Meditar juntos

Andressa Luz
Coletivo Yama
Published in
6 min readJun 25, 2020
mulher de costas em postura de meditação, sentada no chão, com pernas cruzadas e mãos realizando gestos chamados mudras
Photo by Jared Rice on Unsplash

Ué, mas a meditação não é algo individual e silencioso? Sim. Mas isso não quer dizer que ela não possa ser feita de forma coletiva. Pelo contrário, estar em grupo pode trazer ainda mais benefícios para a prática, pois ajuda a desenvolver a capacidade de concentração e a construir e firmar um tipo de hábito, já que assumimos um compromisso também com outras pessoas e isso é um grande incentivo. Além disso, entrar em conexão com outras pessoas proporciona uma forma de apoio coletivo.

E, como nós acreditamos muito no coletivo de pessoas como uma rede de apoio e acolhimento e em como isso é importante para os momentos estranhos da atualidade — de isolamento social e pressão psicológica — tivemos a ideia de formar um grupo de meditação logo no começo da pandemia. De lá para cá já foram mais de 20 encontros em um espaço seguro e muito gratificante. As práticas são conduzidas pela Anna e o Adriano e qualquer pessoa pode participar, tanto quem já pratica meditação como quem nunca tinha ouvido falar — ou até tinha, mas achava que não era uma coisa tão acessível assim.

Aliás, isso é muito comum. Algumas pessoas que falaram com a gente sobre a vontade de experimentar e participar do grupo mostraram que tinham uma certa relutância antes por acharem que meditação é algo extremamente zen voltado apenas para algumas seletas pessoas evoluídas. E aos poucos é possível perceber que não é bem assim. A meditação pode ser praticada por qualquer pessoa, independente de idade ou religião, por exemplo.

Não é preciso nada, além de vontade e respiração, afinal, ela é a base da meditação — e de tudo que fazemos na vida. Vale falar também que não é preciso um local específico, nem um tapete de yoga, muito menos ficar em uma única posição.

cenário de onde são transmitidas as práticas meditativas, com tapete, almofadas, notebook e outros

Com generosidade, a Anna e o Adriano orientam sobre postura, tiram dúvidas e conduzem a prática. Os encontros acontecem pelo aplicativo Zoom, mas quem não quiser não precisa abrir câmera nem microfone. Porque, sim, é um momento individual, apesar do grupo.

E como um grupo é formado por pessoas, nada melhor do que entender delas como tem sido a experiência de meditar junto com o Coletivo Yama. A Amélia descreveu bem como funciona a prática:

“É para mim uma mistura de relaxamento, entrega e concentração. As leituras do início da prática são inspirações e fortes reflexões que trago para o meu dia a dia. Acaba sendo uma maneira que eu reavalio meus comportamentos, pensamentos e um aprendizado para vida. O escaneamento e soltura de cada parte do corpo me faz entrar em um profundo relaxamento e entrega, além de perceber cada parte única, se juntando ao todo. Até a soltura facial, que é pouco valorizada em outras meditações, me faz entrar em uma forte conexão interior. Toda essa trajetória me faz estar ali, presente dentro de mim. No momento de ponderar a reflexão do dia e da retirada das máscaras, tenho a sensação que nada até ali importa mais, os papéis que desenvolvo na sociedade não fazem diferença para aquele momento individual, nem se meu dia foi bom ou ruim. É o momento de reenergizar e simplesmente fazer um reset. Já os ciclos respiratórios chegam para completar a concentração em mim mesma e a contagem de 21 respirações é o momento de valorizar algo simples, rotineiro, mas que passa tão despercebido. Cada prática me faz despertar que devemos confiar na vida, assim como a gente confia na próxima inspiração. Sendo assim, tento tirar tudo aquilo que me asfixia e soltar, respirar e habitar o meu corpo.”

para ilustrar a prática de meditação: uma imagem com pedras de diferentes tamanhos empilhadas, simbolizando equilíbrio
Photo by Deniz Altindas on Unsplash

Ela também compartilhou um pouco mais sobre sua experiência com a meditação:

“O conceito de meditação entrou na minha vida há alguns meses, como mais um item para uma rotina saudável. A princípio parecia ser só fechar os olhos e ficar no silêncio, mas na verdade é um desafio muito maior. Após o início da pandemia, a meditação deixou de ser um conceito e passou efetivamente a ser uma prática. Antes eu conhecia sobre o tema, hoje eu me aprofundo a cada encontro com ela, e tem sido uma maneira de ressignificação interior. Essa tem sido uma ferramenta apropriada para viver as adversidades internas e consequentemente a vida lá fora. A prática de meditação é um caminhar que me leva para meu autoconhecimento. É um mergulhar em mim e é preciso ter muita coragem para seguir a jornada. Buscar o silêncio interior, saber identificar hábitos e reconhecer meus pensamentos. E me libertar de entender a mente usando a mente. Meditar é convidar seus medos, demônios, emoções e sentimentos para tomar um chá. É enfrentá-los de peito aberto e aprender a lidar com você e consequentemente com o mundo e as pessoas lá fora. Para mim, essa ferramenta está associada ao yoga e à respiração e tem contribuído para a minha estabilidade emocional e física.”

Confira também a opinião da Bruna sobre o grupo de meditação do Coletivo Yama:

“Naturalmente eu sou uma pessoa muito ansiosa e ligada no 220v, no dia em que decidi participar do grupo de meditações do Coletivo não sabia muito o que era e nem como era a prática. Até que com o tempo, fui percebendo que aqueles momentos em grupo estavam me fazendo bem, principalmente no momento em que estamos, que tudo é incerto. Mas, buscar a paz e a tranquilidade só depende de nós mesmos, e com a meditação foi assim. Descobri que posso sim ter momentos de paz, ter momentos para ouvir apenas a minha respiração e não pensar em mais nada, e ao final sentir aquela paz interior com vontade de quero mais.”

Para concluir, o Ricardo reforça a importância de se cuidar no contexto atual:

“Meu primeiro contato com o Coletivo Yama foi numa das primeiras semanas da pandemia no Brasil. De repente todos os projetos foram transformados em incertezas e os novos tempos pedem novos hábitos. Minha ansiedade estava nas alturas e o convite para as lives do Coletivo vieram no momento certo. Eu não tinha qualquer experiência prévia em meditação mas os anfitriões são muito especiais e generosos. Em poucos dias criei esse hábito que me traz serenidade através da concentração ativa na respiração e na percepção corporal. Tem sido um aprendizado contínuo para acessar um estado interior de presença e autocontrole que só tem me trazido benefícios.”

O que podemos aprender com a experiência do grupo de meditação do Coletivo é que ninguém nunca está só. Nenhuma pessoa é uma ilha, não é assim que dizem? Pois é, descobrimos isso na prática. A união de mentes e energias buscando o bem-estar traz um impacto positivo muito importante, com benefícios para a saúde e o corpo. Apoio, acolhimento, segurança. Quem é que não precisa disso?

Se você já pratica meditação e quer conhecer a nossa proposta ou se quer se permitir vivenciar uma experiência nova de verdade, não apenas lendo ou ouvindo falar sobre, o Coletivo Yama pode ser um espaço interessante. Será um prazer te receber em nossas práticas!

Te convidamos a conhecer o nosso instagram: @coletivoyama

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Andressa Luz
Coletivo Yama

Jornalista e ux writer, acredito na comunicação, principalmente na linguagem escrita, como forma de liberdade e conexão comigo, com as outras pessoas e o mundo.