A Inevitável Reformulação do Futebol
por Leonardo Sevilhano
Muitos são os debates que envolvem o esporte de maior reconhecimento do planeta: o futebol. Dentre eles, qual seria o grande momento do esporte? Aliás, quais seriam seus grandes personagens? A resposta óbvia seria Pelé, afinal, o rei do futebol merece seu reconhecimento pelos feitos dentro das quatro linhas.
Mas nos últimos anos, seria mesmo o gol ou o goleador tal figura? O maestro, camisa 10 que carrega a faixa no braço? Que nada, o verdadeiro símbolo do futebol são os goleiros! Sim, meus caros, os desvalorizados guardardes. E digo mais, o futuro do esporte passa pelas mãos deles — coincidentemente.
Pense bem, são os goleiros quem tem a melhor visão do jogo. Líderes natos, quase como um treinador dentro de campo. Por muitas vezes são encarregados da faixa de capitão. Em grande maioria, são eles quem possuem a maior minutagem nos campeonatos. Alguns até mesmo proporcionam gols inesquecíveis em cobranças de falta!
Fora de campo, o arqueiro possui os requisitos para tornarem se excelentes treinadores. Veja os exemplos de Emerson Leão (seis vezes campeão brasileiro como técnico), Geninho (campeão brasileiro comandando o Athletico Paranaense e paulista com o Corinthians), Gilmar Dal Pozzo (campeão da Série C com o Náutico), Michel Preudhomme (o ex-goleiro belga acumula títulos pelo Standard Liège, Twente, Al Shabab e Brugge).
Por fim, o maior goleiro de todos os tempos, Rogério Ceni. Parcialidade e idolatria a parte, Ceni já parece ter se firmado como um treinador de ponta no cenário nacional. Acumulando grandes resultados pelo Fortaleza com os títulos da Série B, Campeonato Cearense e Copa do Nordeste em apenas 3 anos no comando da equipe.
Mas, além disso, o ex-goleiro artilheiro concretizou um padrão de jogo ofensivo, muito amado pelos brasileiros. Porém, pouco visto pelos profissionais do país.
É claro que o aproveitamento dos goleiros como treinadores não se vale unanime. E evidente que não somente os arqueiros são candidatos a excelentes profissionais no banco de reservas e para gestão de um grupo. Devem ser considerados, além da posição ou carreira, o estudo.
O futuro do futebol está muito além das quatro linhas. Ele precisa se reinventar olhando para frente. Organização, planejamento, identidade ofensiva e, principalmente, uma filosofia estruturada.
Do contrário, continuaremos com treinadores na berlinda a cada 4 jogos, com um time principal desconectado da base/formação de novos talentos e com um campeonato dominado pelo investimento em atletas/treinadores consagrados no passado.