Receita de Suce$$O

Márcio Rocha Nery
{DEi | CHÁ}
Published in
3 min readMay 11, 2016

Como se tornar um best-seller juvenil fazendo aquilo que você costumeiramente já faz no banheiro

Tudo começa num futuro não muito bem definido, pós-apocalíptico, onde o planeta terra, quase 100% destruído, resume-se a um pequeno Condado dominado por um sistema de governo totalitário. Nessa terra devastada, um reduzido número de humanos tenta sobreviver aos constantes ataques de uma horda de zumbis ou de um clã de vampiros juvenis, ambos resultados de mutações genéticas promovidas por experiências na tentativa de criar a imortalidade humana.

Em meio a uma das constantes batalhas de humanos contra zumbis, eis que uma incauta menina de 18 anos está preste a ter seu cérebro transformado em refeição de um horrendo zumbi, quando um vampiro a salva. Óbvio que o vampiro não a salvou do zumbi, senão com o proposito de transformá-la em sua refeição… pera… Ops… ele não vai mordê-la? Seus olhos vermelhos a olham com paixão? E ela não está assustada? Parece até enamorada?

O improvável acontece, e daqueles dois espécimes naturalmente inimigos surge um grande amor, que para sobreviver terá que suplantar o preconceito dos humanos, a desconfiança dos vampiros e a voracidade dos zumbis que não fazem objeções de raça na hora de comer e destruir.

Como se não bastasse, eles descobrem que o sistema de governo é corrupto e está negociando os últimos recursos naturais do planeta em troca de algumas vagas como inquilinos na nave mãe inter-estelar dos Et’s.

Claro, toda essa historia será divida em 3 volumes, com lançamentos previstos para os próximos 3 natais. A série gerará 3 longas metragens, já negociados durante a aprovação da sinopse dos livros.

Calma querido leitor. Eu sei que você deve estar nauseado com tantos absurdos e clichês e, obviamente, considera a sinopse acima uma grande porcaria. Concordo. Mas, se olharmos com cuidado, e dando os devidos descontos do exagero utilizado a fim de causar riso, perceberemos que é bem esse tipo de história que nosso jovens vem consumindo não só no cinema como na literatura.

Não tenho aqui o objetivo de traçar um largo perfil sociológico do nosso jovem e os prejuízos que esse tipo de produto cultural enlatado causa. Para tanto temos pessoas muito mais qualificadas. E então qual o propósito do texto? Boa pergunta. Talvez apenas para saber, através do retorno de vocês (eu sei que uns 3, pelo menos lerão isso, mesmo que escondido), se eu estou sozinho, ou mais pessoas já acordaram para o absurdo que está virando essa indústria. Porra!!! Dava pra lançar alguma coisa que não fosse em trilogia? Puta que pariu, as histórias já são fracas e ainda são diluídas dessa maneira…

O segundo objetivo é o de mostrar que qualquer Zé Ninguém (prazer) é capaz de escrever uma bosta dessas.

Ps. No próximo texto, se desejarem posso falar da mocinha apaixonada pelo cara diagnosticado com câncer… ou seria ela que tem a doença? Sei lá…

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Márcio Rocha Nery
{DEi | CHÁ}

sou um pisciano tão pisciano, que depois de dito isto, tudo o mais seria redundância...