Não é normal

Fernando DaLua
Coletivo Selo Povo
Published in
2 min readAug 8, 2016

Não é normal e nem quero achar que é
Ver espécies da mesma raça
Ignorados, jogados na praça da Sé

Enquanto uns acham graça
É só desgraça
Fome e frio que passa
Você olha só de relance
E com receio vira o rosto e disfarça
No fundo cê não guenta que são farinhas da mesma massa

Então não é…
E nem quero que seja
Normal uma passarem fome
E outros torrando tudo em droga e cerveja

Veja, perceba, abra sua cabeça…
Veja além e reconheça

Olhe ao seu redor
Você não vê toda essa indiferença?
Achar que é normal criança brincar com boneca sem cabeça?

Não é normal, eu não acho…
Ver pai de família contando moedinha na fila do mercado
E muita coisa vai ter que deixar, não vai levar
A mistura da janta vai faltar
Seus filhos vão chorar
A barriga vai roncar
Mas até com a sacolinha o mercado vai lucrar

Aí não dá!

O povo degradado
sofrendo igual diabo no busão lotado
Recebendo um mísero salário
Pra só levar esculacho de gambé forgado
E de patrão mal educado
Que chega atrasado mesmo de carro importado

Tá tudo errado!

E de tão errado passou a ser o certo
Aceitamos nossa degradação em troca de dinheiro e crédito
A pátria educadora sem cultura parece piada mas é sério

De tanto contarem a mentira
De que desigualdade é normal
A empatia deixou de ser real
E o bem coletivo se transformou em status individual

Então como pode ser normal?
Me explica ai na moral
O descaso com o seu igual?

Não, não, não, não…

Não me leve a mal
Não quero ser normal
Me chame do que você quiser:

Vagabundo, marginal
Diferente, doente mental

Enquanto eu tiver no contra fluxo
Sei que ainda sou racional
E não mais um animal
Que manipulado segue disseminando o mal

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