Para mudar uma cultura de violência, é preciso começar

Andressa Luz
Coletivo Yama
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4 min readAug 8, 2020
foto em preto e branco de uma mulher com a palma da mão estendida em sinal de pare
Photo by Nadine Shaabana on Unsplash

Gandhi falava que a verdadeira democracia só pode nascer da não violência e isso só será possível quando mudarmos toda a nossa estrutura cultural, que hoje é pautada na violência.

Nossa sociedade cultiva (daí a referência à cultura) atitudes e comportamentos que favorecem a violência e, pior, também não reconhece como violência determinadas situações de agressão.

Na família, na escola, no trânsito, nos filmes, nos jogos de videogame. Em todos os lugares vemos representações de violência e acabamos normalizando a convivência com ela, repetindo padrões de comportamento e fala, por exemplo. Até nossos pensamentos podem ser violentos.

Assim, acabamos por ter conivência com atitudes violentas, mesmo que não seja essa a nossa intenção. Mas, por onde começar? Acreditamos que a informação é a base de todas as mudanças, então, por isso, resolvemos contar um pouco sobre alguns dos mais variados tipos de violência que existem.

Sim, porque não é apenas matar ou bater em alguém. Isso pode ser apenas reflexo de uma violência estrutural, formada por de situações de injustiça, por exemplo.

O que é violência?

Segundo Simone Weil, a violência é o que torna coisa alguém que tem submissão a ela. “Quando exercida até o fim, a violência transforma a pessoa numa coisa, no sentido literal da palavra, pois a transforma num cadáver.”

No livro O Princípio Da Não Violência, Jean-Marie Muller usa essa definição em conjunto com os fundamentos da metafísica dos costumes, de Immanuel Kant: “Comporte-se de maneira a tratar a humanidade, tanto em sua pessoa como na de qualquer outra, sempre e ao mesmo tempo como um fim, e nunca simplesmente como um meio”.

Segundo Kant, o fundamento desse princípio é que, ao contrário das coisas que não passam de meios, as pessoas existem como fins em si.

Então, Muller define a violência retomando essas afirmações em seu sentido literal, ou seja: “Agir com violência significa servir-se das pessoas simplesmente como um meio, sem considerar que elas, como seres racionais, devem sempre receber respeito ao mesmo tempo como fim”.

Photo by Svend Nielsen on Unsplash

Alguns tipos de violência

Toda violência é uma forma de violação, seja ela ao corpo ou à personalidade, por exemplo. Mesmo que não seja física, ela fere e deixa marcas profundas na humanidade de quem a sofre. Atentar contra a dignidade é o mesmo que atentar contra vida.

É possível classificar as formas de violência como:

Violência física

Significa usar de força física com outra pessoa, por meio de golpes, ferimentos e submissões como empurrões, puxões, imobilizações etc.

Violência psicológica

É um tipo de opressão usando palavras como recursos de ameaças, humilhações, constrangimentos e intimidações, por exemplo.

Violência moral

Essa violência se caracteriza pela opressão ou exposição de uma outra pessoa, por meio de difamações, calúnias e chantagens.

Violência sexual

São situações que acontecem sem o consentimento da outra pessoa, ou quando a vítima é incapaz de se opor ao ato, como assédios, abusos, estupros e até divulgações de conteúdo pessoal e íntimo.

Violência econômica

Isso acontece quando algum bem ou propriedade são negados ou retirados de alguém. Isso acontece em roubos e furtos, por exemplo.

Violência social

Esse tipo de violência diz respeito à imposição de poder de um grupo social sobre outro, como preconceito, racismo, discriminação, intolerância.

Violência doméstica

Quando as atitudes violentas acontecem dentro do ambiente familiar e é causada por alguém quem tem algum grau de parentesco ou tutela.

Violência contra mulher

Neste caso, a violência ocorre dentro das relações amorosas, seja casamento ou namoro, e pode ser punida com a Lei Maria da Penha.

Violência institucional

Ação ou omissão das instituições públicas ou privadas ou intervenção arbitrária de profissionais que têm vínculo com elas.

Bullying

É o nome para a humilhação contínua de crianças e adolescentes em ambiente escolar, também podendo acontecer nas redes sociais (cyberbullying).

Negligência e abandono

É uma recusa ou omissão, por parte de pai, mãe, filho, filhas ou qualquer pessoa tutora em prover as necessidades de quem está sob sua guarda.

Photo by Zaur Ibrahimov on Unsplash

Vale lembrar que a violência é uma obra da humanidade e cada forma de violência pode vir separada ou em conjunto com outras e é importante reconhecer quando isso acontece com a gente ou com alguém que esteja perto.

Esperamos que esse conteúdo tenha sido útil pra você e te convidamos a conhecer o nosso Instagram: @coletivoyama

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Andressa Luz
Coletivo Yama

Jornalista e ux writer, acredito na comunicação, principalmente na linguagem escrita, como forma de liberdade e conexão comigo, com as outras pessoas e o mundo.