A maior lição que a quarentena já me ensinou

Meia dúzia de palavras positivas em meio ao caos

Gabriella Lopes
Coloco em palavras
3 min readMay 18, 2020

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Nem o mais otimista dos seres é capaz de dizer que a quarentena é algo positivo em algum sentido. Mas acredito que seja possível extrair aprendizados a partir de momentos ruins. Absolutamente ninguém vai sair ileso a esse período, então que as transformações sofridas sejam agregadoras. Quem está interessado em se conhecer e se tornar uma pessoa melhor, tem no isolamento social uma oportunidade para olhar para dentro de si.

A todo momento recebemos uma enxurrada de informações apocalípticas mesmo que não estejamos procurando por ela. Ao abrir qualquer rede social automaticamente entramos em contato com notícias que talvez não precisemos saber porque em nada nos acrescenta. Não é fácil se blindar em tempos de internet.

Independente de quando consigamos controlar o quadro atual, já é sabido que os efeitos dessa pandemia vão ser sentidos durante muito tempo em todo o mundo. Algumas mudanças, principalmente as internas, se desdobrarão a longo prazo. Cada pessoa vai experienciar os processos à sua maneira. Mas a resignação é uma característica comum que nós, seres humanos, estamos aprendendo na marra diante desse cenário completamente novo.

Sobreviver à quarentena é um exercício diário de paciência, autoconhecimento e evolução pessoal. Em meio à montanha-russa de emoções, nem todo mundo consegue se manter produtivo ou esperançoso. E tá tudo bem. Não é um momento de cobrança, mas de abraçar tudo aquilo que nos faz bem. Aqui vai uma lista de bons hábitos que vêm me preenchendo ao longo dos dias. Quem sabe eles possam ser úteis para você você também…

  • Valorizar as pequenas coisas
  • Exercitar a empatia
  • Descobrir novos prazeres e retomar prazeres antigos
  • Encontrar motivação nas simples ações cotidianas
  • Estreitar laços com quem não está tão perto como gostaríamos
  • Viver um dia de cada vez

Viver um dia de cada vez

Separei um espaço especial para a minha maior lição pessoal da quarentena. Parece bobeira, mas para uma pessoa ansiosa é um ensinamento e tanto. Tão valioso que pretendo continuar aprimorando. Investir energia naquilo que estamos realizando no presente é verdadeiramente mais prazeroso do que confabular sobre o que ainda não aconteceu.

Em tempos normais, meu relógio biológico (ou mental) costuma operar pelo menos 24h a frente do tempo normal. Ainda que eu esteja atribulada no meu presente, o futuro sempre encontra uma brecha para me lembrar de sua existência e rouba a minha atenção do aqui e agora.

Desde meados de março, me vi obrigada a viver a única coisa sobre a qual temos certeza: o hoje. Afinal, a não ser que sejamos videntes, temos total ausência de conhecimento sobre o amanhã. Parece óbvio, mas a pessoa ansiosa acha — no seu íntimo — que tem algum controle sobre o que está por vir.

Talvez eu ainda esteja empregada, talvez não. Talvez eu ainda esteja saudável, talvez não. Talvez o dia seja mais azul, talvez não. Essas possibilidades parecem me causar menos impacto quando eu não posso controlar nem mesmo a minha liberdade de ir e vir. O reconhecimento dessa falta de controle é que me levou a começar a entender um pouco melhor sobre o que é viver um dia de cada vez.

Estamos convivendo com a convicção única de que isso vai passar, ainda que não tenhamos a mais vaga ideia de quando. Tudo o que quero realizar ao fim dessa quarentena ganha força e funciona como o alimento da minha esperança. Mesmo aos trancos e barrancos, prefiro me apegar ao que me traz algum afago para atravessar tempos difíceis.

E você, como está absorvendo esse isolamento social?

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