Verdade

Bruno Luiz Mattos
Coletivo (des)versificados
2 min readDec 29, 2014

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Não me lembro de tudo que senti no momento que disse minha ultima palavra para você, mas era tudo tão calmo e claro. Um túnel de boas perspectivas onde vários futuros eram mostrados e eu podia pegar qualquer um ao acaso que no fim, o quebra-cabeça montado seria perfeito, porque é isso que existia em mim: infinitas perspectivas e todas levavam ao momento onde nós éramos completos.

O amor não pertence aos adultos, e só voltando a ser crianças que entendemos verdadeiramente o que é amar, mas é voltando a ser criança que nos sentimos patéticos e indefesos e diferente de quando somos crianças, isso faz toda diferença. É minha teoria, não precisa ser totalmente verdade, entretanto sei que não é totalmente mentira.

E essa balança entre verdade e mentira por natureza deve ser equilibrada e quando você partiu ela simplesmente partiu ao meio, jogando tudo o que sei em um limbo onde nada importa.

Agora, em cada instante lembro dos seus presentes. Ainda não sei o motivo deles, “Só estou te retribuindo aos poucos”, você dizia. Retribuindo o que? Presentes em forma de música, texto, dicas e sonhos. Os melhores eram seus desenhos, um mais encantador que o outro, “quando eu for famosa você poderá ganhar dinheiro com esses rascunhos no eBay”.

Não sei se voltei a ser criança no momento que descobri o quanto te amava. E de tudo eu apenas lamento ter me comportado como um adolescente, o que a proposito eu sou, mas para fazer tudo ser diferente, sempre houve o desejo constante de ter mais sabedoria e força. Isso vem com o tempo, com as experiências ou com a dor?

Você morreu. Isso é um fato. Uma verdade.
Estou vivo. Ainda procuro essa verdade.

Todos conselhos do mundo não diminuem a dor de perder fisicamente você. Não sei mensurar sua falta e se eu pudesse seria tudo mais fácil. Sua falta vale meia dúzias de solidão, um litro de arrependimento e algumas colheres de amargura. Junto tudo e faço um bolo. Ponho na mesa com o café.
Mas não, não é simples. É dolorido, aquela dor que faz a gente chorar antes de dormir.

Não saber me declarar para você era meu sorriso antes do sono.
Ter você foi à conexão com o universo que me faltava.
Perder você foi um big bang que me destruiu.

Tudo tão rápido e muito lentamente.

PS.: Não venderei seus presente no eBay. Meu desenho favorito é aquele que você me entregou quando nos beijamos pela primeira vez e suas palavras estão comigo até agora: “Eu sabia que esse dia iria chegar”. Esse dia chegou. E é uma pena que seja apenas um quadro no meu quarto.

Texto criado para o coletivo (Des)versificados, adaptado de um livro ainda sem nome que estou criando.

Imagem: google imagens

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Bruno Luiz Mattos
Coletivo (des)versificados

Bacharel em Sistemas de Informação, tentando montar uma empresa e autor do Livro “No Encontro de Uma Constante”.