Imagine que o mundo inteirinho fosse só seu…
Com que partes você faria questão de ficar?
Ficaria com o céu, o oceano, a terra? Ou talvez com as flores, as estrelas, a lua? Quais partes desse globo imenso você não teria medo a perder ou apostar? Que pedaços da Terra você daria de presente àqueles que ama?
Em “Eu Te Darei o Sol”, dois irmãos frequentemente disputam as distintas partes do mundo, em uma contínua e infinita negociação. Tudo hipoteticamente, claro. Jude e Noah são irmãos gêmeos, jovens comuns em um mundo real, mas que transbordam de criatividade e se reconhecem um na imaginação do outro. Ambos são artistas, ela com suas esculturas de areia, argila ou pedra; ele com suas pinturas reais e também com os quadros que pinta somente em sua cabeça. A ligação entre os dois é natural e tem tamanha força que eles se sentem donos do mundo, prontos para dividi-lo entre si e conquistá-lo, sempre juntos.
Ao menos é assim que se sentem ao início da história, quando os dois têm 13 anos e estão entrando no típico universo adolescente. Crescer deixa marcas profundas, e no caso de Jude e Noah não foi diferente. O livro conecta dois momentos diferentes de suas vidas, representando esse rito de passagem entre a infância e a adolescência que, no caso desses irmãos, começou antes do que imaginavam. Em alguns trechos do livro os personagens principais têm 13 anos e estão se descobrindo e descobrindo mais sobre o mundo que eles pensavam conhecer tão bem. Nessas passagens a autora nos mostra como Noah e Jude foram entendendo seus gostos, ideias, corpos e mentes a partir de suas relações com amigos, familiares e primeiros amores. Em outros momentos, o livro avança três anos e vemos os dois irmãos, já aos 16, e o resultado da transformação que viveram.
Mais velhos e maduros, a garota e o garoto estão cheio de cicatrizes e remordimentos que somente podemos compreender conforme o livro avança até o final. Ao contar a história nesses dois momentos no tempo, dando um salto nos anos, a autora cria um vazio que temos que preencher com a leitura para entender o que aconteceu com esses irmãos e porque, já mais crescidos, eles deixaram de compartilhar o mundo para viver cada um em seu próprio universo, isolados e desconectados.
Embora trate de temas intensos como morte, bullying e outros tipos de violência, a história se desenrola de uma maneira leve, tão bem escrita que nos faz sentir que realmente estamos dentro da cabeça de Noah e Jude. Acompanhamos seus pensamentos, seus medos e dúvidas, e torcemos por eles. Com um enredo cativante, Nelson nos incita a seguir lendo, para compreender o que aconteceu com e entre esses irmãos, como lidaram com suas perdas e que expectativas têm para o futuro.
Você já sentiu alguma vez que, embora amasse alguém, nem sempre gostasse muito dessa pessoa? Noah y Jude têm essa sensação o tempo todo e percorremos nessa história a maneira como eles se descobrem juntos, como se perdem um do outro e deles mesmos, até que que compreendem como abrir um caminho entre eles e seus próprios corações. Fundamentalmente “Eu Te Darei o Sol” é um livro sobre aqueles amores imensos que nos levam a sentir que, se fosse possível, nem mesmo o sol seria presente suficiente para demonstrar a intensidade desse sentimento. Mas também é uma história que nos mostra como mesmo os amores mais profundos, como o amor entre irmãos, entre pais e filhos, entre amigos e entre amantes, precisa ser cultivado, tratado com carinho, respeito e transparência para poder persistir no tempo.
Obrigada por ler ❤ Se gostou do texto, deixe seus aplausos (de 1 a 50)
Twitter|Instagram|Newsletter ✉️|Me compre um cafezinho ☕️
Outros livros que amei ler (e gostaria de ter escrito :P):