Não aceite conselhos de amor

Edson Haetinger
Qu4tro
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2 min readApr 30, 2020

Há muito penso em escrever sobre amor. Penso isso porque, assim como a maioria de vocês, já li, vi ou ouvi muita gente definindo o amor ou dizendo como ele deve ser. Amor é isso, amor é aquilo…, menina(?!) isso não é amor não, amor não machuca, amor deve ser assim, amor deve ser assado, amor não existe. São definições que vão de Bukowski a Puro Suco, passando pela dona Maria da quitanda.

Mas nada disso importa, porque o que eu quero dizer é que todo mundo que tenta definir o amor com o intuito de generalizá-lo, pra mim, é um tolo — desculpa Charles.

Vejo o amor como algo que se aprende. E nem falo só de relacionamentos entre namorados. Nenhum de nós ama nossos pais quando nasce, e olha que eles são os nossos pais. Essa relação se constrói ao longo de muito tempo, e nós vamos aprendendo, ainda que inconscientemente, a amá-los. A medida que ficamos mais velhos, essa relação se fortalece ou se dissipa. Você já pensou nisso?

Aprendemos a amar nossos amigos. Aprendemos a amar nossos namorados. Aprendemos a amar nossos pets, nosso time, nossa profissão, e qualquer outra coisa que julgarmos gostar mais do que o normal.

Entretanto, o amor que temos por cada uma dessas coisas é diferente. E mais do que isso, não consigo encontrar uma única verdade absoluta sobre o amor.

Talvez alguém deve pensar que é verdade absoluta que “o amor não machuca”, mas talvez um masoquista discorde; ou que “o amor não humilha”, mas talvez um submisso discorde; ou que “o amor supera tudo”, mas talvez alguém que sofreu um tipo de violência discorde.

Pra mim, o amor é um sentimento como a saudade. Todo mundo sabe o que é, mas ninguém vai conseguir explicar com exatidão, porque ela representa coisas diferentes para pessoas diferentes. O amor é algo que só pode ser entendido pela perspectiva de quem o sente. Por isso, quando alguém tenta definir o amor, ele torna-se um tolo, pois toda definição será baseada em suas experiências amorosas. Logo, será limitada. Incapaz de representar o todo.

A definição discrente de Bukowski está perfeita, assim como a idealista de Puro Suco, e a resiliente da dona Maria. Mas está perfeita apenas para que a profere. O máximo que podemos fazer é criar identificação.

Por isso, se pudesse dar um conselho, diria para você não aceitar conselhos de amor. Irônico, eu sei, mas é isso. Preocupe-se em viver o amor e não em defini-lo.

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Edson Haetinger
Qu4tro
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Escrevo na esperança de que alguém encontre aqui a identificação que não encontrei quando escrevi. Jornalista | RS | Brasil