mantra dos desiludidos
what doesn’t kill you makes you stronger, right?
sempre disseram que o que não me mata, me fortalece. autoajuda é uma droga pesada para os desiludidos.
não há no mundo o que não me mate. o que não te mata não existe, esse deveria ser o mantra. se até o oxigênio, responsável pelo milagre da vida desde o suspiro que abre os pulmões, de tamanha ferocidade que nos faz chorar pela primeira vez, é também uma grande ampulheta causa mortis. respiramos em média 22 mil vezes por dia. e a cada uma delas, o que nos mata é exatamente o que nos mantém vivos. de tirar o fôlego deveria ser o auge dos elogios. e não tem saída, não por mais de dois minutos, a menos que tu seja recordista profissional em mergulho. caso contrário, somos programados pra desligar depois de algum tempo na falta de oxigênio e, assim, voltamos a respirar. desmaio é mecanismo de defesa. apneia é resistência.
todos os dias, morremos um pouquinho mais por realizar funções vitais. e o peso de cada uma de nossas escolhas, combinado a uma multiplicidade de fatores, determinam a dimensão desse pouquinho que se perde.
viver e morrer são essencialmente a mesma coisa. e quem não tem medo da morte? o problema é que o medo de morrer também é medo de viver. e esse medo te paralisa. vira uma pedra enorme no caminho, que dói tanto quanto pedras nos rins.
a dualidade é essencial, mesmo que seja mortal. a fatalidade também é dual. quantos recomeços disfarçados de fim acumulamos até aqui?