Economize dinheiro, não elogios

Gabriella Lopes
Coloco em palavras
Published in
2 min readJul 9, 2020
Foto: Reprodução Instagram/ @umcartao

Fiz um elogio e sorri. O bem que fazemos a alguém ecoa no nosso próprio estado de espírito. Parece evidente mas, acredite você ou não, a lei do retorno é certeira. As palavras ou atitudes que escolhemos refletem um pouco dos nossos valores e das nossas percepções sobre o mundo. A correria do dia a dia às vezes acaba por deixar o nosso olhar viciado e pode fazer com que a gente invista mais tempo em reclamações ou críticas. Mas com pouco esforço é possível encontrar espaço para os elogios.

Por definição, elogio é um comentário ou observação favorável normalmente usado para evidenciar os aspectos positivos de algo ou alguém. São como um impulso que vem de dentro, de maneira leve e quase instantânea. É reconhecer no outro uma qualidade e sentir a necessidade de expor. Elogiar diz muito sobre que tipo de energia escolhemos espalhar por aí.

Elogiar é diferente de bajular ou puxar saco, faz parte da vulnerabilidade das demonstrações de afeto. Essa habilidade social não é fácil para todo mundo mas, quando executada, traz benefícios tanto para quem faz quanto para quem recebe. Perceber e a apreciar o outro parece ser uma tarefa em extinção nos últimos tempos. As pessoas parecem ocupadas demais para serem capazes de tirar o foco de si mesmas.

Jogar luz sobre as características do outro é uma maneira de fazê-lo se sentir especial e reconhecer suas próprias virtudes, principalmente se elas forem subjetivas. A admiração está entre os sentimentos mais bonitos que se pode sentir por alguém. Admiramos quem nos inspira de alguma maneira. De acordo com Aristóteles, foi a admiração que impulsionou os primeiros filósofos a pensar e, para Descartes, ela é a primeira de todas as paixões.

“Quando o primeiro contato com algum objeto nos surpreende, e quando nós o julgamos novo, ou muito diferente do que até então conhecíamos ou do que supúnhamos que deveria ser, isso nos leva a admirá-lo e ao nos espantarmos com ele; e como isso pode acontecer antes de sabermos de algum modo se esse objeto nos é conveniente ou não, parece que a admiração é a primeira de todas as paixões; e ela não tem contrário, porquanto, se o objeto que se apresenta nada tem em si que nos surpreenda, não somos de maneira nenhuma afetados por ele e nós o consideramos sem paixão”, René Descartes.

As palavras que usamos podem mudar a forma como nos sentimos e como fazemos o outro se sentir. Elogiar é um hábito que preenche e o melhor é que não tem contra-indicação. Quanto mais praticamos, mais aprendemos e nos surpreendemos com seus impactos. Elogios desarmam. A partir deles podemos melhorar o dia de alguém, além de estabelecer conexões verdadeiras. Que tal começar agora?

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