MVP é coisa do passado a moda agora é MLP

Marco Bruno
CollabCode
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6 min readApr 15, 2016

Em 2011, fiz duas formações na Caelum: Formação Java e Formação Front-end. Nessa época eu trabalhava como Desenvolvedor VB/HMI na área industrial, enquanto procurava migrar para área de desenvolvimento web. Nesse mesmo período eu buscava fazer o curso de UX, mas não tinha instrutor para ele na época. :-(

Após finalizar as duas formações, eu consegui um vaga na Locaweb como Desenvolvedor Front-end, no time do site. Nesse período eu tive o prazer de ter como mentor o William Bruno (ele não é meu familiar). Lá na Locaweb tive a oportunidade de conhecer o time de UX e gostei bastante dos assuntos e trabalhos executados por este. Depois disso só fiquei estudando muito sobre o assunto.

Em 2014, comecei a trabalhar na Caelum como Desenvolvedor e Instrutor dos cursos de Front-end. Depois de 6 meses, resolvi ressuscitar o curso de UX, o que me fez colocar em prática o conhecimento que já tinha adquirido com o time de UX da Locaweb. É o que me fez, e continua fazendo, estudar cada vez mais sobre o assunto.

Por conta do curso de UX, recentemente, nas minhas buscas e leituras em blogs sobre o tema, caí em uns 3 posts falando sobre um tal de MLP, que é algo bem similar ao clássico MVP.

Por esse motivo é importante conhecer o que é MVP para facilitar o entendimento do MLP.

O que é MVP?

A sigla MVP significa Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável, em português. É o conjunto de funcionalidades mínimas de um produto, que juntas tornam possível colocá-lo produção.

Dessa forma, podemos testar se o produto tem propensão ao sucesso e, caso não tenha, nós não perdemos tempo desenvolvendo o produto inteiro para validar, gastamos pouco esforço no produto e, consequentemente, pouco dinheiro. Por outro lado, se o produto tiver propensão ao sucesso, já podemos ganhar dinheiro com ele apenas com as funcionalidade básicas, enquanto desenvolvemos as demais funcionalidades.

Eu gosto desse exemplo visual do que é um MVP:

Exemplo visual do MVP

Na ilustração acima nosso objetivo é construir um carro em quatro passos.

Na primeira proposta, nós começamos a desenvolver o carro por uma roda, até chegar ao carro completo. Desta forma só é possível entregar valor para o usuário no último passo.

Na segunda proposta, nós já entregamos valor para o usuário da primeira interação até a última. Mas a cada nova interação nós entregamos um produto diferente, ou seja esse não é um processo incremental em um mesmo produto.

Na terceira proposta, nós temos a presença do MVP. Também temos 4 passos e entregamos valor para o usuário a cada novo passo focado no mesmo produto. Nós desenvolvemos os seguintes produtos: um carro pequeno com lugares para duas pessoas com uma carroceria bem limitada; o mesmo carro do step anterior mas com um carroceria eficiente; um carro com cinco lugares e três portas e no último step um carro com cinco lugares, cinco portas, com para-lama e design bem bonito. De todos os passos o MVP é o carro mais simples mas que já é funcional para o cliente.

Se quiser ver mais exemplos de MVP, vale a pena dar uma olhada na discussão que rolou após esse tweet: https://twitter.com/marcobrunobr/status/722529000720044033

MVP já é uma boa ideia, para que esse negócio de MLP?

Está cada vez mais difícil criar um produto com uma ideia totalmente inovadora no mundo web ou no offline. Por outro lado, temos alguns produtos líderes de mercado com erros básicos de usabilidade e na comunicação com o usuário, e alguns desses produtos estão perdendo espaço para um produto pequeno que está desenvolvendo uma proposta mais Loveable (encantadora) e com as mesmas funcionalidades. No meu ponto de vista, esse foi o maior motivo para o nascimento da sigla MLP, que significa Minimum Loveable Product ou, em português, Produto Mínimo Encantador.

No post de MLP do Laurence McCahill, tem uma ótima explicação visual da diferença do MVP e MLP:

Qual você vai comer?

No exemplo visual acima nós temos dois bolos, o da esquerda foi criado com MVP e o da direita com MLP.

Com MVP, nós temos um bolo grande com todas as funcionalidades necessárias para um bolo ser saboroso, mas está faltando um pouco de sentimento por ser um bolo muito simples e sem cobertura. O bolo criado com MLP também é saboroso como o primeiro, em um porção bem menor, mas ele tem uma cobertura bonita e engraçada que deixa a comunicação do produto mais encantadora para o usuário.

O que é importante lembrar quando for definir seu MLP?

Agora que já sabemos o que é MVP e MLP, precisamos aprender como podemos colocar o conceito de MLP em prática, em um produto na web. Para isso, vou falar de 4 dicas que são importantes lembrar quando for definir seu MLP.

1 - Entenda o que deixa o seu usuário feliz

Se você estiver começando a montar o seu produto, assim que entender qual o problema que ele está disposto a resolver, conseguimos pensar em um protótipo de persona do usuário. Agora, se o seu produto já está mais maduro e você já tem muitos dados sobre seu usuário, é possível criar uma persona.

Com a persona ou proto-persona montada, precisamos analisar e levantar hipóteses do que deixa nosso usuário feliz. Com as hipóteses levantadas, precisamos definir uma comunicação e as funcionalidades que deixarão o usuário feliz.

2 - Quando e como seu usuário vai usar o seu produto

As pessoas são mutáveis, não é diferente com o usuário do seu produto.

As escolhas e comportamentos do usuário mudam dependendo do contexto, da cultura e da emoção.

Por exemplo, temos um usuário que está com fome, à caminho de casa, no metrô localizado em São Paulo, após um longo dia de trabalho. No metrô, ele resolve utilizar um aplicativo para pedir comida e entregar em sua casa. Entre duas estações ele fica sem internet e perde todos os itens que ele tinha selecionado.

Se pensarmos no mesmo usuário do metrô, durante suas férias, num domingo, em New York, e enfrentar o mesmo problema que teve no metrô de São Paulo, com o mesmo aplicativo, o comportamento dele vai mudar?

3 - Fale com seu usuário da forma que ele espera

Seu produto deve procurar a melhor comunicação com o usuário, entender qual o tom que ele espera do produto, tornar a comunicação dele mais simples e efetiva. Dessa forma, nós diminuímos a quantidade de interações e melhoramos a velocidade de navegação do usuário.

4 - Seja amigável nos piores momentos

Os usuários se incomodam quando um produto não funciona, seja ele na web ou offline. Se o usuário não souber o que acionou o erro e como ele pode ajudar a resolver, isso o deixará muito chateado. Essa não é uma boa forma do usuário lembrar do produto.

Procure sempre deixar o erro amigável para o seu usuário. Não é uma boa ideia mostrar um erro de 404 para o usuário do seu produto, a não ser se ele for um desenvolvedor.

Estou usando o MLP no projeto que estou fazendo com o designer Fabinho Gushiken e estamos colhendo bons frutos. :-)

Você já usou ou consegue imaginar se dá para usar MLP nos seus projetos?

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Marco Bruno
CollabCode

Migrei de palhaço para Dev. Front-End/UX e agora eu trabalho como streamer de código