Veredito: (Meus) 10 melhores filmes de 2019

Adam William
Adam William
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9 min readDec 30, 2019

2019 foi, realmente, um ótimo ano para o cinema e por isso mesmo foi tão simples preencher uma lista de melhores do ano quanto foi complexo cortar a lista no décimo lugar. E mesmo assim, a pluralidade de obras nacionais e internacionais que tivemos nos últimos doze meses foi maravilhosa, algo que me deixou impressionado ao constatar a variedade de obras que figuram entre meus favoritos do ano… E por sua vez, também me fizeram perder o sono ao ter que deixar alguns filmes emblemáticos de fora, como Rocketman (Dexter Fletcher), Dois Papas (Fernando Meirelles) e até mesmo O Irlandês, a mais recente obra de Scorsese. Coringa (Todd Phillips) e Nós (Jordan Peele) também valem a citação como menções honrosas, já que até poucos dias atrás figuraram entre os 10 mais de 2019.

Dois últimos adendos antes de começar a lista de fato: Primeiro, foram consideradas as obras que assisti no ano de 2019 e que foram produzidas no ano de 2019, portanto muitos filmes que figuraram no Oscar, mas cujo ano de produção foi 2018, não entraram no ranking, como por exemplo A Favorita e Homem-Aranha no Aranhaverso (estes ficaram nos melhores de 2018). E segundo, é uma lista exclusivamente pessoal e por isso, não adianta xingar, reclamar, ameaçar, etc, o máximo que vocês podem fazer é comentar aí sua própria opinião (com respeito) e montar sua própria lista. Aliás, sinta-se à vontade pra isso.

Enfim, vamos lá!

10. História de um Casamento, de Noah Baumbach

História de um Casamento surge no final de 2019 para presentear o público com uma bela história sobre amor. Não é um filme de romance, mas ainda assim, sobre o amor. E não aquele amor romântico que todos sonham em viver, mas oferecendo outra perspectiva sobre ele: mostrando um casamento de anos que chega ao fim e os impactos disso na vida de um casal que, essencialmente, ainda se ama, mas não conseguem mais continuar juntos. É uma obra madura, dolorosa, reflexiva, por vezes até engraçada(!) e, enquanto cinema, um deleite. O destaque vai para o impecável Adam Driver e sua atuação sincera e cheia de nuances. A direção de Baumbach, que cria planos extremamente significativos e a maravilhosa interpretação de Scarlett Johansson — possivelmente a melhor de sua carreira — elevam o filme de modo que ele com certeza irá marcar seu público de maneira bastante pessoal.

9. Honeyland, de Ljubomir Stefanov eTamara Kotevska

Aqui temos um caso interessante de quebra de expectativa: durante a Mostra de Cinema de 2019, sabendo que Honeyland figurava entre os candidatos a uma vaga no Oscar de Filme Internacional, sequer me passou pela cabeça que eu iria me deparar com um documentário. Surpreso, me deixei levar pela história da abelheira Hatidzhe no que provavelmente foi o filme que mais me tocou este ano. O filme narra os dias solitários de Hatidzhe e sua mãe enquanto a primeira cuida das abelhas e sobrevive com a venda do mel até que a chegada de novos vizinhos muda completamente sua rotina. Ao dialogar — bastante — com a realidade atual ao debater assuntos como o respeito ao meio-ambiente e empatia, além de trazer uma narrativa tão agradável e tocante, Honeyland se mostra um dos destaques do ano e um forte concorrente nas premiações que estão por vir.

Mais sobre Honeyland aqui.

8. Era Uma Vez… em Hollywood, de Quentin Tarantino

Poderia facilmente citar quatro motivos para Era Uma Vez… em Hollywood integrar qualquer lista de melhores do ano: DiCaprio, Robbie, Pitt e Tarantino. Mas vamos lá: um dos grandes diretores da atualidade reúne um elenco de peso para falar sobre a Hollywood em uma época emblemática: os anos 60–1969, mais precisamente –, se propondo não apenas a explorar a história do lugar como também reescrevê-la e criar, para si, um pequeno e belo mundinho que gira em torno da mais belíssima Sharon Tate, mais que bem interpretada pela não menos bela Margot Robbie. Assistir Hollywood pelos olhos de um apaixonado Quentin Tarantino é uma experiência maravilhosa para qualquer amante do cinema e que fazem seus 162 minutos passarem voando. E ainda deixando aquele gostinho de quero mais…

Mais sobre Era Uma Vez… em Hollywood aqui.

