Os 7 de Chicago | A dramatização de um evento real da história estadunidense
Cinebiografia leva julgamento que movimentou os EUA para as telinhas
Demorou uma década, mas após sofrer com a greve dos roteiristas de Hollywood e passar por trocas na direção Os 7 de Chicago enfim chegou à Netflix. O longa, que retrata o julgamento dos líderes do protesto que aconteceu durante a Convenção Democrata de 1968, estreia sob direção de Aaron Sorkin e conta com um elenco para lá de estrelado, se dispondo a lembrar o público do papel essencial da democracia.
Os 7 de Chicago leva o espectador para 1968, ano em que diferentes grupos se reuniram para protestar contra a Guerra do Vietnã. O movimento se instalou nas ruas de Chicago, onde também acontecia a Convenção Democrata — evento que anunciou a candidatura de Hubert Humphrey à presidência. O protesto saiu do controle, gerou tumulto e alguém tinha que pagar por isso. A decisão do governo foi acusar um grupo de pessoas de conspiração e formação de quadrilha em um julgamento que entrou para a história do país.
Por conta da grande cobertura da imprensa mundial, o movimento recebeu o slogan The whole world is watching (O mundo inteiro está assistindo). Em seu segundo longa como diretor, Aaron Sorkin trabalha a narrativa para que o filme seja realmente entendido e sentido por espectadores do mundo inteiro. O diretor manipula a ambientação do filme, tornando Os 7 de Chicago uma experiência imersiva e até mesmo similar a época conturbada em que foi lançado.
Apesar de ser baseado na história real e flertar com o livro Chicago 68’ de David Farber, o roteiro original de Sorkin não é completamente fiel aos acontecimentos, promovendo a descaracterização de alguns personagens. Entretanto, algumas mudanças ajudam a compor a montagem do longa, como é o caso de Abbie Hoffman, interpretado por Sasha Baron Cohen, mais conhecido por Borat.
Uma vez que os personagens são apresentados, a trama avança até o julgamento, alternando entre cada um dos eventos que levou os oito réus até lá. O filme retoma o ritmo que marcou a direção de Sorkin em A Rede Social, drama de tribunal que também usa flashbacks para sua construção. Além de seguir a história com diálogos fluidos e cativantes, essa escolha abriu espaço para que o elenco de peso se destacasse, desenvolvendo ainda mais seus personagens à medida que suas diferenças eram abordadas.
O grande destaque de atuação fica para a dupla Yahya Abdul-Mateen II e Frank Langella, que interpretam Bobby Seale e Julius Hoffman respectivamente. Yahya dá vida ao co-fundador do Partido dos Panteras Negras e embora não tenha participação tão direta como a dos outros personagens, a presença que o ator impõe é essencial para o longa.
Apesar da recepção bastante dividida entre os críticos, alguns exaltando a importância do lançamento e outros não economizando nas críticas à direção, Os 7 de Chicago cumpre o que propõe ao provocar indignação e reflexão. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e deve se popularizar nas próximas semanas.