Antologia poética da música Brasileira
Francisco Ferreira (Org.)
O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela, e sonham com melhores tempos idos. Contemplam essa vida numa cela. Esperam nova possibilidade de ver esse mundo se acabar: A arca de Noé, o dirigível. Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro, é duro tanto ter que caminhar e dar muito mais do que receber. Estão comendo o mundo pelas beiradas, roendo tudo, quase não sobra nada! E ser artista no nosso convívio, pelo inferno e céu de todo dia, pra poesia que a gente não vive, matando a sede na saliva: a gente vai contra a corrente, até não poder resistir. Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir.
A gente toma a iniciativa. Nós mudamos quando crescemos. E as aparências não enganam não. Somos jovens e não sabemos que um dia envelhecemos e distraídos venceremos. É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem. Por isso cuidado, meu bem. Em cada esquina cai um pouco a tua vida. Em pouco tempo não serás mais o que és. Quando notares estás à beira do abismo. Abismo que cavaste com os teus pés.
E eu? Eu quero a sorte de um amor tranquilo; Um sonho dentro de um sonho; Transformar o tédio em melodia. Eu andei demais, não olhei pra trás. Era solto em meus passos; Bicho livre, sem rumo, sem laços. Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração. Eu sei quanta tristeza eu tive, mas, mesmo assim, se vive. Pois nesse mundo, no meio do caminho, sozinho, algo há de valer a pena, pequena. O amor existe, só não querem que você acredite. Tenha fé na vida! Há uma luz no túnel dos desesperados, há um cais de porto pra quem precisa chegar. Basta ser sincero e desejar profundo. Para tanto é que se fez seu braço, seu lábio e a sua voz. Você será capaz de sacudir o mundo.
por Jorge Du Peixe; Gabriel Aragão; Zé Ramalho; Cazuza; Elis Regina; Chico Buarque; Os Carlos, Roberto e Erasmo; Cartola; Herbert Vianna; Raul Seixas.
