Puma Suede — A HISTÓRIA DE UM CLÁSSICO
Em 1968, começamos a história com um lançamento da Puma chamado Crack, um modelo diferenciado pois o seu cabedal era feito de suede (camurça) — o que era algo incomum na época, pois a maioria dos tênis eram feitos de couro. Uma curiosidade foi que escolheram o nome Crack (Craque em português), um termo utilizado para distinguir alguém muito bom em alguma atividade, para destacar a superioridade do tênis.
No mesmo ano, nas olimpíadas do México, o atleta Tommie Smith conseguiu quebrar o recorde mundial dos 200 metros ganhando a medalha de ouro calçando um Puma Crack. Essa data ficou marcada, pois Smith e seu colega Carlos (medalha de bronze) subiram ao pódio descalços, com as cabeças abaixadas e punhos levantados, um ato de luta pela igualdade racial que se tornou referência na turbulenta década de 60.
Saindo das corridas e indo para o basquete, em 1972, a Puma fechou um contrato de patrocínio com o famoso Walt “Clyde” Frazier, um dos maiores armadores da história da NBA, liderando o New York Knicks aos seus dois únicos títulos (1970 e 1973). Clyde, que era conhecido dentro das quadras por sua enorme habilidade (e fora delas pelo seu estilo único), queria um modelo de tênis baixo e usar uma cor diferente para cada jogo. Entra em cena o Puma Crack, pois seu cabedal de suede facilitava o tingimento. Com o nome do jogador estampado no tênis, o Puma Crack passou a ser conhecido e comercializado como Puma Clyde, disponível apenas nos EUA. Após o término do seu contrato, o tênis foi incluído na coleção mundial, mas como a marca não tinha domínio sobre o nome “Clyde”, nomearam o modelo como Puma Suede.
Mudando de cenário, naquela mesma época, o subúrbio de NY era dominado pela excessiva violência e alta criminalidade, com os jovens tendo apenas as ruas como forma de lazer, expressando sua realidade através da música, dança e pintura: nasce o Hip-hop. Movimentos relacionados a ele, como breaking e grafite, ganharam muita força e dominaram a cultura de rua, fazendo surgir os B-boys com seus estilos únicos. Nos pés, usavam o Puma Suede: um tênis autêntico, estiloso, maleável e com durabilidade. A imagem do tênis nas ruas norte-americanas ficou tão forte que, no início dos anos 80, ele foi comercializado no Reino Unido como Puma States. No final da década de 80, seguiu conquistando espaço nas ruas, dessa vez no movimento do skate, por ser um tênis com uma entressola robusta e ideal para colocar na lixa.
Um tênis com muito estilo e identidade única, que ostenta uma forte história com profunda raízes nos direitos civis — esse é o Puma Suede, presente no mundo sneaker até os dias atuais. Um tênis para todos os gostos, um tênis para o Coletivo.