7. Frozen II, de Chris Buck e Jennifer Lee

Que Frozen foi um marco para as animações lá em 2013, não há dúvidas. Amando ou odiando Elsa, Olaf ou mesmo a grudenta canção Let It Go, é inegável que a obra foi um dos grandes filmes do estúdio e que reavivou um pouco do brilho clássico relacionado à Disney. Não é tão surpreendente assim, portanto, que Frozen II surja como um dos grandes filmes do ano, trazendo a rainha do gelo, sua irmã Anna, Olaf e Kristoff numa aventura que volta suas atenções à mitologia da obra, envolvendo a origem da magia de Arendelle e dos poderes de Elsa. Não apenas isso, a continuação aproveita a oportunidade para desenvolver seus personagens e entrega como resultado um filme maduro que deve agradar as crianças, mas também os fãs do original.

Frozen II estréia dia 2 de janeiro. Mais sobre ele aqui.

6. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho

“Se for, vá na paz”. Com certeza uma das obras mais impactantes do ano, o nacional Bacurau fez barulho mundo afora após sua participação em Cannes, chegando a ser um forte candidato brasileiro ao Oscar 2020, posto que foi conquistado por A Vida Invisível. O filme de Kleber Mendonça Filho, entretanto, ainda se faz presente como uma das obras mais deliciosas de assistir em 2019, que sobrevive para além do teor político que traz consigo, pois enquanto cinema é um filme que brinca e mescla diversos gêneros para construir-se como algo próprio, um faroeste com ficção-científica distópico, que traz uma sensação de nostalgia como se nós fossemos parte de Bacurau. E por sua vez, Bacurau também fosse parte de nós. Prometendo crescer a cada revisita que fazemos ao filme, Bacurau é daqueles filmes que torna impossível permanecer indiferente após assisti-lo e com certeza é um dos filmes mais marcantes do ano.

5. A Vida Invisível, de Karim Aïnouz

Baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, a obra de Karim Aïnouz que pleiteou por uma vaga no Oscar — e infelizmente já está de fora da competição — e que se descreve como “um melodrama tropical” é um dos filmes mais atuais que tivemos em 2019. Isso seria um fator qualquer se a obra não se passasse por volta dos anos 50! A trama das duas irmãs em uma época onde o destino da mulher era regido completamente pelos homens a seu redor — o pai, marido, o colega de trabalho — surge com um timing preciso, quando discussões sobre o feminismo e o papel das mulheres são extremamente essenciais. Por sua vez, a obra também se posiciona com louvor como um grito de resistência, em uma época que o cinema brasileiro é ameaçado, A Vida Invisível é uma obra que torna-se necessária e, futuramente, ao lado de Bacurau e tantos outros, serão um retrato de nosso momento atual. O destaque para a obra, entretanto, não se dá apenas por tal motivo, mas também para a maravilhosa fotografia de Hélène Louvart e, claro pela exímia atuação da dupla principal, composta por Carol Duarte e Julia Stockler, precisas em cada olhar, cada gesto. Aliás, Fernanda Montenegro também está no filme, mas acho que não preciso caçar adjetivos para descrever a presença desta rainha em cena, né?

