Meu início com a CNV

Regina Glaucia Oliveira
Coletivo Yama
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3 min readJul 1, 2019

Quando ouvi sobre comunicação não violenta pela primeira vez pensei que teria que dominar meu gênio a ponto de não falar exatamente o que o meu interlocutor merecia ouvir ou engolir seco para parecer ser mais superior, afinal, aprendemos que dar a outra face é o gesto mais sincero de elevação moral. Ledo engano! É interessante como nosso repertório linguístico é pobre. Em geral, as pessoas a quem apresento o conceito pensam o mesmo. Fora as piadinhas que induzem ao quão animal ainda somos em nossas ações.

A CNV não é o caminho para virar monge, nem a forma mais dura de engolir sapos. Também não é deixar para lá o comentário duro ou desprezar a opinião do outro. Nem pensar como CNV a forma de responder estilo paz e amor. Essas são algumas das afirmativas que já ouvi. Às vezes, temos uns pensamentos tão tacanhos.

Desmistificada a ideia inicial, podemos entender a princípio a CNV como uma prática inteligente para identificar qual sentimento motiva aquela determinada atitude. Por trás de toda ação tempestuosa há uma necessidade não atendida. A CNV é compassiva e traz uma proposta de cordialidade no discurso, respeito, atenção e acolhimento.

Em geral pensamos que a CNV pode ser muito útil para ajudar outras pessoas e minimizar os conflitos que elas atravessam. Porém, frequentemente nos maltratamos com cobranças e metas doloridas. A autocompaixão é um ato de amor a nós mesmos. Quando aplicamos a CNV em nossos próprios conflitos, cuidamos carinhosamente da nossa dor, o que nos facilita amenizar nossas tempestades internas, nossas relações; conhecemos nossos sentimentos primários e proporcionamos a nossa maturidade emocional.

Já quando tratamos com outra pessoa, identificamos essas necessidades e nos conectamos com o sentimento dela, por meio de um discurso positivo de entendimento, colocando-a no centro da nossa atenção. Esse simples ato provoca inconscientemente nela uma sensação de compreensão que leva ao aconchego e sua forma rude de agir se dissipa.

Em ambos os casos, a CNV coloca as necessidades por trás do sentimento em primeiro lugar, no centro na nossa atenção, como algo único que merece o nosso tempo e a nossa empatia.

As técnicas da CNV podem ser usadas em qualquer situação. Você pode conhecer mais exemplos no livro Comunicação Não Violenta de Marshall Rosenberg.

Deixo aqui um caloroso convite: Enquanto você não se familiariza com a técnica por completo, pode praticar uma escuta mais amorosa e de coração aberto dos seus sentimentos, sem julgamentos. E àqueles que você puder acolher, pratique essa mesma escuta ativa, sem interrupções, sem julgamentos, sem querer sobrepor suas ideias, sem olhar o celular, sem desviar a atenção, mostrando o quanto aquela pessoa que está bem ali na sua frente é a sua única prioridade naquele momento.

Ainda sou iniciante nas práticas da CNV, mas percebo que, com o ímpeto mais treinado e o coração cheio de amor, absorver as técnicas da comunicação não violenta e elevar a qualidade das minhas relações vem sendo tão agradáveis como uma brisa leve de outono em minha vida.

Colaboração: Anna Paula Telles Vieland/ Revisão: Andressa Luz

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Regina Glaucia Oliveira
Coletivo Yama

A inquietude em pessoa que busca o bem estar próprio e dos que a rodeiam. Vestida de amor, armada de fé! Reflexões superficiais intensas para aliviar o coração.