Dams of the West, o projeto solo diferentão do baterista do Vampire Weekend

Chris Tomson mostra toda a sua versatilidade no LP “Youngish American”, em um disco intimista e feito especialmente para os millennials

Tiago de Moraes
ZACHPOST - Indie e Indispensável
3 min readMar 7, 2017

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Enquanto o Vampire Weekend não lança músicas novas, o baterista Chris Tomson apresenta seu novo projeto solo como cantor, instrumentista e compositor, o Dams of the West (Foto: Divulgação)

Por Tiago de Moraes

Lançado no final do mês passado, Youngish American (30th Century/Columbia Records), disco de estreia do Dams of the West o projeto solo de Chris Tomson tem aquela vibe diferentona como qualquer coisa relacionada ao Vampire Weekend, grupo no qual Tomson é o baterista.

Aqui o artista mostra todo seu potencial, com músicas que lidam com o tédio dos primeiros 30 anos, as decepções, os romances, as incertezas e a constatação de que a juventude ficou para trás. A ideia surgiu após um momento de crise. Depois de anos em turnê com a banda, Tomson finalmente conseguiu passar mais tempo em casa e, pela primeira vez em anos, tinha espaço na agenda para dedicar-se a outras coisas.

Mesmo assim, o baterista do Vampire se viu ocioso, lutando contra suas inseguranças e com bloqueio de escritor. Depois de alguns meses, toda essa turbulência se transformou em música.

“Quando cheguei em casa, recém-casado e sentindo o auge dos meus 30 anos, eu tive uma ideia muito dispersa de quem eu era e o que deveria ser. Eu tinha escrito ‘músico’ nas declarações de imposto de renda por anos, mas naquele ponto ainda não tinha certeza se eu poderia me considerar realmente como um”, descreveu Chris em nota sobre o projeto. Death Wish — uma das melhores músicas do disco — abraça justamente essas indagações. (Assista o lyric video abaixo).

O músico toca praticamente todos os instrumentos nas 10 faixas do álbum gravado em Nashville. A produção ficou a cargo de Pat Carney, do The Black Keys. Youngish American é um registro intimista feito especialmente para os millennials, como também escancara as frustrações dessa geração.

Neste sentido, o single Tell the Truth encontra alguns desses dilemas da era da pós-verdade, expressão usada quando os fatos objetivos parecem ter menos importância do que crenças e opiniões pessoais. O videoclipe da música flerta com a bizarrice, misturando cortes rápidos, gravações tremidas e simbolismos Illuminati. (Confira abaixo).

São 37 minutos de experiência musical sem exageros, com composições inteligentes, provocativas, ao mesmo tempo que Tomson mantém certa vulnerabilidade, principalmente quando trata sobre relacionamentos. (Assista abaixo o clipe de The Inerrancy of You and Me, a terceira música de trabalho do LP, com direção de Emily Tomson, esposa do músico e compositor).

Contudo, uma sessão única basta. Não há nada forçado, grandiloquente ou viciante, o que não é necessariamente ruim — antes um material coerente do que uma correnteza de hits sem substância — e Chris parece ter se precavido para a barragem não romper logo no álbum de estreia. (Ouça o disco no player abaixo).

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Tiago de Moraes
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Jornalista e fundador de ZACHPOST. Músico, pesquisador e nerd vidrado em quadrinhos, design gráfico, cinema e rock.