O DIA EM QUE OS BEATLES PROCESSARAM A NIKE
Texto de Robson Valichieri
Em março de 1987, a Nike veiculou uma propaganda televisiva sobre seu novo Nike Air Revolution, utilizando uma música do Beatles, “Revolution”. Em julho, a Apple, empresa que representava os direitos do quarteto de Liverpool, entrou com um processo contra a Capitol Records (gravadora do fonograma), a agência de propaganda Widen & Kennedy e a Nike pelo uso indevido da música, sem sua autorização ou permissão, pedindo um ressarcimento de US$15 milhões.
O problema é que, naquele momento, os direitos sobre cerca de quatro mil músicas do catálogo dos Beatles, incluindo “Revolution”, pertenciam a ninguém menos que Michael Jackson. A Nike, por sua vez, alegou que havia conseguido a liberação com o próprio Michael, com a Capitol Records e com a anuência de Yoko Ono — mulher de John Lennon — acionista e diretora da própria Apple. Yoko acreditava que o comercial permitiria que uma nova geração conhecesse a música de Lennon.
A Nike chegou a posicionar-se publicamente sobre o caso, apresentando seus argumentos e também cutucando a imprensa: “Beatles processam a Nike é uma manchete muito mais impactante do que Apple processa a EMI-Capitol”. Durante o processo, a Nike ainda veiculou outras versões de seu comercial utilizando a canção, até o começo de 1988, quando a empresa encerrou a campanha.
Em novembro de 1989, veio o anúncio de que todas as partes entraram em acordo. E, para alimentar o mistério e polêmica do caso, as bases e os valores envolvidos neste acordo são mantidos em segredo até hoje.