa em Kant (pelo menos para os fins aqui abordado) que baseou a sua filosofia das formas a priori, na física mecânica. O filósofo era um grande admirador de Newton, com isso, tinha a convicção de que havia algo no universo que era fixo, e esse fator permanente estava por trás de todas experiências, e era o eixo pelo qual tudo acontece. A ciência, nesse caso é aquilo que é fixo e permanente e toda a experiência, que Kant chamava de a posteriori, dependia e se movia através das formas a priori — daquilo que é permanente.

Por mais que a sociedade moderna esteja impregnada da filosofia kantista em todo o seu envolto, sabemos que alguns séculos depois de Newton, Eistein provou que o primeiro está errado, e que a ciência como um fator fixo é charlatanismo, já ela está sujeita a mudança o tempo todo. O princípio da relatividade mostrou isso, e mais tarde a física quântica enterrou de vez o cadáver newtoniano.

Claro que essas informações são todas obscuras para os meus amiguinhos que amam lacrar no Facebook colocando toda a sua vida aos pés da ciência. A burrice do povo europeu é explicada por vários intelectuais que perceberam e se interessaram pelo assunto. A mídia monopoliza a informação, e é responsável pela formação da opinião pública. É impressionante como o assunto da BBC é mais crível do que a voz do Dr. Geert Vandeen Bossche um dos maiores engenheiros de vacina do mundo. Douglas Murray escreveu o brilhante livro de denúncia: A Estranha Morte da Europa, explicando como diabos foi permitido a entrada de milhões de imigrantes muçulmanos, onde a maioria nem ao menos era refugiado. O mesmo diagnóstico que Murray chega serve para todos os problemas que vieram a seguir até chegar no atualizadíssimo caso do passaporte sanitário. Aí compreendemos como pôde o continente europeu chegar em situações como o comunismo, nazismo e fascismo. A história se repete.

Aldous Huxley, na primeira metade do século XX, já previa uma ditadura do positivismo mesclado com fascismo e pintado de social democracia. Em 1958, em uma entrevista para Mike Wallace, o escritor britânico, que naquela época mesmo o mundo já estava entrando em uma ditadura da tecnocracia, e que a tecnologia era um perigo para a liberdade. O entrevistador não entendeu nada. Huxley estava certo, e o mundo em que vivemos, pós pandemia, o novo normal, é o Admirável Mundo Novo, que tinha escrito décadas antes denunciando um plano bizarro de controle das massas. O povo se entupiu de soma e acabaram, por puro sentimento hedonista, aceitando por livre e expontânea vontade, o cerceamento da liberdade individual. A história do totalitarismo se repete disfarçado de democracia, tolerância, diversidade e mundo verde. Mas o europeu está demasiado ocupado com TikTok, melhor salário no fim do mês e ser um bom cidadão para outras pessoas verem o quão na moda ele está, para entender o que está acontecendo. Prova disso é o orgulho em exibir no Facebook a sua própria crença de um ser superior, inclusivo e vacinado: “I Trust Science, I Am Vaccinate.

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