Convivendo com a Síndrome de Asperger: o dia de hoje

Luiz Luz
2 min readFeb 19, 2017

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Hoje, 18 de fevereiro, é celebrado o “Dia Internacional da Síndrome de Asperger”. A data é comemorada em razão do aniversário do médico austríaco Hans Asperger, primeiro acadêmico a descrever os sintomas dessa síndrome. Ele percebeu, após alguns anos de observação de um grupo de crianças autistas, que determinadas crianças agiam de forma distinta em relação aos demais autistas, embora também não pudessem ser classificadas em outro grupo. Estas variações comportamentais foram e são temas de discussões acirradas até hoje. Entretanto, não é sobre o método de classificação autismo/asperger que desejo falar agora.

Quem me acompanha sabe o que estou passando nos últimos tempos. Descobri-me, recentemente, na condição de portador da Síndrome de Asperger. Ainda estou no processo de descobertas. E ele não tem sido fácil. Mas há algo que vocês podem fazer para facilitar esse momento.

Ninguém tenta obrigar um deficiente visual a enxergar perfeitamente. Ninguém tenta obrigar um deficiente auditivo a ouvir perfeitamente. As pessoas entendem, geralmente, que os portadores de determinadas condições necessitam de certas adaptações. Isso, consequentemente, possibilitará uma melhoria em sua qualidade de vida e na forma delas se relacionarem com o mundo e com as pessoas.

Uma vez um grande sábio me disse que toda vez que respeitamos as diferenças alheias um panda sorri alegremente nas montanhas da China.

O que quero dizer é que vocês não devem forçar os autistas e portadores de asperger a socializarem. Não no ritmo de vocês, pessoas neurotípicas.

Quando evito alguns convites para socializações, das quais sei que não me farão bem, isso não significa que sinto ódio por ti. Apenas não consigo romper essa barreira das interações sociais. Isso vai além do que sinto por outras pessoas. Isso faz parte de mim.

Por outro lado, quando me esforço para manter uma relação minimamente saudável com outra pessoa, tendo em vista todas as dificuldades que isso acarretará, isso significa pagar o preço da ruptura de uma condição neurológica, por vezes cruel. E se eu faço isso, pago o preço, sofro, me esforço, tento, tento novamente, é por acreditar que essas coisas ainda valem a pena.

Então, se tenho algo a pedir-lhes, sejam mais abertos para os diferentes arranjos de personalidades que as pessoas carregam. Não façam isso por mim. Não façam isso pelas outras pessoas com asperger/autismo. Não façam isso pelo mundo. Façam isso pelos pandas.

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Luiz Luz

Poeta, Pirata e Dono da Lua. Instagram: @LuizLuzPirata