Coisas que aprendi no divã

Uma reflexão sobre os benefícios que a terapia me trouxe

Gabriella Lopes
Coloco em palavras
4 min readSep 17, 2020

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Setembro é o mês de prevenção ao suicídio e, não por acaso, tornam-se mais disseminados os conteúdos sobre saúde mental. Você já se perguntou como anda a sua? Esse é definitivamente um dos temas que precisam estar em voga por tempo indeterminado. E falar sobre isso num ano como 2020 se torna ainda mais fundamental, já que estamos vivendo um momento completamente novo e angustiante em função da pandemia. Por isso, vou aproveitar a ocasião para dividir um pouco sobre a minha experiência com a terapia na intenção de, quem sabe, ajudar a alguém.

Estudei um pouco sobre Freud durante a faculdade de Comunicação Social e me encantei. Aprender um pouco mais sobre a mente humana foi enriquecedor e bastante estimulante. Mas à aquela altura eu nunca havia sentado num divã, ainda que grande parte da família já frequentasse e incentivasse. Entrei para a terapia na marra em meio a um pico de ansiedade e posso falar com propriedade que essa não é a melhor maneira de começar. Portanto, se você está inclinado encontrar um terapeuta, não procrastine.

Uma pesquisa realizada em 2016 pelo instituto Market Analysis revelou que apenas 2% dos adultos dos principais centros urbanos brasileiros faziam psicoterapia. Este era o mesmo resultado verificado em 2002, quando a primeira medição havia sido realizada. Contudo, 30% dos entrevistados admitiu alto interesse ingressar na terapia. Entre as barreiras mais citadas pelo quorum estavam as condições financeiras e o mito de que somente quem tem problemas muito graves precisa investir nas consultas.

Frequentar um psicólogo particular ou por meio de um plano de saúde ainda é privilégio de poucos num país como o Brasil, mas já existem locais que oferecem atendimento psicológico gratuito ou a preço popular. Além da barreira financeira, o preconceito colabora para fortalecer a ideia de que a terapia só se faz necessária para quem tem grandes problemas a tratar. Esse equívoco faz com que muitas pessoas nunca procurem um especialista ou busquem apenas quando estão num estado emocional crítico. É claro que a motivação para começar precisa vir de dentro para fora, mas se informar mais sobre o assunto também é importante.

Fazer terapia é um ato de coragem e de amor próprio. Não é fácil entrar em contato com as próprias inquietudes, principalmente aquelas que ficam guardadas num baú para não trazer à tona gatilhos negativos. Pode ser dolorido e incômodo mas, quando os primeiros passos são dados, o aprendizado tende a ser recompensador. Mas é preciso ter em mente que a terapia é um PROCESSO. Essa é a palavra. Assim como quando nos matriculamos em uma academia, os resultados não surgem da noite para o dia. Paciência, gafanhoto!

Para dar um empurrãozinho, resolvi fazer uma lista de ganhos que se pode ter ao fazer terapia.

Se olhar de fora

É comum que apenas o fator de falar em voz alta durante a sessão de terapia já faça com que a gente enxergue nossas questões por outro ângulo. Outros mecanismos usados pelos profissionais também nos levam a fazer este exercício, um deles é escrever.

Entender o real tamanho dos problemas

Às vezes enxergamos nossos problemas de maneira turva e nos equivocamos com o investimento de energia que colocamos neles. Entender o real tamanho das nossas inquietudes é fundamental para contorná-las.

Encontrar respostas

Na terapia somos direcionados a encontrar as respostas que precisamos. Algumas estão nítidas e palpáveis, outras nas profundezas de nós mesmos.

Reconhecer as próprias qualidades

Na correria do dia a dia às vezes esquecemos das nossas próprias virtudes e a terapia ajuda jogar luz sobre elas.

Saber os próprios limites

Aprender a identificar as próprias limitações mentais faz com que saibamos exatamente até onde podemos ir.

Lidar com as emoções

Todo mundo já tomou atitudes por impulso em algum momento da vida. O maldito “calor do momento” às vezes faz com que a gente meta os pés pelas mãos. Ao aprender estratégias para lidar melhor com nossas próprias emoções, aumentamos as chances de nos tornarmos mais conscientes de nós mesmos.

Ressignificar sentimentos

Às vezes carregamos sentimentos que, sem análise, se tornam nocivos. A terapia pode ajudar a encontrar caminhos para torná-los ao menos mais tragáveis.

Criar relações saudáveis

Quando nos conhecemos melhor, ficamos mais predispostos a criarmos conexões saudáveis com aqueles que nos cercam.

Favorecer o autoconhecimento

Todos os tópicos anteriores integram importantes estímulos ao autoconhecimento. Olhar para dentro de si é a chave.

Evoluir

Cada pessoa que coabita este mundo está trilhando o seu próprio processo de evolução e, por meio da terapia, é possível dar um gás nele.

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