[duas antitraduções para Alice Notley]
Alice Notley nasceu nos 45's e viveu sob a influência dos Beats, mais tarde tornou-se um dos principais nomes do que chama-se a Segunda Geração da New York School of Poetry. Notley nunca se reconheceu representante de nenhum dos dois movimentos.
Atualmente com 74 anos Notley permanece escrevendo, é autora de mais de 40 livros de poesia, reconhecida como uma das maiores poetas norte-americanas vivas. Sua literatura correu e corre pelos mais diversos temas e linguagens — encarou o experimento da palavra como ensaio da importância cultural da desobediência. Trago aqui dois poemas estragados recentemente por mim, acompanhados dos originais, que mostram um pouco da essência visceral de Notley e, minha também;
aniversário aos trinta
que eu nunca sinta medo
especialmente, de mim mesma
mas
Muhammed Ali, o que você conta
são verdades?
meu bem, você está sendo sincero, né? e
conversa maravilhas no seu corpo,
você o protege, com o torso dessa voz,
se joga na dança,
que eu nunca sinta medo
jogada e tremida
a mantilha enlaçada
como o escuro no carvalho
e obscura sou forte
forte na minha própria noite
minha força universal
como a escuridão no ar
apenas
um laço estrelado
enquanto viver serei forte
é a vida
forte como as violetas nos punhos
de marlon brando
sua dissimulação floresceu naquelas verdades
ela
os raptou
também me tomei
sequestrei
e, meu Ali, te vejo
é um forte e brilhoso pontinho de mim
a formalista selvagem
fofoca autêntica
sobre corpos e gentilezas.
30th Birthday
May I never be afraid
especially of myself
but
Muhammed Ali are you telling
the truth?
Well you’re being true aren’t you and
you talk so wonderfully in your body
that protects you with physique of voice
raps within dance
May I never be afraid
rocked and quaked
the mantilla is lace
whose black is oak
But if I’m dark I’m strong
as my own darkness
my strength the universe
whose blackness is air
only starry
lace
But if I’m alive I’m strong
as life
Strong as the violets
in Marlon Brando’s fist
his dissemblance flourished into truth
She
took them
I’d take me too
I do
and my Ali I see you
a hard bright speck of me
the savage formalist
authentic deed of gossip
a kind body.
São leais
okay, parte disso está
aqui. veja,
quero que você assista meu irmão, esse sorriso morto
na camisa vermelha de mangas-curtas,
sua aparência melhorou bastante
e eu superei.
aliás, como funciona o tempo para você?
consigo ver onde — e quando — senti aquela bad.
e passou. não me encontro mais nessa, mudei
mas não à tempo — foi numa espécie de
cedo demais ou tarde demais, não… continuum.
e você parece brilhar! eu
nunca te magoei — ele cospe — magoei?
isso é impossível, e por que seria?
irmãs e irmãos são leais,
somos o começo, as partículas.
eu vi como estávamos conectados, conectados a ponto de moldar
os olhos do espectador: mas nós não
somos assim. o que eu vejo sempre muda.
minha história é: a sombra única. e por que
me reduzir a uma história? seria mais fácil dizer
sendo gente, então por que? acho que precisamos conversar
então, Coyote, jogue as estrelas de volta para o céu.
Are Loyal
Okay part of it’s
here. See it,
I want you to see my brother, dead smiling
in a red short-sleeved shirt,
You look so much better
I got through.
How does time work for you?
I can see where — when — I felt bad.
Goes past. I’m not in it any more
But this change hasn’t happened in time — a kind of
before and after but no … continuum.
You look brilliant! I
never let you down — he says — did I?
It wasn’t possible, Why not?
Sisters and brothers are loyal,
we are the primal particles.
I saw how we connected to make a shape
in the eyes of the beholder who chose it: But we
are not that. What I see is free to change its outline.
My story: the shadow of one. Why did I
shrink into a story? It’s easier to talk
as a person, but why? I guess we decided to, talking.
Coyote throws the stars up into the sky.