4. O Farol, de Robert Eggers

Robert Eggers é um diretor que cativou minha atenção em 2015, com seu longa de estréia A Bruxa. O retrato de uma família extremamente religiosa no século 17 que acusa uma das filhas de bruxaria resultou em um filme agoniante, mas complexo, que não me agradou na primeira vez e na segunda tornou-se meu terror favorito da década. Assim, já aguardava com boas expectativas o novo longa do diretor, O Farol que traria Willem Dafoe e Robert Pattinson como protagonistas. Pois a excelência de Eggers se encontrou com a excelência de Dafoe e Pattinson — que deixa para trás qualquer papel de sua carreira ao entregar, aqui, sua melhor interpretação até então — para criar uma das experiências mais intrigantes que o cinema pode proporcionar. Uma viagem de loucura pela mente da solitária dupla de faroleiros, Eggers pega seu público pelo pescoço e o prende em uma obra tão provocante quanto claustrofóbica, embalada por uma belíssima fotografia em preto e branco e um texto que promete deixar muita gente incomodada por um bom tempo após os créditos finais…

O Farol estréia dia 2 de janeiro.

3. Ford v Ferrari, de James Mangold

Alguns filmes são excelentes em um nível que o espectador sai do cinema embalado por uma sensação de êxtase, tamanha a experiência que ele oferece. Surpreendentemente, isso ocorreu após a sessão de Ford v Ferrari, um filme tão bom de assistir quanto surpreendente pela forma arrebatadora de contar-se uma história. James Mangold mostra-se como um grande diretor ao contar a história de Carroll Shelby e Ken Miles, respectivamente interpretados por Matt Damon e Christian Bale, responsáveis por construir um carro da Ford que fosse capaz de superar o Ferrari nas “24 horas de Le Mans”, famosa corrida automobilística. A adrenalina da competição somada à carga pessoal da história — muito bem interpretada pela dupla Damon e Bale, sensacionais — resultam em um dos filmes mais envolventes do ano. Tudo isso pontuado por uma trilha sonora composta por Marco Beltrami e Buck Sanders que dá ainda mais emoção a coisa toda.

Aqui cheguei a um impasse que até hoje não consegui resolver de fato. Duas obras me cativaram acima das outras este ano. Uma, por eu de fato encará-lo como o melhor filme de 2019. A outra, não apenas por seus grandes méritos enquanto cinema, mas também pelo apelo emocional que a obra tem para mim e, por sua vez, é a minha favorita do ano. Portanto, segue o “empate técnico” abaixo…

Parasita, de Bong Joon-ho

Tal qual seu nome sugere, Parasita é quase um ser vivo que uma vez na mente do espectador, permanece lá, se alimentando de pensamentos e ficando mais forte, pois é simplesmente impossível tirar a obra de Bong Joon-ho da cabeça. A obra ganhadora do Palma de Ouro em Cannes é uma das mais interessantes dos últimos anos e praticamente exige que o espectador retorne a ela posteriormente para apreciar ainda mais todas as suas viradas. Trajada de comédia, mas com uma crítica social intrínseca em seu texto, Joon-ho conduz o espectador por seu conto e, em um estalo, inverte todo o tabuleiro para surpreender e transformar a segunda metade da obra em um filme completamente distinto, mas tão intrigante quanto a metade inicial. E que, por sinal, transcende culturas, já que é possível se identificar com aquele cenário em qualquer lugar do mundo e questiona, quem de fato são “parasitas” na sociedade…

Mais sobre Parasita aqui.

Vingadores: Ultimato, de Joe e Anthony Russo

Eis, enfim, o final da saga que definiu a última década. Vingadores: Ultimato não é realmente o melhor filme do estúdio, tampouco melhor que seu antecessor Guerra Infinita. Mas isso não lhe diminui ou tira os méritos do que ele é de fato: uma ode ao que a Marvel Studios construiu durante 10 anos, o esperado clímax para uma saga que perdurou pela década interligando filmes diferentes e que, ao final, costuraram uma única história. Suas quase quatro horas trazem referências, conclusões, surpresas, emoções e uma aguardada batalha final de quase uma hora inteira e que fez bonito perante outros momentos grandiosos no cinema. É o Avante, Vingadores que todo leitor de quadrinhos sempre quis. É o resultado da excelência que a Marvel empregou não apenas no desfecho, mas na jornada contada. E por sua vez, a essência do cinema não é contar histórias? Por essas e outras, Vingadores: Ultimato é minha obra favorita de 2019.

Mais sobre Vingadores: Ultimato aqui.

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