Ninguém sai ileso de ninguém

Toma essa verdade gratuita. Li essa frase há algum tempo e me sinto constantemente impactada por ela. Às vezes me pego no meio dos meus devaneios pensando sobre as tantas influências alheias que vivem pungentes dentro de mim. Vozes, hábitos, gostos e crenças de pessoas que — muitas vezes — sequer estão na minha vida no momento presente.

O que sou hoje é uma mistura da criação e das experiências que tive somadas ao resultado das minhas relações interpessoais. A verdade é que, todos aqueles que por aqui se fizeram marcantes, causaram algum tipo de efeito construtivo ou destrutivo que absorvi por osmose. Ou será que foi porque me permiti absorver?

Escolhi tentar me livrar das heranças ruins (mas não é fácil) e achei por bem guardar o que há de valioso. Sentimentos, aprendizados, conselhos e até as coisas mais banais. Percebo-os na vontade de comer algo que antes não fazia parte do meu cardápio, na simpatia por um time de futebol que não é o meu ou na idolatria por uma banda que não é do meu gênero musical preferido.

Fecho meus olhos e posso me lembrar com clareza de onde surgiram todas as influências e de que modo foram incorporadas no meu dia a dia. Até o livro que estou lendo hoje é parte desse todo. O gosto pela mitologia grega veio das aulas de filosofia da faculdade ministradas por um professor que me fazia sentir na Grécia. Obrigada por isso, Remo.

Identificar essas características é fazer uma ponte com o passado e ser sensível o bastante para ser grata por ter topado com tanta gente especial nessa vida. É estar aberto para se deixar afetar como um filtro, não como uma esponja. Como entusiasta da psicologia (que deve explicar tudo isso) e da vida, sei o quanto devemos prestar atenção nas nossas relações para podermos aprender uns com os outros.

Tem pessoas que ficam e pessoas que vão. Mas que aquelas que por aqui pararem, por um momento ou dois, continuem causando efeitos sobre mim. E que eu sempre deixe algo bom em quem cruzar o meu caminho. Amém.