Meninas Não Choram traz a visão alemã da adolescência

Crítica

Nanda Vieira
nanda.art.br
4 min readApr 27, 2021

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“Meninas Não Choram” deve ser o filme que mais tempo ficou na minha lista de títulos a serem assistidos. Durante muitos anos eu procurei por ele, sem sucesso. Streamings, DVD, torrent, nunca encontrava. Até que, finalmente, a busca acabou! Graças ao Just Watch, consegui assistir no Netflix da Alemanha.

Eu já nem me lembro mais quem indicou ou se vi em alguma lista por blogs aí pela internet. Mas, independente disto, eu gostei do filme e vou explicar mais a frente o porquê.

Visto que o filme é de 2002, a gente tem uma fotografia bastante condizente com a época e com o tom que a diretora Maria von Heland estabelece. A historia é bastante centrada nos obstáculos que ambas as meninas têm em sua vida como adolescentes e portanto, a atmosfera é um pouco sombria e de tensão.

Cenas escuras, paleta de cores baseada em pretos, marrons e amarelos que nos remetem ao sujo, ao underground e ao suspense. Muito do preto é proveniente das sombras e das cenas noturnas protagonizadas por Kati e Steffi.

O filme se dá em Berlim e, dessa forma, temos alguns momentos solares. Principalmente durante o dia. É curioso como isto vai ao contrário da ideia que tenho da cidade, de ser um lugar meio cinza. Talvez este “pré-conceito” venha dos tantos filmes sobre a segunda guerra que já assisti.

Embora o filme tenha esta tensão, existem momentos de alivio e que, na minha opinião, são os pontos altos da trama: a amizade de Kati e Steffi. Sempre que estão juntas, as cenas são mais bonitas, ao ar livre e são carinhosas entre elas.

Por outro lado, a medida que o plano de vingança de Steffi vai tomando maiores proporções, as cenas tendem a ficar menos iluminadas e menos solares. Nesse sentido, fica mais evidente as disparidades de personalidades entre elas. Enquanto Kati demonstra ser mais afetiva, autoconsciente e calorosa; Steffi é fria e insensível.

Acredito que para a compreensão da personalidade de ambas as meninas, torna-se relevante o aspecto familiar que elas tem. Assim também conseguimos entender porquê Kati permanece ao lado de Steffi mesmo diante de todos os acontecimentos. Em diversas situações, tive muita raiva dela e não conseguia entender porque Kati não se afastava de Steffi definitivamente.

Quero ressaltar também que este filme foi o primeiro da carreira de Anna Maria Mühe (Kati) e apenas o terceiro de Karoline Herfurth. Aliás, ela é quem conseguiu mais trabalhos fora da Alemanha, tendo atuado em Paixão, O Leitor e Perfume: A História de um Assassino.
Elas desempenham seus papéis muito bem, conseguindo provocar nossas emoções, desafiando nossos sentimentos. As meninas conseguem, não apenas com diálogos mas também com gestos e olhares, nos causar angústia, tristeza, aflição e até mesmo alegrias.

Em resumo, é um bom filme e pra quem já foi adolescente, com toda a certeza irá entender os sentimentos dessas garotas. É uma época de muita vivencia, de experimentação e de desafios.

Se você gostou da temática das amigas adolescentes, um título bem semelhante é “Aos Treze”. Igualmente produzido na mesma época, em 2003, o americano aborda assuntos semelhantes e tem tanto impacto quanto “Meninas Não Choram”.

Assim como “Aos Treze” e “Meninas Não Choram”, “Respire” é dirigido por uma mulher. Mélanie Laurent (a Shosanna de “Bastardos Inglórios”) dirige esse coming of age super angustiante, de dar nó na garganta e de nos levar às lágrimas de tanta aflição. Recomendo muito! É um filme bem mais sensível do que os outros dois.

Por fim, agradeço muito obrigada por sua leitura, espero que tenham gostado da dica!
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Nanda Vieira
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Criativa, apaixonada por cores, cinema, música e tudo mais relacionado a essa maravilhosa combinação! 🌈🎬🎵