O DIA EM QUE OS BEATLES PROCESSARAM A NIKE

Robson Valichieri
Coletivo Sneakers
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2 min readSep 12, 2022

Texto de Robson Valichieri

Nike Air Revolution (foto: reprodução - propaganda impressa de 1987)

Em março de 1987, a Nike veiculou uma propaganda televisiva sobre seu novo Nike Air Revolution, utilizando uma música do Beatles, “Revolution”. Em julho, a Apple, empresa que representava os direitos do quarteto de Liverpool, entrou com um processo contra a Capitol Records (gravadora do fonograma), a agência de propaganda Widen & Kennedy e a Nike pelo uso indevido da música, sem sua autorização ou permissão, pedindo um ressarcimento de US$15 milhões.

O problema é que, naquele momento, os direitos sobre cerca de quatro mil músicas do catálogo dos Beatles, incluindo “Revolution”, pertenciam a ninguém menos que Michael Jackson. A Nike, por sua vez, alegou que havia conseguido a liberação com o próprio Michael, com a Capitol Records e com a anuência de Yoko Ono — mulher de John Lennon — acionista e diretora da própria Apple. Yoko acreditava que o comercial permitiria que uma nova geração conhecesse a música de Lennon.

A Nike chegou a posicionar-se publicamente sobre o caso, apresentando seus argumentos e também cutucando a imprensa: “Beatles processam a Nike é uma manchete muito mais impactante do que Apple processa a EMI-Capitol”. Durante o processo, a Nike ainda veiculou outras versões de seu comercial utilizando a canção, até o começo de 1988, quando a empresa encerrou a campanha.

Em novembro de 1989, veio o anúncio de que todas as partes entraram em acordo. E, para alimentar o mistério e polêmica do caso, as bases e os valores envolvidos neste acordo são mantidos em segredo até hoje.

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