Sem Ressentimentos é surpreendente!
Antes de tudo eu já vou assumir que adorei esse filme! 😍
É um drama + romance LGBT sobre iranianos de produção alemã. Diferente, né? Dos filmes da Mostra de Cinema 2020, “Sem Ressentimentos” foi um dos que mais me surpreendeu. Até porque, confesso que não esperava nada. Além do mais, o filme é semi autobiográfico. Infelizmente, não encontrei muita informação sobre a vida do diretor para que pudesse detalhar mais para vocês, porém, o filme traz inserções de imagens documentais dele enquanto criança. É interessante.
CORES E FOTOGRAFIA
As cores são em tons de natureza, até porque existe uma analogia com plantas e a relação dos rapazes. Meio bobinho, mas fofo, vai..
A fotografia é belíssima, composta de closes e muita composição de cena que aproxima e afasta os atores. Além disso, temos também uma câmera dinâmica nas cenas de intimidade deles, o que é bastante interessante pois nos imerge na cena. Provavelmente o que me provocou uma certa contemplação nessas cenas.
ALÉM DAS CORES
As cenas mais bonitas estão a cargo das que Amon e Parvis têm relações sexuais e estão se aproximando intimamente. Não há nada de vulgar, muito pelo contrário, é tudo delicado, envolto em paixão e carinho. Eles são lindos juntos e há muito sentimento cercando o ambiente.
As roupas modernas de Parvis e sua casa altamente moderna nos informam não só sua posição social, como também que ele está totalmente ambientado e confortável na Alemanha. Entretanto, não está livre do preconceito e notamos isso numa cena onde se relaciona com um alemão. Mas o melhor de tudo é o fato de ele não se vitimizar e dar uma resposta a altura, nos mostrando que ele se sente bem a vontade com sua realidade e sobretudo seguro de quem é.
Por outro lado, ele sofre preconceito também daqueles que são iranianos e que de alguma forma deveriam tê-lo como uma forma de inspiração e superação. Em vez disso, a comunidade do abrigo faz piada com seu sotaque e o hostilizam alegando que ele não é salvador de ninguém.
Mas se nada até agora abateu a confiança de Parvis, podemos afirmar que Amon será sua kriptonita. Em outras palavras, quero dizer que ele é quem fará o garoto se questionar quanto ao seu lugar no mundo.
A partir daqui, “Sem Ressentimentos” perde um pouco de sua intensidade e vemos diversas cenas mais longas que mais parecem um videoclipe. É legal? Sim. Ficou bonito? Sim. Mas eu não vi porquê seguir por esse caminho diante de uma história tão interessante e com tanto a ser explorado.
FILMES RELACIONADOS
Se você gostou da ideia do filme, de misturar o tema LGBT central com outros culturais e sociais, assista “Para Além da Fronteira”, disponível no Looke e na Amazon Prime Video.
Porém, se você quiser ver conflitos culturais, com LGBT como subtema, não deixe de conferir “O Confeiteiro”, disponível no Telecine, no Youtube e tem crítica aqui.
Em resumo, eu recomendo que você deixe o romance desses rapazes no seu radar.
“Sem Ressentimentos” não se resume a isso, traz camadas, traz uma reflexão sobre pertencimento e sobre a questão da imigração europeia. Vale a pena!